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Alternativa: a pauta verde no comércio é peça-chave para acelerar a ação climática, aponta agência da ONU
Jornalista
Publicado em 7 de novembro de 2025 às 07h27.
O comércio internacional pode se tornar uma ferramenta decisiva para atingir as metas do Acordo de Paris, segundo a nova Atualização do Comércio Global da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD). O relatório foi divulgado às vésperas da COP30, que acontece entre 10 e 21 de novembro de 2025, em Belém (PA).
O estudo do braço para o comércio da ONU mostra que, ao integrar políticas comerciais aos planos climáticos nacionais, os países podem acelerar a transição para economias de baixo carbono, diversificar exportações e gerar novas receitas para financiar a adaptação às mudanças climáticas. Hoje, as fontes de recurso para este objetivo são um dos pontos centrais dos debates.
As exportações de bens ambientais, por exemplo, atingiram US$ 2 trilhões em 2024, o equivalente a 14% dos bens manufaturados comercializados no mundo, aponta o relatório da UNCTAD. Bens baseados na biodiversidade movimentaram US$ 3,7 trilhões em 2021, enquanto o mercado de substitutos não plásticos somou US$ 485 bilhões em 2023.
Outro dado relevante é a queda no custo da energia limpa. O preço médio global da eletricidade gerada por novos projetos solares reduziu 41% entre 2010 e 2024. Já a energia eólica em terra está 53% mais barata que a produzida a partir de combustíveis fósseis, o que traz um impacto positivo na redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) e no custo de produção.
O relatório também aponta potencial de crescimento em setores como refrigeração sustentável. Entre 2018 e 2023, o comércio de termostatos aumentou 32% e o de vidros isolantes, 43%. O mercado global de refrigeração de baixo carbono já movimenta US$ 600 bilhões e pode gerar até US$ 8 trilhões em benefícios para países em desenvolvimento até 2050.
Apesar do avanço, barreiras tarifárias e regulatórias ainda limitam a expansão das tecnologias limpas. As tarifas sobre componentes solares e eólicos variam de 1,9% em economias desenvolvidas a 7,1% na África. Produtos substitutos do plástico à base de plantas enfrentam tarifas médias de 14,4%, o dobro das aplicadas aos plásticos convencionais.
Segundo a UNCTAD, alinhar políticas comerciais, industriais e climáticas pode abrir novas cadeias de valor em energia renovável, agricultura sustentável e economia circular, criando empregos e fortalecendo a competitividade global.
O relatório também destaca a importância da cooperação internacional. Quase 90% dos planos climáticos nacionais atualizados recentemente vêm de países em desenvolvimento, que dependem de acesso a financiamento, tecnologia e capacitação para cumprir seus compromissos. Sem reformas globais, alerta a agência, as desigualdades no acesso a tecnologias limpas podem ampliar a distância entre economias ricas e pobres.
Em documento, a UNCTAD defende o avanço da cooperação regional e Sul-Sul para reduzir tarifas e harmonizar padrões de sustentabilidade, além de fortalecer a colaboração Sul-Sul-Norte para facilitar o acesso a tecnologias de baixo carbono. Integrar o comércio à agenda climática, conclui o relatório, é um passo essencial para garantir uma transição justa e inclusiva rumo à neutralidade de carbono.