ESG

Patrocínio:

espro_fa64bd

Parceiro institucional:

logo_pacto-global_100x50

Contra leilão da ANP na Foz do Amazonas, entidades recorrem à justiça

Organizações da sociedade civil e ambientalistas pedem suspensão imediata do próximo leilão da Agência Nacional do Petróleo (ANP), previsto para 17 de junho

 ANP: Blocos do leilão estão sustentados por manifestações conjuntas dos Ministérios de Minas e Energia e do Meio Ambiente.  (Saulo Cruz/Agência Brasil)

ANP: Blocos do leilão estão sustentados por manifestações conjuntas dos Ministérios de Minas e Energia e do Meio Ambiente. (Saulo Cruz/Agência Brasil)

Lia Rizzo
Lia Rizzo

Editora ESG

Publicado em 30 de abril de 2025 às 14h04.

Tudo sobreAmazônia
Saiba mais

Em um esforço orquestrado, coalizões ambientalistas intensificaram as manifestações contra o leilão da Agência Nacional do Petróleo (ANP), previsto para 17 de junho, que inclui blocos em áreas de alta sensibilidade ambiental, como a foz do Amazonas e outras bacias da Margem Equatorial brasileira, do Rio Grande do Norte ao Amapá.

A articulação resultou em uma carta endereçada às principais autoridades federais, incluindo o presidente Lula, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, a diretora-geral da ANP, Patrícia Baran, e a diretora executiva da COP30, Ana Toni.

Entre as reivindicações, os órgãos pedem a exclusão definitiva de blocos marítimos em áreas de maior sensibilidade ambiental dos leilões da agência, com base em manifestações técnicas da área ambiental do governo.

O documento foi apresentado na semana passada durante reunião do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) ao secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, e ao presidente do IBAMA, Rodrigo Agostinho.

Ação judicial em curso

Além da mobilização coletiva, o Instituto Arayara, ONG que reúne cientistas, gestores urbanos, engenheiros e urbanistas, já prepara ação judicial para impedir o leilão.

O diretor técnico da entidade, Juliano Bueno, afirmou que a organização dispõe de um parecer interno da área ambiental do governo que recomenda a exclusão de todos os blocos marítimos da Bacia Potiguar, no Rio Grande do Norte.

Apesar dessa recomendação técnica, as áreas foram mantidas pela ANP, com apoio do Ministério de Minas e Energia (MME). Em resposta às reivindicações, a ANP argumentou que todos os blocos do leilão estão sustentados por manifestações conjuntas dos Ministérios de Minas e Energia e do Meio Ambiente.

A agência também transferiu parte da responsabilidade para o IBAMA, alegando que potenciais interferências em áreas prioritárias para a biodiversidade serão avaliadas durante o processo de licenciamento.

A disputa sobre a exploração na foz do Amazonas evidencia a divisão no próprio governo. Enquanto o MME ignorou pareceres técnicos que pediam a exclusão de 31 blocos na Bacia Potiguar inicialmente listados no edital, após a etapa de manifestações de interesse, 16 desses blocos continuam disponíveis para concorrência.

Em entrevista à Exame há três semanas, o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, defendeu que:

"A questão é que este é um momento que exige extrema coerência. Não podemos defender a proteção florestal globalmente e, ao mesmo tempo, flexibilizar medidas de segurança ambiental em nosso próprio território"

Na ocasião, o secretário ainda manifestou preocupação com a recente agenda regulatória do MME que propõe revisar portarias interministeriais sobre áreas ambientalmente sensíveis, o que ele considera uma tentativa de "abolir acordos" que controlam a oferta de blocos em regiões vulneráveis.

E a transição energética, como vai?

O debate também reflete a lenta transição energética da Petrobras, que mais de dois anos após a posse do governo Lula e a promessa de transformá-la em uma empresa de energia, segue em uma trajetória bastante conservadora.

Seguem priorizadas tecnologias como captura e armazenamento de carbono - solução dispendiosa e ainda sem comprovação de eficácia em larga escala, mas que permite a continuidade do modelo de negócios baseado em combustíveis fósseis -, enquanto os investimentos em renováveis permanecem estagnados.

Acompanhe tudo sobre:AmazonasANPPetrobras

Mais de ESG

Governo de São Paulo lança guia para agricultores sobre regularização ambiental e reserva legal

Economia verde pode alavancar US$ 11 trilhões até 2040, revela BCG

STF determina desapropriação de terras com desmatamento e incêndios ilegais

Instituto Diageo fecha parceria para capacitar mulheres empreendedoras e amplia impacto social