Demanda crescente por energia deve pautar novos investimentos para a geração de eletricidade (Leandro Fonseca/Exame)
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Publicado em 22 de junho de 2025 às 09h43.
Elemento desconhecido do grande público, a zeólita tem a capacidade de agregar valor para as cinzas das usinas termelétricas ao possuir características que permitem ao mineral absorver o dióxido de carbono lançado à atmosfera.
O centro de tecnologia da Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina (SATC) tem avançado em pesquisas com equipes multidisciplinares promovidas em parceria com empresas do setor de energia.
Segundo o diretor da SATC, Fernando Luiz Zancan, os estudos recentes atestam a necessidade de a transição energética ser tratada de forma estratégica também pelo setor carbonífero, a partir de subprodutos que devem ser aproveitados. No centro de tecnologia situado no interior do estado, mais de 100 profissionais de nível técnico e superior trabalham na produção da zeólita sintética, a partir de tecnologia desenvolvida de forma pioneira pela China.
“A zeólita é um mineral que o Brasil importa, processa e exporta. Esse subproduto agrega valor para as cinzas das termelétricas”, resumiu Zancan.
Termelétricas são usinas que geram eletricidade a partir da energia térmica, geralmente obtida pela queima de combustíveis como carvão, gás natural, óleo ou biomassa, ou pelo uso de material radioativo. A maior usina brasileira é a Porto de Sergipe I, que transforma gás natural em energia elétrica, e com capacidade de atender 15% da demanda de energia da Região Nordeste. Ela foi inaugurada em 2020.
Demanda por carvão mineral
Segundo dados da Associação Internacional de Energia, a demanda por carvão mineral cresceu 1% em todo o planeta, puxada principalmente pelo mercado asiático. O Brasil possui mais de 27 milhões de toneladas em reservas e a produção é puxada pelos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Maranhão.
“O carvão, historicamente associado à emissão de carbono, também é capaz de gerar externalidades positivas quando olhamos para materiais como a zeólita. Isso mostra que a transição energética deve ser justa, técnica e pragmática”, opinou o advogado Tiago Lobão Cosenza, especialista em infraestrutura e energia.
Projeção elaborada pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) revela que o consumo de energia no Brasil deverá crescer em média 2,1% ao ano até 2034. No âmbito do Acordo de Paris, o País se compromete a reduzir as emissões de gases de efeito estufa nos próximos anos.
“O caminho não está na eliminação abrupta de fontes, mas na integração inteligente de soluções – onde até os subprodutos, como a zeólita, se tornam grandes aliados ambientais”, complementou Cosenza.