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Casey Katims, diretor executivo da Aliança Climática dos EUA: "Há uma razão pela qual somos chamados de Estados Unidos da América. Não temos reis e não temos líderes soberanos" (Bloomberg/Divulgação)
Repórter de ESG
Publicado em 4 de novembro de 2025 às 09h00.
Última atualização em 4 de novembro de 2025 às 09h36.
"O governo nacional pode estar fora, mas o comprometimento e a liderança são muito maiores do que uma pessoa. Há uma razão pela qual somos chamados de Estados Unidos da América. Não temos reis e nem líderes soberanos", afirmou Casey Katims, diretor executivo da Aliança Climática dos EUA, durante coletiva de imprensa no Fórum de Líderes Locais do Rio de Janeiro e em referência às políticas anti-clima de Trump.
A declaração resume o espírito do relatório anual divulgado pela Aliança às vésperas da COP30: em meio a uma série de desafios no âmbito federal, 24 governadores conseguiram reduzir as emissões líquidas de gases de efeito estufa em 24% em relação aos níveis de 2005, ao mesmo tempo em que a economia dos estados da coalizão cresceu 34%.
"Nós somos resilientes, determinados e destemidos. E o mais importante, nossos estados estão unidos", afirmaram os co-presidentes da Aliança, o governador de Wisconsin, Tony Evers, e o governador da Califórnia, Gavin Newsom, em mensagem conjunta.
"Os americanos querem um futuro mais limpo, mais seguro e mais saudável, e é isso que continuaremos a entregar. Não importam os obstáculos, estamos avançando", reforçaram.
Mesmo com a ausência de Trump e de representantes da Casa Branca na COP30, a Aliança confirmou presença e afirmou que irá liderar uma delegação de mais de 100 líderes locais para enviar uma mensagem clara à comunidade internacional em Belém: a ação climática nos Estados Unidos não pode acabar.
Unindo os esforços estaduais, os mercados americanos estão apostando em tecnologias limpas. As vendas de bombas de calor do país superaram os fornos a gás em 32% em 2024, enquanto mais de 1,5 milhão de veículos elétricos foram vendidos -- número mais de cinco vezes superior aos totais de 2020.
Atualmente, quase dois terços da geração de eletricidade em construção e que deve entrar em operação até 2031 será alimentada por energia solar e eólica.
Até o final de 2024, mais de 5 milhões de residências americanas instalaram painéis solares em telhados, reduzindo seus custos de eletricidade e fortalecendo a rede.
"Mesmo quando o governo federal não reconhece a realidade da mudança climática e ataca cientistas, ou não aproveita a oportunidade histórica da transição energética, nossos estados ainda podem pressionar por essa agenda", complementou Casey.
O progresso de longo prazo da Aliança foi impulsionado principalmente pela transição energética. As emissões do setor elétrico da coalizão caíram 45% até 2023, representando uma diminuição de 8% em relação aos níveis de 2022 — a maior redução anual da última década.
"Vocês já sabem disso: ação climática e crescimento econômico vão de mãos dadas. Não há nenhum problema", afirmou Tony.
Entre 2005 e 2023, a coalizão adicionou cerca de 200 gigawatts de capacidade de energia limpa.
As emissões do setor de transportes, que permanece como a maior fonte poluente, também diminuíram 17% abaixo dos níveis de 2005. Dos veículos elétricos e zero carbono registrados no país, 70% estão em estados da Aliança, apoiados por 68% de todos os carregadores disponíveis.
O relatório identifica um caminho que poderia levar a trilhões de dólares em benefícios líquidos cumulativos para os americanos nos próximos anos.
As estimativas apontam para uma economia de US$ 11 bilhões anuais até 2030, crescendo para US$ 103 bilhões até 2035 e US$ 185 bilhões até 2050.
"Os dados apontam uma rota para superarmos a inação federal e continuar a descarbonização", destacou Tony. "Sabemos que o caminho é difícil e que há forças contra nós. Mas vamos perseverar."
Essas economias são baseadas em melhorias na saúde pública, redução de gastos com combustíveis fósseis e danos climáticos evitados.
A análise não inclui uma ampla gama de benefícios adicionais que provavelmente decorreriam do alcance de emissões líquidas zero, como criação de empregos, crescimento econômico e outros não relacionados à qualidade do ar.
A governadora do Novo México, Michelle Lujan Grisham, destacou os avanços de seu estado na transição energética. "Estamos fazendo um progresso realmente incrível, e isso é valioso porque às vezes essa mudança não é tão visível quanto precisamos que seja", afirmou.
Michelle revelou que o Novo México é agora o único no país que comercializa energia de fusão nuclear, uma tecnologia livre de carbono. Estudos recentes também indicam que o estado pode liderar a fonte geotérmica de circuito fechado, sem uso de água.
"À medida que lidamos com nossos problemas de consumo e estamos lidando com inteligência artificial e computação quântica, o Novo México pretende mostrar a solução ao mundo", disse a governadora.
O estado também abriga a maior fazenda eólica da América do Norte e é o segundo maior produtor de energia eólica do país.
A Aliança Climática dos EUA foi fundada em 2017 e hoje representa 60% da economia americana e 55% da população do país.
Desde seu lançamento, os membros avançaram mais de 2.300 ações e políticas inovadoras para combater a poluição e construir resiliência aos impactos da crise climática.