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Copa do Mundo 2026 (Getty Images)
Repórter de ESG
Publicado em 3 de agosto de 2025 às 17h00.
Última atualização em 3 de agosto de 2025 às 19h31.
De olho na Copa do Mundo Feminina em 2027 no Brasil, o país se prepara para fazer história não apenas como primeira nação sul-americana a sediar o torneio, mas também como palco de impacto socioambiental positivo: afinal, como aliar grandes eventos esportivos com sustentabilidade?
É neste contexto que surge o Fórum "Sustentabilidade em Campo", que será realizado no Museu do Futebol em São Paulo nesta segunda-feira, 4, como parte da programação da São Paulo Climate Week.
O evento reunirá atletas, executivos e especialistas com o objetivo de discutir como o esporte pode ser um motor de transformação em larga escala, propondo soluções práticas e sustentáveis para o setor.
Um estudo recente mostrou que a Copa do Mundo de 2026 será a mais poluente da história e que as 48 equipes em três países produzirá cerca de nove milhões de toneladas de emissões de gases estufa.
Na contramão da crise climática, megaeventos costumam causar muito impacto: seja pela movimentação de milhares de pessoas, alto consumo de energia e água, geração de resíduos e aviões e jatinhos movidos a combustíveis fósseis.
Frequentemente, os holofotes se voltam para a grandiosidade das competições, enquanto os impactos ambientais e sociais ficam em segundo plano.
[grifar]As discussões na capital paulista irão focar em três eixos centrais: os impactos, combate ao racismo e, como pano de fundo, a Copa do Mundo Feminina de 2027 -- trazendo a participação da mulher em outras modalidades, segurança feminina e como o esporte pode ser instrumento de inclusão social.
Idealizado por Marcelo Linguitte, Cleila Teodoro e Pedro Pugliese, a iniciativa nasceu com a missão de conectar clubes, atletas, entidades esportivas, patrocinadores, arenas, investidores e profissionais da área em torno de um propósito comum: colocar a sustentabilidade no centro das estratégias e operações das competições brasileiras.
"O esporte tem uma força de mobilização inigualável. Queremos trazê-la para acelerar práticas sustentáveis e criar um legado que vá além dos jogos", destacou à EXAME Marcelo Linguitte, presidente do Movimento Sustentabilidade em Campo.
O legado vai além do meio ambiente, frisou Marcelo. A Copa Feminina de 2027 pode ser uma alavanca para a inclusão e outros aspectos sociais em competições esportivas.
O presidente explica que o grande diferencial da abordagem está na participação da sociedade civil como protagonista do processo: "É uma iniciativa [o fórum] que parte de diferentes segmentos do esporte no Brasil, em conjunto com a sociedade civil. Principalmente com os moradores e cidadãos que moram no entorno das arenas para poder garantir e contribuir para que o legado aconteça", disse.
Isso significa, por exemplo, que os indicadores e informações fornecidas por entidades oficiais como a CBF e FIFA, vão ser monitorados ativamente pela população, que dirá se está sendo 'entregue o que é prometido'. Marcelo cita ações de combate à violência contra mulher, racismo, mobilidade urbana, geração de emprego e renda".
Apesar do potencial transformador, a sustentabilidade no esporte brasileiro enfrenta resistências estruturais. No futebol, por exemplo, a pressão por resultados imediatos cria um ambiente hostil a investimentos de longo prazo, destacou Marcelo.
"Conversando com alguns presidentes de clube, vemos essa pressão sobre os resultados de partida. Isso cria uma grande barreira para que ações de impacto positivo possam ser incorporadas, pois nem sempre traz ganhos a curto prazo e nem sempre se reflete na competição", analisou.
Além disso, o executivo cita a falta de conhecimento sobre o tema entre autoridades esportivas, o que cria um ciclo onde a urgência de vencer ofusca os benefícios futuros de práticas mais responsáveis no setor.