Patrocínio:
Parceiro institucional:
(AFP)
Agência de Notícias
Publicado em 6 de setembro de 2025 às 13h26.
A Amazônia "está cansada de ouvir falar de conservação" e quer que os líderes mundiais se sentem na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP30) para discutir a geração de "riqueza" para a população da floresta, segundo destacou Marcello Brito, secretário executivo do Consórcio Amazônia Legal.
"Conservar é importante, mas precisamos discutir sobre produção", pontuou em entrevista à Agência EFE o secretário executivo do ente público formado pelos governos dos nove estados que integram a região amazônica e que está focado na promoção do desenvolvimento sustentável.
A conservação da floresta amazônica e o desenvolvimento da população desta região, com 27 milhões de habitantes, "devem caminhar de mãos dadas" e, "se não entendermos isso, continuaremos fracassando", afirmou este reconhecido empresário agrícola com 30 anos de trajetória na Amazônia.
A COP30, que será realizada em novembro em Belém, pode contribuir para "mudar a mentalidade" do setor privado e também do ambientalismo em relação às necessidades de desenvolvimento desta região de floresta, segundo espera Brito.
A Amazônia é a região mais extensa do Brasil e também uma das mais pobres e mais desiguais do país. Apenas 29% dos domicílios da região contam com uma rede de saneamento básico adequada.
Mas, por sua vez, é o berço de um pujante setor agropecuário, que é responsável por uma importante produção de gado e de soja, e conta com as maiores reservas de minerais do país. Esses produtos são responsáveis por 20% das exportações do Brasil.
A população da Amazônia "está em ebulição", sustenta Brito, e não está mais em condição de adiar o debate do desenvolvimento.
O representante do Consórcio Amazônia Legal reforça que defende o "desmatamento zero", em linha com a promessa do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de erradicar o desmatamento ilegal até 2030.
No entanto, com a mesma firmeza, critica políticas como o novo regulamento sobre desmatamento da União Europeia (EUDR, na sigla em inglês), uma normativa que entrará em vigor em dezembro e que vetará a importação de produtos que venham de terras desmatadas ou degradadas, o que poderia significar um veto para a carne bovina e os produtos agrícolas amazônicos.
"Sou a favor do desmatamento zero, mas a forma de implementar o sistema do EUDR me parece horrível. Tive a oportunidade de dizer isso diante da Comissão Europeia e de vários países europeus. Infelizmente, é um processo muito mais excludente que transformador", declarou.
Brito, no entanto, está otimista à luz das consequências que a guerra comercial deflagrada por Donald Trump teve para enfraquecer as resistências de alguns países europeus a seus acordos comerciais com os países sul-americanos.
"A realidade e a necessidade sempre se impõem nas relações internacionais", considerou.
O primeiro passo foi a conclusão do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, que esperou por 25 anos por conta do bloqueio de "alguns países europeus", que se desvaneceu "de uma hora para outra", e "agora lhes parece interessante".
"Quem sabe se agora, com esta grande disrupção geopolítica que estamos presenciando, a inteligência volte à mesa e talvez, em uma associação transnacional, consigamos criar regras e modelos que sejam mais inclusivos e mais assertivos em geral", concluiu Brito.
O secretário executivo do Consórcio Amazônia Legal participou na quinta-feira como palestrante na terceira edição do Fórum Latino-Americano de Economia Verde, organizado pela Agência EFE em São Paulo, para debater os desafios da transição energética e do desenvolvimento sustentável.