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Energia a longa distância: por que a transmissão em corrente contínua é o futuro?

Mecanismo pode aumentar desenvolvimento econômico e sustentável do Brasil

Transmissão HVDC: energia de fontes renováveis chega aos centros urbanos com mais eficiência. (Dado Galdieri/Bloomberg)

Transmissão HVDC: energia de fontes renováveis chega aos centros urbanos com mais eficiência. (Dado Galdieri/Bloomberg)

Publicado em 5 de novembro de 2025 às 10h00.

O Brasil tem dimensões continentais, e esse fato se reflete diretamente no setor elétrico. A maior parte da energia limpa e barata, como a eólica e a solar, é produzida longe dos grandes centros de consumo, com o desafio de ser transportada de forma eficiente, sem desperdiçar no caminho. É aí que entra a transmissão em corrente contínua de alta tensão, conhecida pela sigla HVDC.

Na prática, trata-se de um “supercabo” que leva enormes quantidades de energia por milhares de quilômetros, com menos perdas do que as tradicionais linhas em corrente alternada, as mesmas que chegam até a tomada da sua casa. Enquanto a tecnologia convencional perde eficiência em trajetos longos, os sistemas HVDC se mantêm competitivos em distâncias superiores a 600 km e chegam a atravessar até oceanos. O Brasil já é referência nesse campo. Linhas com mais de 2 mil quilômetros conectam usinas hidrelétricas da Amazônia, como Belo Monte, ao Sudeste. Sem a corrente contínua, esse transporte seria inviável e, com a expansão acelerada de parques solares e eólicos, especialmente no Nordeste, essa tecnologia tende a ganhar ainda mais espaço.

Além da eficiência, o HVDC oferece um grande nível de flexibilidade à matriz. Isso porque nesses sistemas é possível regular com precisão o fluxo de energia, definindo exatamente quanto será transmitido e para onde ele será direcionado. Essa característica transforma a HVDC em uma espécie de “válvula de controle” do sistema elétrico: quando há excesso de geração em uma região — como nos parques eólicos do Nordeste em dias de muito vento — a energia pode ser rapidamente redirecionada para os centros consumidores do Sudeste ou do Sul.

Da mesma forma, em situações de escassez, o fluxo pode ser reduzido ou revertido, ajudando a equilibrar oferta e demanda. Essa capacidade de controle contribui não apenas para otimizar o uso da rede, mas também para aumentar a segurança e a confiabilidade do sistema, elementos cada vez mais importantes em um cenário de crescente participação de fontes renováveis variáveis, como a solar e a eólica.

E o próximo passo já começa a aparecer: as redes multiterminais em corrente contínua (MTDC). Diferente de uma linha ponto a ponto, essas redes funcionam como verdadeiras “malhas” de transmissão, interligando várias regiões ao mesmo tempo. Isso aumenta a segurança do sistema, dá flexibilidade para redirecionar energia conforme a demanda e abre espaço para uma integração ainda maior de fontes renováveis. A China e a Europa já avançam nesse modelo.

Porém, o investimento ainda é grande devido ao alto custo dos conversores que transformam a corrente alternada em contínua. Mas essa barreira vem caindo com o avanço tecnológico e a demanda global. China, Índia e países europeus já apostam em grandes corredores HVDC para interligar regiões e garantir energia limpa a baixo custo.

No fim das contas, o que pode parecer apenas um detalhe técnico tem impacto direto no bolso do consumidor e no futuro do planeta. A transmissão em corrente contínua é o elo invisível, mas fundamental, entre desenvolvimento econômico e sustentabilidade.

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