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Brasil recicla 97% das latas de alumínio em 2024 e mantém liderança no setor

Setor se preocupa com a exportação da sucata de alumínio para outros países em meio a guerra comercial da Donald Trump

O metal pode ser reciclado indefinidamente sem perder qualidade e consome 95% menos energia que a produção primária (Divulgação/Divulgação)

O metal pode ser reciclado indefinidamente sem perder qualidade e consome 95% menos energia que a produção primária (Divulgação/Divulgação)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 16 de agosto de 2025 às 17h00.

O Brasil atingiu 97% de reciclagem de latas de alumínio em 2024, segundo dados da Associação Brasileira do Alumínio (ABAL), mantendo a liderança mundial no setor. No entanto, a crescente exportação de sucata de alumínio para outros países começa a gerar preocupações sobre a sustentabilidade do modelo brasileiro de economia circular.

A reciclagem de alumínio no país movimenta uma cadeia que vai desde catadores individuais até grandes empresas recicladoras. O alto valor de mercado do material – com preços atrelados à cotação internacional – torna a atividade financeiramente atrativa para todos os elos da cadeia.

O metal pode ser reciclado indefinidamente sem perder qualidade e consome 95% menos energia que a produção primária. Essas características, aliadas ao ciclo rápido de 60 dias das latas no mercado, criaram condições favoráveis para o desenvolvimento da reciclagem no país, segundo a ABAL. Essa estrutura permitiu que o país reciclasse 1 milhão de toneladas de produtos de alumínio em 2024 – 57% do total consumido, contra uma média global de 28%.

Cadeia consolidada enfrenta nova concorrência

A guerra comercial imposta pelos Estados Unidos e a busca crescente por materiais de baixo carbono intensificaram a busca global por sucata de alumínio. Intermediários internacionais passaram a oferecer preços mais altos pela sucata brasileira, criando uma concorrência direta com a indústria nacional.

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Para Donas, esses atores não investem em transformação industrial nem contribuem para o fortalecimento da cadeia nacional. "Enquanto isso, a indústria brasileira, que construiu uma infraestrutura robusta para alimentar um ciclo virtuoso de circularidade, observa com preocupação a saída de um insumo estratégico, que volta ao país como produto importado de maior valor agregado, comprometendo competitividade, metas climáticas e o desenvolvimento local", afirma Janaina Donas, presidente-executiva da Associação Brasileira do Alumínio.

Impacto na cadeia produtiva

O problema vai além das questões comerciais. A saída da sucata compromete o abastecimento da indústria nacional e pode afetar diretamente os catadores e cooperativas que dependem da demanda local para manter a atividade economicamente viável.

A exportação também significa que o material reciclado no Brasil retorna ao país como produto acabado importado, eliminando os ganhos em emprego e renda que a transformação local proporcionaria.

"O alumínio reciclado brasileiro é um insumo estratégico para a economia circular e a transição energética nacional. Se a indústria perder a capacidade de processá-lo localmente, todo o esforço de circularidade e geração de valor será transferido para outros países, em detrimento da indústria nacional, dos catadores e das metas climáticas do Brasil", destaca Donas.

Necessidade de regulamentação

Para a associação, o cenário expõe uma contradição: enquanto o Brasil desenvolve políticas como o Programa Mover e o Recicla Brasil para incentivar a economia circular, a falta de controles sobre a exportação de sucata pode desarticular a cadeia construída ao longo de décadas.

"O pioneirismo da indústria brasileira transformou resíduos em valor, garantindo competitividade, segurança de suprimento, ganhos ambientais e sociais, além de posicionar o Brasil como referência global em circularidade", afirma a executiva da ABAL.

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