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O hospital já é referência em boas práticas ambientais e é carbono neutro desde 2021 (Divulgação)
Repórter de ESG
Publicado em 27 de junho de 2025 às 11h56.
Última atualização em 27 de junho de 2025 às 14h47.
O Complexo Pequeno Príncipe, em Curitiba, acaba de lançar uma iniciativa pioneira no setor de saúde e se torna o primeiro hospital do Brasil a adquirir créditos de biodiversidade.
Para além das fronteiras nacionais, esta é primeira vez no mundo que o braço pediátrico conquista a certificação ambiental.
Com um investimento de US$ 15 mil (R$ 82.580), a instituição comprou 5 mil créditos -- o que representa um terço da necessidade para mitigar sua "pegada de biodiversidade".Diferentemente do mercado de carbono, este tipo calcula o impacto das operações na natureza e que precisa ser compensado através de ações de conservação.
A negociação foi realizada com a Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), organização com quatro décadas de experiência na proteção da Mata Atlântica. Os créditos adquiridos são provenientes de uma fração dos 19 mil hectares de Reservas Naturais mantidos pela SPVS no litoral norte do Paraná.
Clóvis Borges, diretor-executivo da organização, vê na parceria um potencial transformador para inspirar novas iniciativas em larga escala.
Segundo o Pequeno Príncipe, a conquista coloca o país na vanguarda e marca o início de uma nova era na integração do setor com a sustentabilidade.
"Eu fico feliz de darmos esse exemplo, mantendo nossa tradição de pioneirismo. O fato de sermos o primeiro do mundo também demonstra nossa contemporaneidade e foco no futuro", destacou José Álvaro Carneiro, diretor-corporativo do Complexo Pequeno Príncipe.
O projeto utiliza a Certificação LIFE de Créditos de Biodiversidade, metodologia brasileira desenvolvida há 15 anos e estruturada para a geração, validação e comercialização e que já opera em toda Europa e América Latina.
O Pequeno Príncipe não está apenas comprando créditos por obrigação. A instituição já mantém elevados padrões ambientais - é carbono neutro desde 2021 e possui reconhecimento internacional como padrão ouro no Prêmio Global Health Care Climate Challenge.
"Já fazemos muito na busca por eficiência no uso de energia e água, na redução de emissões de gases de efeito estufa e na gestão de resíduos. Ainda assim, consideramos essas ações insuficientes diante da gravidade da crise climática", disse José.
Para o diretor, a iniciativa reflete uma visão ampla. "Sabemos que não basta tratar a doença — é preciso cuidar do ambiente onde nossas crianças vão crescer e viver. Ao investir em créditos de biodiversidade, reafirmamos que saúde e natureza estão profundamente conectadas", afirma.
A diretora-executiva do Instituto LIFE, Regiane Borsato, também destacou o simbolismo da iniciativa e um marco na forma como as empresas brasileiras podem se posicionar frente aos desafios ambientais urgentes.
Os créditos de biodiversidade surgiram a partir do Marco Global da Biodiversidade, estabelecido na COP15, em Montreal, em 2022. Diferentemente de meros instrumentos de compensação, eles representam ganhos reais e mensuráveis na preservação da natureza.
Para gerar os créditos, são considerados fatores como tamanho e localização da área, importância ecológica, fragilidade e papel na manutenção de serviços ecossistêmicos.
"Os critérios permitem a priorização de ações de conservação e da importância biológica de áreas naturais em função do contexto ecológico de cada país", explicou Natasha Choinski, técnica da SPVS responsável pelos processos de certificação.