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O pedido acontece em meio a cúpula dos líderes que antecede a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (Lucas Ninno/Getty Images)
Repórter de ESG
Publicado em 19 de agosto de 2025 às 17h03.
Última atualização em 19 de agosto de 2025 às 18h07.
Cerca de 50 organizações da sociedade civil e de povos indígenas assinaram uma carta aos líderes globais solicitando que a Amazônia se torne uma região livre da exploração e produção de petróleo. O pedido é que os governos sul-americanos protejam a biodiversidade, garantam os direitos dos povos originários e enfrentem a crise climática ao frear a expansão do petróleo.
O pedido acontece em meio à cúpula dos líderes que antecede a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA). Trata-se de uma conferência entre os oito países que compartilham do bioma, como Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. O encontro deste ano, realizado em Bogotá (Colômbia) deve marcar a caminhada a partir das metas acertadas em 2023, quando a cúpula ocorreu em Belém.
Entre os temas discutidos estará a cooperação regional pela proteção da Amazônia e a garantia de bem-estar dos povos que vivem da floresta. De acordo com a Secretaria de Comunicação do Governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparecerá à Cúpula na sexta-feira, 22.
Na carta, as organizações pedem que os Estados amazônicos assinem o Tratado de Não Proliferação de Combustíveis Fósseis, mecanismo que busca frear o aquecimento global a partir da exploração fóssil. Laura Muñoz, responsável pela campanha do Tratado na América Latina, afirma que declarar a Amazônia livre de combustíveis fósseis seria um ato de justiça e um precedente global para reparar territórios e vidas. “Os governos podem saldar uma dívida histórica reconhecendo a liderança indígena que tem protegido e resguardado a Amazônia”, afirma.
A Associação dos Povos Indígenas do Rio Anebá é uma das organizações brasileiras signatárias da carta. Em nota, o Cacique Jonas Mura, coordenador da Associação, afirmou que a Amazônia brasileira é o coração do país, e que não se pode permitir às vésperas da COP30 que se continue autorizando a venda e a perfuração dos territórios. “Exigimos da OTCA que assuma essa responsabilidade histórica e ponha fim a todas as novas concessões de petróleo e gás na região”, afirmou.
Gigantes do setor privado se unem para acelerar soluções verdes no BrasilTomas Candia, presidente da Confederação dos Povos Indígenas da Bolívia, afirmou que o país já vive décadas de contaminações causadas pela exploração petrolífera sem freio. “Se a OTCA adotar esta agenda, enviará uma mensagem histórica: que a Amazônia está sendo protegida de verdade e que se respeita a cultura e a vida de seus povos”, disse.
A carta aos líderes ocorre cerca de dois meses após um leilão da Agência Nacional de Petróleo autorizar a exploração de petróleo e gás na Bacia do Foz do Amazonas, área de 16 mil km² na região entre o Amapá e o Pará. Os consórcios incluem a Petrobras, ExxonMobil, Chevron e CNPC e teve uma arrecadação mínima de R$ 600 milhões.
As projeções indicam o potencial de descoberta de até 10 bilhões de barris de petróleo na Foz do Amazonas, o que poderia gerar movimentações econômicas superiores a R$ 1 trilhão. No entanto, a falta de avaliação ambiental preocupa especialistas e grupos indígenas.