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Transição energética: Brasil chega à COP30 com matriz elétrica 90% renovável. (pvproduction/Freepik)
Colunista
Publicado em 19 de novembro de 2025 às 10h05.
O Brasil sedia este mês, em Belém (PA), a 30ª edição da COP, conferência internacional realizada anualmente para discutir ações de combate às mudanças climáticas, que são causadas pelo aumento da concentração de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera, especialmente CO₂ e metano. É uma excelente oportunidade para o país mostrar ao mundo que pode contribuir com a descarbonização das economias, fabricando produtos de baixa emissão a preços competitivos e, de quebra, impulsionando o desenvolvimento econômico e social do país.
Atualmente, aproximadamente 75% das emissões mundiais de GEE têm origem na queima de combustíveis fósseis para geração de energia, como eletricidade e aquecimento (32%), transporte (16%) e manufatura e construção (12%). Por este motivo, a transição energética, por meio da substituição dos combustíveis fósseis por outras opções limpas aliadas à eletrificação, tem sido uma das principais apostas dos países para reduzir suas emissões.
O desafio, contudo, é gigantesco: cerca de 80% da energia consumida mundialmente ainda é gerada com combustíveis fósseis. Isso significa que temos que construir projetos de fontes renováveis para substituir boa parte da matriz energética existente ao mesmo tempo em que precisamos expandir a oferta de energia para atender ao crescimento da demanda. É por essa razão que alguns especialistas afirmam que a transição energética é o maior projeto de infraestrutura da história humana.
O Brasil, contudo, está em uma posição privilegiada. Atualmente, pouco mais de 50% de toda a energia consumida no país já é gerada a partir de fontes não emissoras, graças à importante contribuição do nosso setor elétrico, uma vez que 90% da energia elétrica é gerada a partir de fontes renováveis não emissoras (enquanto a média mundial é de apenas 40%). Além disso, devido aos nossos excelentes e abundantes recursos naturais, o país ainda tem um enorme potencial a ser explorado.
Como mostrado em um estudo recente feito pela PSR para o Banco Mundial, é possível triplicar a demanda por eletricidade do país mantendo a alta taxa de renovabilidade da matriz elétrica. Isto gera uma oportunidade enorme para o país não apenas reduzir suas emissões por meio da eletrificação, mas também para fabricar e exportar produtos de baixa emissão, contribuindo para a redução das emissões de outros países, ao mesmo tempo em que impulsiona o desenvolvimento nacional.
Contudo, para aproveitar plenamente esse potencial, é preciso reduzir os subsídios excessivos atualmente pagos pelos consumidores de energia elétrica, aprimorar os sinais de preço no setor e incentivar uma participação mais ativa da demanda. Isto ajudará a promover o uso mais eficiente da energia e reduzir seu custo final.
Recentemente, a PSR contribuiu para o debate com o estudo “Caminhos para fortalecer o protagonismo do Brasil na mitigação das mudanças climáticas: contribuições do setor elétrico para a COP 30”, elaborado no âmbito da Coalizão do Setor Elétrico. Articulado pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e liderado pela PSR, com o apoio de seis associações (Abradee, Abrate, Abrage, ABEEólica, Abrace e Abiape) e o engajamento de mais de 70 entidades, o trabalho propõe estratégias para consolidar o papel do setor elétrico brasileiro como protagonista da transição energética, destacando medidas para ampliar o uso de fontes limpas, integrar políticas públicas e promover uma descarbonização sustentável e inclusiva.
O Brasil está bem-posicionado, e no momento certo, para aproveitar uma das maiores oportunidades da história. Temos tudo para oferecer ao mundo um verdadeiro “bônus verde”: produtos descarbonizados e competitivos, que ajudam a reduzir as emissões globais e impulsionam o desenvolvimento sustentável nacional. Para não deixar essa oportunidade escapar, basta fazermos nosso dever de casa. Só depende de nós.