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Maternidade impulsiona a informalidade entre as mulheres no mercado de trabalho, diz estudo

Pesquisa revela que a falta de políticas públicas e as normas sociais sobrecarregam as mulheres com os cuidados infantis, resultando em migração para o setor informal e perda de direitos trabalhistas

Estudo ainda mostra que as mulheres com filhos tendem a buscar empregos mais flexíveis, mesmo que isso signifique abrir mão de um salário maior (foto/Thinkstock)

Estudo ainda mostra que as mulheres com filhos tendem a buscar empregos mais flexíveis, mesmo que isso signifique abrir mão de um salário maior (foto/Thinkstock)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 11 de maio de 2025 às 13h49.

A maternidade tem um impacto direto no aumento da informalidade no mercado de trabalho feminino, aponta uma pesquisa da JOI Brasil, vinculada ao laboratório global de combate à pobreza fundado pelos vencedores do Prêmio Nobel de Economia de 2019.

O estudo revela como a falta de políticas públicas adequadas e as normas sociais que sobrecarregam as mulheres com os cuidados familiares fazem com que muitas mães migrem para o setor informal, especialmente em países subdesenvolvidos.

Embora essa escolha ofereça maior flexibilidade para equilibrar o trabalho com as responsabilidades domésticas, ela vem acompanhada de perdas significativas de renda, estabilidade e direitos trabalhistas.

O estudo aponta que, no Chile, o nascimento do primeiro filho aumenta a probabilidade de as mulheres migrarem para o setor informal, resultando em redução das horas trabalhadas e dos ganhos, enquanto os pais não sofrem os mesmos impactos. Esse fenômeno é comum em várias partes da América Latina, onde a informalidade é mais alta em comparação com países de alta renda.

No Brasil, essa realidade também é refletida na alta taxa de informalidade entre as mulheres, especialmente entre as negras. No 4º trimestre de 2023, 76,4% dos trabalhadores domésticos, categoria formada majoritariamente por mulheres pretas e pardas, estavam sem carteira assinada, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Flexibilidade no mercado de trabalho

O estudo ainda mostra que as mulheres com filhos tendem a buscar empregos mais flexíveis, mesmo que isso signifique abrir mão de um salário maior.

Pesquisas realizadas na Colômbia e na Índia confirmam essa tendência, indicando que, quando os empregos oferecem maior flexibilidade, com possibilidade de ajustar a jornada de trabalho ou trabalhar remotamente, as mulheres se sentem mais inclinadas a permanecer no mercado de trabalho formal.

No entanto, essa flexibilidade ainda está longe de ser uma realidade acessível para muitas mães, que acabam migrando para o setor informal em busca de alternativas mais viáveis para o equilíbrio entre trabalho e cuidado.

Desigualdades econômicas após a maternidade

Para mitigar esse cenário e reduzir a migração feminina para a informalidade, o estudo sugere a implementação de políticas públicas como a educação infantil gratuita, licença parental equitativa e modelos de trabalho flexíveis com direitos garantidos.

Investir na proteção social para mães trabalhadoras pode ser uma forma de reduzir a migração para o setor informal, garantindo que as mulheres permaneçam no mercado de trabalho formal sem precisar renunciar a seus direitos. Além disso, programas que incentivem uma divisão mais equitativa dos cuidados infantis entre os pais poderiam aliviar a sobrecarga das mães e contribuir para a diminuição da informalidade.

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Evidências de países como a Índia, onde a implementação de arranjos de trabalho flexíveis levou a um aumento na participação das mulheres no mercado de trabalho formal, mostram que essas mudanças são viáveis e eficazes.

Contudo, para que essas políticas sejam efetivas, é necessário que governos, empresas e sociedade se unam para promover alternativas concretas que permitam às mulheres equilibrar suas responsabilidades familiares e profissionais sem abrir mão de seus direitos.

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