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Falta de acordo no tratado de plásticos é arma para países petroleiros; veja a repercussão do tema

Com a falta de um acordo em Genebra, o papel crucial dos países petroleiros é questionado na busca por soluções para a crise da poluição plástica

Especialistas comentam sobre falta de consenso após 10 dias de negociações e o papel das companhias em meio a inação governamental (Sebnem Coskun/Anadolu Agency//Getty Images)

Especialistas comentam sobre falta de consenso após 10 dias de negociações e o papel das companhias em meio a inação governamental (Sebnem Coskun/Anadolu Agency//Getty Images)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 15 de agosto de 2025 às 11h31.

O elefante branco continua na sala: após dez dias de negociação em Genebra, os países não chegaram a um acordo no tratado global contra a poluição por plásticos. Além de representar um risco para a gestão de resíduos globais, a rodada de negociações pode dar indícios do que devemos esperar de parte das nações na COP30 quando o tema for combustíveis fósseis.

O plástico, produzido a partir de químicos fósseis, é a principal aposta das nações petroleiras a partir da transição para mobilidade elétrica e renovável. De acordo com a Agência Internacional de Energia, os materiais feitos a partir de petroquímicos devem ser o maior impulsionador do crescimento dessa indústria a partir de 2026.

Entenda o que estava em discussão no Tratado Global de Plásticos:

Entre os temas principais da mesa estavam:

  • A eliminação gradual dos produtos plásticos e petroquímicos que prejudicam o meio ambiente e a saúde;
  • Gestão de resíduos plásticos e a responsabilização estendida dos produtores sobre os polímeros;
  • Economia circular e novos critérios para embalagens e produtos que priorizem o reuso, reparo e reciclabilidade dos materiais;
  • Taxas de limite na utilização e produção de plásticos virgens;
  • Financiamento para a transição de uma economia limpa.

Além do desafio nas metas ousadas, outro obstáculo pode ter surgido: países como a Arábia Saudita podem ter trabalhado para atrasar o avanço das negociações. De acordo com um estudo da Climate Social Science Network, o reino conta com um histórico de operar para que sejam aceitas metas pouco ousadas e o mais lentamente possível.

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Durante o Tratado de Plásticos, os negociadores sauditas buscavam atingir o consenso dos países ao invés do voto majoritário. A segunda estratégia costuma ser mais utilizada nas negociações da ONU, já que é raro conseguir unir nações controversas no mesmo tema. Assim, mais nações puderam se opor às medidas discutidas.

Os Estados Unidos também se opuseram à parte das negociações, classificando as metas de produção como "impraticáveis" e se opondo a tornar os produtos plásticos mais caros, o que reduziria o seu consumo.

Na União Europeia, que já conta com regras mais restritas sobre o uso de plásticos de uso único, ministros afirmaram durante as negociações que buscavam uma solução, mas “não a qualquer custo”.

Veja a repercussão de especialistas

O não-acordo gerou decepção entre especialistas. Zaynab Sadan, líder global de políticas sobre plásticos do WWF, afirmou que os países fracassaram ao não chegar a um acordo em Genebra. “Esse resultado não é o que as comunidades, os cientistas, as empresas e a sociedade civil exigiram, nem o que nossos líderes prometeram”, afirmou.

O diretor de impacto político da organização, Efraim Gomez, afirmou que embora os países tenham resistido a concordar com metas sem impacto, cabe os Estados-membros “explicar e demonstrar como continuar no caminho do INC pode ser eficaz para enfrentar a urgente crise global da poluição plástica, que causa danos às pessoas e à natureza em todo o mundo”, disse.

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Pedro Prata, gerente sênior de instituições e políticas na américa latina na Fundação Ellen MacArthur, declarou que seguir na lógica linear de produção e consumo de plástico manterá as taxas de poluição de ecossistemas, ameaças para a biodiversidade e o comprometimento da saúde.

“É fundamental que os governos encontrem novos caminhos para implementar medidas eficazes e em escala, capazes de transformar o modelo econômico do setor, adotando a economia circular como base para eliminar o desperdício e regenerar a natureza”, contou.

Prata ainda contou que nesse cenário, o protagonismo das empresas na criação de metas individuais cresce. “Embora mais limitadas em resolver amplamente a crise plástica, essas iniciativas avançam nessa direção e mantêm o tema em evidência”, disse.

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