Oferecimento:
NDCs são metas climáticas para conter o aquecimento global (Getty Images)
Plataforma de conteúdo
Publicado em 18 de novembro de 2025 às 01h58.
Conhecidas como Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês), as metas climáticas formam a base do Acordo de Paris, que busca limitar o aumento da temperatura global a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais.
Os países apresentam ações e fazem o acompanhamento da implementação das metas. Também existe um fundo para apoiar países em desenvolvimento. Desde a assinatura do acordo em 2015, as NDCs são atualizadas a cada cinco anos, tornando-se progressivamente mais ambiciosas.
Para a COP30, a rodada atual de contribuições são chamadas NDCs 3.0. As novas propostas apresentadas são para ampliar o uso de energias renováveis, reduzir a dependência de combustíveis fósseis e estimular reflorestamento e desmatamento zero.
“As primeiras NDCs eram mais genéricas, em relação a setores inteiros. E agora são mais concretas, mais claras. Uma coisa importante e, de alguma forma, frustrante das NDCs 3.0, é que tinha-se a expectativa de que elas fossem muito mais ambiciosas e decepcionaram porque não entregaram o que era esperado. Estamos na terceira rodada de NDCs e a gente precisa começar a revisar para conseguir chegar de fato no Net Zero (emissões líquidas zero até 2050), que ainda está longe", alerta Isabela Morbach, diretora da CCS Brasil.
Divulgado em outubro, o relatório de síntese da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas analisou 64 novas NDCs apresentadas entre 2024 e 2025. Juntas, elas representam cerca de um terço das emissões globais e projetam uma redução de 17% nas emissões até 2035, em comparação com os níveis de 2019. Apesar dos avanços, a ONU alerta que o esforço ainda não é suficiente para garantir a meta de 1,5ºC.
Desafios da COP30
Um dos principais desafios da COP30 é garantir o financiamento climático. A ONU estima que serão necessários US$1,3 trilhão em investimentos para viabilizar as ações de mitigação e adaptação, especialmente em países em desenvolvimento.
“A partir daí, entendo que o ponto prioritário é a diminuição radical do uso de combustíveis fósseis, com ações abrangendo os mais diversos setores, como energia e indústria. Junto a isso, o enfoque também deve ser no uso sustentável da terra, com produção mais racional de alimentos, e medidas de revegetação", avalia a especialista Flávia Reis, sócia da área Ambiental do FLH Advogados.
Enquanto isso, o Balanço Global, mecanismo que mede o progresso coletivo em relação às metas do Acordo de Paris, reforça a urgência de triplicar a geração de energia renovável, dobrar a eficiência energética até 2030 e a definição do Mapa do Caminho para a missão de manter o aumento da temperatura do planeta em 1,5ºC.
A COP30, em Belém, que vai até 21 de novembro, promete ser decisiva para o futuro climático do planeta e para definir o papel do Brasil como articulador das novas ambições globais, destaca o cientista político e economista Nicolas Lippolis, pesquisador no Centro de Política Energética Global e na Escola do Clima da Universidade Columbia, em Nova York. Ele também é fundador e diretor executivo do Centro de Energia, Finanças e Desenvolvimento (CEFD).
“Em primeiro lugar, pela sua forte tradição de diplomacia climática, que vem desde a fundação do quadro de convenção da ONU para as mudanças climáticas, no Rio de Janeiro em 1992, e que tem se perpetuado desde então como um ator incontornável nas negociações climáticas. Em segundo lugar, por reunir características que permitam que o País dialogue com diferentes atores relevantes para a política climática. Não só abrigamos a maior floresta tropical do mundo, como somos a maior das grandes economias que têm a maior proporção de renováveis de matriz elétrica”, afirma o especialista.