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Redação Exame
Publicado em 23 de julho de 2025 às 10h55.
Última atualização em 23 de julho de 2025 às 10h56.
Ao longo da história, a chuva sempre foi vista como um elemento essencial para a vida na Terra, responsável por nutrir plantações, abastecer rios e manter o equilíbrio dos ecossistemas.
No entanto, desde meados do século XIX, com o avanço da Revolução Industrial, a poluição gerada pela queima massiva de combustíveis fósseis começou a transformar a composição química da chuva, originando o fenômeno conhecido como chuva ácida.
Identificado originalmente pelo químico inglês Robert Angus Smith em 1852, esse fenômeno ocorre quando gases poluentes, principalmente óxidos de enxofre (SO₂) e de nitrogênio (NOₓ), reagem com a umidade atmosférica, formando ácidos como o sulfúrico e o nítrico.
Esses ácidos precipitam com a chuva e causam sérios danos ambientais, como contaminação do solo, acidificação de lagos e rios, prejuízos à vegetação e corrosão de construções históricas.
Recentemente, um estudo publicado na revista Nature, trouxe à tona uma descoberta preocupante: além dos ácidos tradicionais já conhecidos, está ocorrendo uma crescente presença de ácidos orgânicos nas chuvas coletadas em diversas regiões do mundo.
Esses ácidos surgem a partir de complexas interações químicas na atmosfera, envolvendo não apenas as emissões de carbono industriais e veiculares, mas também compostos naturais que passam por transformações fotocatalíticas e reações com materiais particulados.
Essa mudança na composição química da chuva pode não apenas intensificar a acidez da precipitação, mas também aumentar sua toxicidade, afetando solos, corpos d'água e a atmosfera urbana e rural.
O estudo da Nature aponta que as atuais emissões, originadas de atividades humanas como a queima de biomassa, uso de combustíveis fósseis e a atividade industrial, estão criando condições atmosféricas propícias à formação desses ácidos orgânicos, ampliando os riscos ambientais e sanitários já associados à chuva ácida.
Os impactos dessa alteração química são multifacetados. Do ponto de vista ambiental, solos e recursos hídricos podem sofrer uma acidificação mais severa, afetando diretamente a biodiversidade e a produtividade agrícola.
No contexto urbano, a presença desses ácidos acelera o desgaste de monumentos e construções históricas, comprometendo o patrimônio cultural. E, especialmente, existem riscos para a saúde humana, particularmente em áreas com altos níveis de poluição atmosférica, já que a exposição repetida a esses compostos ácidos e tóxicos pode agravar doenças respiratórias e outras condições clínicas.