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Em Bonn, Brasil e ONU apresentam Balanço Ético Global para acelerar ação climática na COP30

Iniciativa liderada por Lula e Guterres faz parte dos círculos da presidência da COP e vai ouvir vozes de todos os continentes para trazer perspectiva ética rumo à transição ecológica justa

Marina Silva, ministra do meio ambiente: "Sejam guerras tarifárias ou humanas, precisamos proteger o maior patrimônio de tudo que sustenta a vida na Terra: o clima equilibrado" (Leandro Fonseca/Exame)

Marina Silva, ministra do meio ambiente: "Sejam guerras tarifárias ou humanas, precisamos proteger o maior patrimônio de tudo que sustenta a vida na Terra: o clima equilibrado" (Leandro Fonseca/Exame)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 17 de junho de 2025 às 13h44.

Última atualização em 17 de junho de 2025 às 16h00.

Durante a Conferência de Bonn, o Brasil apresentou uma iniciativa que visa incorporar a lente ética e justa ao debate sobre mudanças climáticas: o Balanço Ético Global (BEG).

Em preparação para a COP30, a grande conferência do clima que será realizada em Belém do Pará em novembro, a proposta liderada pelo presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o secretário-geral da ONU, António Guterres, foi detalhada pelo governo brasileiro nesta terça-feira, 17, e contou com a participação de autoridades brasileiras e internacionais.

O balanço faz parte de um dos quatro círculos lançados pela presidência da COP em abril para ampliar a capacidade de mobilização e articulação rumo à implementação efetiva dos compromissos climáticos.

O embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP, contextualizou a iniciativa dentro da estratégia brasileira de mobilização. "Temos circunstâncias especiais – dez anos do Acordo de Paris – e nós temos de avançar em várias frentes", disse.

Segundo a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, o projeto surge em um momento crítico para o planeta. "Nos últimos 21 meses, a temperatura global excedeu o 1,5 grau", lembrou em coletiva de imprensa, ao evidenciar que as ações realizadas até hoje são insuficientes para conter a crise climática e seus efeitos mais dramáticos.

Entre os temas-chave em debate para um futuro sustentável, estão o financiamento climático, a transição energética justa, a ampliação da voz dos povos e comunidades tradicionais e indígenas e a governança. 

Uma escuta ética planetária

Inspirado no Balanço Global do Acordo de Paris, o BEG propõe uma "escuta ética e planetária" sobre a crise climática e está alinhado a um grande esforço de “mutirão” para que a COP30 seja de implementação. 

A iniciativa reunirá cerca de 30 lideranças de cada continente, incluindo cientistas, filósofos, ativistas, mulheres, populações indígenas, afrodescendentes, comunidades tradicionais, artistas, empresários e líderes religiosos.

A ideia do balanço é trazer ética em benefício da decisão política e respostas técnicas para a melhoria de todas as formas de vida, explicou Marina. "Vamos ouvir todos continentes, cidadãos de diferentes lugares e trajetórias para nos ajudar a debater, além de nos autoavaliar para entendermos se o que estamos fazendo é eticamente alinhado ao 1,5 graus estipulado pelo Acordo de Paris".

A exemplo, a ministra questionou se os investimentos atuais estão alinhados com as metas já estabelecidas e se decisões como triplicar energia renovável, reparar perdas e danos e acabar com o desmatamento estão no caminho certo. "Tudo isso a ética pode aportar no balanço", destacou.

Ao todo, serão implementados seis diálogos intercontinentais na América do Norte, América Latina e Caribe, África, Europa, Ásia e Oceania. Em cada um, haverá organizadores regionais que compilarão os resultados.

Mary Robinson, que representa a Europa, destacou o valor da diversidade regional: "Cada região será diferente e muito diversa. Teremos um olhar muito humano centrado e urgente para os líderes e eu espero que sejamos ouvidos".

Olhar da justiça climática

Selwin Hart, assessor especial do secretário-geral da ONU para Ação Climática e Transição Justa, enfatizou que "o ano passado foi o mais quente da história" e que a crise climática está exacerbada, com a desigualdade surgindo como um agravante.

O retrato fica evidente quando as populações mais vulneráveis são as que mais sofrem seus efeitos severos, mas ao mesmo tempo as que menos contribuem para o problema.

"Não é só sobre colaboração entre países e governos, mas de toda a sociedade", disse Hart, destacando a necessidade de soluções que acelerem a transição energética e contribuam para promover a igualdade.

O embaixador Antônio Patriota, representante do Brasil no Reino Unido, reforçou a dimensão ética da questão climática: "Negar o aquecimento global é antiético, assim como o greenwashing ou se apresentar como defensor ambiental enquanto se tem práticas destrutivas".

Patriota também destacou como antiético o fato de que "os que menos contribuíram para o aquecimento global pagam o preço mais elevado".

Relatório para a COP30

O resultado dos diálogos em todos os continentes será consolidado em um relatório global que será submetido à presidência da COP30 para encaminhar aos tomadores de decisão dos países, sendo considerado no âmbito das negociações em Belém.

Durante a realização da COP30, também haverá um pavilhão na zona azul (Blue zone) dedicado ao Balanço Ético Global.

Segundo Patriota, "a ética nos exige agir antes que seja tarde", reconhecendo que a transição ecológica "não se dá só com inovação tecnológica, mas depende de colaboração e compromisso compartilhado".

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