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No Brasil, o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE), foi recentemente aprovado através da lei n° 15.042, que estabelece o mercado regulado de carbono no Brasil alinhado a metas climáticas nacionais e internacionais, como o Acordo de Paris. (Freepik)
Repórter de ESG
Publicado em 17 de setembro de 2025 às 15h29.
Última atualização em 17 de setembro de 2025 às 15h54.
A sul-africana Musawenkosi Dhlamini, de 22 anos, passou boa parte da infância fora das quadras de esportes e das brincadeiras comuns a crianças: correr era sinônimo de falta de ar. Foi aos 7 anos que ela recebeu o diagnóstico de asma, após dezenas de entradas no hospital e internações. “Minha garganta se fechava e eu não podia fazer nada”, conta.
Foi só durante a adolescência que Dhlamini conseguiu identificar a causa de seus problemas de respiração: a região onde mora, Witbank, é cercada por minas de carvão. “Viver em uma área contaminada como essa me afetou e me colocou na condição em que estou agora”, afirma.
COP30: acesse o canal do WhatsApp da EXAME sobre a Conferência do Clima do ONU e saiba das novidades!A contaminação por conta da exploração de combustíveis fósseis é foco de um estudo da Aliança Global pelo Clima e Saúde. Os pesquisadores descobriram que essa exposição à extração e à combustão de carvão, petróleo e gás está associada a problemas desde o desenvolvimento fetal até a velhice.
Durante a gestação, os efeitos são ainda mais notáveis. Baixo peso ao nascer, parto prematuro, aborto espontâneo e anomalias congênitas são alguns dos efeitos causados pela exposição a combustíveis fósseis, sendo uma parcela deles permanente e com efeitos para a saúde da criança por toda a vida.
Na primeira infância, essa contaminação deixa marcas, segundo o estudo, pela vulnerabilidade da saúde das crianças, puxado pelo seu ritmo respiratório mais rápido, vias aéreas estreitas e órgãos em desenvolvimento.
O estudo lista alguns dos principais prejuízos para a saúde de crianças após a exposição a combustíveis como carvão, petróleo e gás:
Aos idosos, o convívio com a produção de combustíveis fósseis pode levar à deterioração na fundação dos órgãos de forma progressiva e ao agravamento de doenças crônicas pré-existentes.
A pesquisa também descobriu que cada fase da produção de combustíveis não sustentáveis apresenta riscos diferentes para a saúde humana.
Durante a extração, por exemplo, a liberação de benzeno e metais pesados agrava as taxas de doenças cardiorespiratórias e vasculares, complicações na gravidez e distúrbios neurológicos.
Já na refinação e processamento, a emissão de substâncias químicas acelera os riscos graves de câncer.
A etapa de combustão, seja nas usinas de energia, seja em veículos, gera nitrogênio e material particulado, o que acelera os riscos de asma, doenças cardíacas, derrame, demência e mortalidade prematura.
Entre os principais afetados por essa exploração estão os trabalhadores da indústria. Segundo dados da Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer, o trabalho com o petróleo está associado a um maior risco de cânceres de próstata, bexiga, mesotelioma, melanoma cutâneo e mieloma múltiplo.
Além disso, as comunidades marginalizadas também estão entre a população mais impactada, segundo o estudo, devido ao acesso mais dificultado a serviços de saúde, tecnologias limpas, empregos verdes e opções seguras de moradia.
COP30: 79 países confirmam hospedagem; governo aumenta subsídio para nações pobres para US$ 197Dr. Nicholas Talley, presidente do conselho da organização Doutores pelo Meio Ambiente da Austrália, afirma que já vê os impactos da exploração indiscriminada de carvão, petróleo e gás nas novas gerações.
“Há evidências contundentes de um aumento nas hospitalizações quando o material particulado [por exemplo, da fumaça de incêndios florestais] cobre nossa região. Médicos e enfermeiros na linha de frente são testemunhas, dia após dia, das consequências devastadoras da poluição por combustíveis fósseis”, conta.