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As paisagens geladas ao redor do mundo passaram por mudanças também (Anselmo Cunha/ AFP)
Repórter de ESG
Publicado em 19 de setembro de 2025 às 12h30.
A cada ano, o ciclo da água fica mais instável, irregular e extremo, causando problemas para a economia global desde as secas extremas até enchentes e inundações devastadoras. A análise é de uma nova pesquisa da Organização Meteorológica Mundial, divulgada nesta quinta-feira.
Segundo a pesquisa, a forma como a água se move ao redor da Terra tem sido alterada pela queima de combustíveis fósseis pelos humanos. No último ano, quase dois terços das bacias hidrográficas ao redor do mundo estiveram fora das “condições normais”, com escassez ou excesso de água.
A pesquisa foi realizada em córregos, rios, lagos, reservatórios, águas subterrâneas, neve e gelo.
A seca foi a principal ameaça para os países no último ano, influenciado pelas temperaturas recordes no planeta. Entre os principais impactados estão o rio Amazonas, que chegou a níveis sem precedentes, partes do sul da África, onde a seca extrema reduziu a oferta de alimentos e governos optaram por sacrificar animais selvagens para alimentar a população, e áreas dos Estados Unidos, como Texas, Oklahoma e Kansas.
Até mesmo a qualidade da água nessas bacias hidrográficas foi impactada: quase todos os 75 principais lagos do mundo tiveram queda nesse critério.
Na linha contrária, o planeta também percebeu a maior ocorrência de enchentes, mais do que nos últimos anos, segundo Stefan Uhlenbrook, um dos autores do relatório e diretor de água, hidrologia e criosfera da OMM. Exemplos são as inundações na Europa, na África Ocidental e Central.
As paisagens geladas ao redor do mundo passaram por mudanças também. Segundo a pesquisa, 2024 foi o terceiro ano consecutivo em que as geleiras passaram por perdas generalizadas, com uma redução de 450 gigatoneladas de gelo. Isso equivale a um bloco de 6,9 quilômetros de altura, largura e profundidade.
Esse total de água perdido é o suficiente para encher 180 milhões de piscina olímpicas. As áreas mais destruídas foram a Escandinávia, o arquipélago ártico de Svalbard (próximo a Groenlândia) e o norte da Ásia.
O derretimento das geleiras, de acordo com o relatório, gera o aumento do nível do mar e a maior incidência de inundações.
Celeste Saulo, secretária-geral da OMM, afirmou que apesar da importância da água para sustentar a sociedade e impulsionar economias, os recursos hídricos do mundo estão sob crescente pressão. “Perigos mais extremos relacionados à água estão tendo um impacto crescente sobre vidas e meios de subsistência”, explica.