Como a população gaúcha foi afetada pelas enchentes históricas do Rio Grande do Sul?
A partir desta segunda-feira, 15, uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) irá avaliar pela primeira vez os impactos de um evento climático extremo no Brasil.
Mais de um ano após a tragédia que abalou mais de 400 municípios gaúchos, os dados coletados devem orientar políticas públicas de prevenção e adaptação, além de contribuir para o planejamento urbano em áreas de risco.
O mapeamento em caráter experimental será realizado integralmente por telefone até 19 de dezembro e deve abranger mais de 30 mil residências em 133 municípios atingidos, segundo o IBGE.
Márcio Pochmann, presidente do IBGE, afirmou que a iniciativa representa um ganho imenso para o conhecimento público, além de subsídios necessários às estratégias de atenção às mudanças climáticas no país.
A divulgação dos resultados está prevista para o primeiro semestre de 2026.
Metodologia pioneira no Brasil
A pesquisa surge como resultado da participação do IBGE na força-tarefa criada pela governo federal para auxiliar o Rio Grande do Sul após o desastre. O projeto incluiu a criação do Singed Lab, laboratório de inovação do instituto.
A gerente substituta de Estudos e Pesquisas Sociais do IBGE, Juliana Paiva, destacou o pioneirismo da abordagem que passa a ser realizada totalmente de forma remota ao invés das tradicionais visitas nas residências.
O estado foi dividido em sete regiões para facilitar a coleta. A primeira fase, que começou hoje, abrange 12 municípios da região metropolitana de Porto Alegre, incluindo a capital, Canoas, Gravataí e Cachoeirinha.
O questionário aborda múltiplas dimensões dos impactos das enchentes, incluindo danos físicos aos domicílios, interrupção de serviços essenciais, vizinhança, ocorrências de resgate e evacuação e até consequências na saúde física e mental dos moradores.
Além disso, traça o perfil socioeconômico da população, alterações na educação e trabalho, qualidade de vida atual, acesso a auxílios financeiros públicos e percepções sobre medidas de prevenção e recuperação.
Para participar, o informante deve ter estado presente no domicílio durante as enchentes (no período de abril a maio de 2024) e ter pelo menos 14 anos de idade. A identidade dos agentes pode ser confirmada pelo telefone 0800 721 8181 ou pelo e-mail: peers@ibge.gov.br.
Cronograma regional
A pesquisa seguirá um cronograma específico por região:
- 15 a 26 de setembro: Região Metropolitana (12 municípios)
- 29 de setembro a 10 de outubro: Novo Hamburgo e região (23 municípios)
- 13 a 17 de outubro: Passo Fundo e região norte (25 municípios)
- 20 a 31 de outubro: Santa Cruz do Sul e região central (39 municípios)
- 3 a 7 de novembro: Pelotas e região sul (6 municípios)
- 10 a 14 de novembro: Caxias do Sul e Serra (11 municípios)
- 17 a 28 de novembro: Santa Maria e região oeste (17 municípios)
- 1º a 19 de dezembro: Repescagem em todas as regiões
Enchentes no RS
As enchentes, que afetaram 96% dos municípios e desalojaram mais de 81 mil pessoas, escancaram omissões graves: ocupação irregular e infraestrutura inadequada. Um estudo da Agência Nacional de Águas (ANA) revelou que 35% a 40% dos atingidos na região metropolitana estavam em áreas com sistemas de proteção falhos.
Além disso, projeções indicam que catástrofes climáticas semelhantes as do Rio Grande do Sul podem ser cinco vezes mais frequentes nos próximos anos.
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Imagem aérea de sobrevoo do presidente Lula em Canoas (RS)
(Imagem aérea de sobrevoo do presidente Lula em Canoas (RS))
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Homens movem pacotes em um barco através de uma rua inundada no centro histórico de Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em 14 de maio de 2024. Crédito: Anselmo Cunha / AFP)
(Homens movem pacotes em um barco através de uma rua inundada no centro histórico de Porto Alegre)
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Vista das áreas inundadas ao redor do estádio Arena do Grêmio em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, tirada em 29 de maio de 2024. A água e a lama tornaram os estádios e sedes do Grêmio e Internacional inoperáveis. Sem locais para treinar ou jogar futebol, os clubes brasileiros tornaram-se equipes itinerantes para evitar as enchentes que devastaram o sul do Brasil. (Foto de SILVIO AVILA / AFP)
(Vista das áreas inundadas ao redor do estádio Arena do Grêmio em Porto Alegre)
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Vista aérea do centro de treinamento do Internacional ao lado do estádio Beira Rio em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, tirada em 29 de maio de 2024. Foto de SILVIO AVILA / AFP
(Vista aérea do centro de treinamento do Internacional ao lado do estádio Beira Rio em Porto Alegre)
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Pessoas atravessam uma ponte flutuante para pedestres sobre o rio Forqueta, entre os municípios de Lajeado e Arroio do Meio, no Rio Grande do Sul, Brasil, em 21 de maio de 2024. O Rio Grande do Sul experimentou um desastre climático severo, destruindo pelo menos seis pontes e causando interrupções generalizadas no transporte. O exército respondeu construindo pontes flutuantes para pedestres, uma solução temporária e precária para permitir que a infantaria atravesse rios durante conflitos. (Foto de Nelson ALMEIDA / AFP)
(Pessoas atravessam uma ponte flutuante para pedestres sobre o rio Forqueta)
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Ana Emilia Faleiro usa um barco para transportar suprimentos em uma rua inundada em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, em 26 de maio de 2024. O estado sulista do Rio Grande do Sul está se recuperando de semanas de inundações sem precedentes que deixaram mais de 160 pessoas mortas, cerca de 100 desaparecidas e 90% de suas cidades inundadas, incluindo a capital do estado, Porto Alegre. (Foto de Anselmo Cunha / AFP)
(Ana Emilia Faleiro usa um barco para transportar suprimentos em uma rua inundada em Porto Alegre)
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Um homem limpa sua casa atingida pela enchente no bairro Sarandi, um dos mais atingidos pelas fortes chuvas em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em 27 de maio de 2024. Cidades e áreas rurais no Rio Grande do Sul foram atingidas por semanas por um desastre climático sem precedentes de chuvas torrenciais e enchentes mortais. Mais de meio milhão de pessoas fugiram de suas casas, e as autoridades não conseguiram avaliar completamente a extensão dos danos. (Foto de Anselmo Cunha / AFP)
(Um homem limpa sua casa atingida pela enchente no bairro Sarandi)
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Alcino Marks limpa corrimãos sujos de lama após a enchente no bairro Sarandi, um dos mais atingidos pelas fortes chuvas em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em 27 de maio de 2024. Esta é a segunda enchente histórica que Marks enfrenta aos 94 anos de idade. A primeira foi em 1941, quando ele morava no centro de Porto Alegre. Cidades e áreas rurais no Rio Grande do Sul foram atingidas por semanas por um desastre climático sem precedentes de chuvas torrenciais e enchentes mortais. Mais de meio milhão de pessoas fugiram de suas casas, e as autoridades não conseguiram avaliar completamente a extensão dos danos. (Foto de Anselmo Cunha / AFP)
(Alcino Marks limpa corrimãos sujos de lama após a enchente no bairro Sarandi)
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(Um trabalhador usa uma mangueira de alta pressão para remover a lama acumulada pela enchente)
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(Destruição no RS após chuvas e enchentes)
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Vista da estátua de José e Anita Garibaldi na inundada Praça Garibaldi, no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, tirada em 14 de maio de 2024. Foto de Anselmo Cunha / AFP
(Vista da estátua de José e Anita Garibaldi na inundada Praça Garibaldi)
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Resgate de pessoas afetadas pelas chuvas no Rio Grande do Sul, na Base Aérea de Santa Maria (RS).
(Resgate de pessoas afetadas pelas chuvas no Rio Grande do Sul, na Base Aérea de Santa Maria)
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Eduardo Leite: “Faremos de tudo para garantir que a reconstrução preserve nossas vocações”
(Eduardo Leite: “Faremos de tudo para garantir que a reconstrução preserve nossas vocações”)
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Imagem aérea de sobrevoo do presidente Lula em Canoas (RS)
(Imagem aérea de sobrevoo do presidente Lula em Canoas (RS))
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(Imagem aérea da destruição no Rio Grande do Sul - Força Aérea Brasileira/Reprodução)
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Vista aérea mostrando a estrada ERS-448 inundada em Canoas, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em 13 de maio de 2024. Foto de Nelson ALMEIDA / AFP
(Vista aérea mostrando a estrada ERS-448 inundada em Canoas)
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(Vista aérea mostrando a estrada ERS-448 inundada em Canoas, no estado do Rio Grande do Sul)