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Investimentos em adaptação climática geram retorno financeiro 10 vezes maior, revela WRI

Estudo lançado nesta terça-feira, 3, considerou 320 aportes em 12 países e apontou para um ganho potencial de mais de US$ 1,4 trilhão com medidas visando tornar as cidades mais resilientes

 (Kadek Bonit Permadi/Getty Images)

(Kadek Bonit Permadi/Getty Images)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 3 de junho de 2025 às 13h30.

Em um cenário de alta dos riscos climáticos globais e crescente pressão sobre recursos financeiros, um novo estudo do World Resources Institute (WRI) lançado nesta terça-feira, 3, traz evidências robustas de que investir em adaptação e resiliência climática é bem mais interessante economicamente do que esperar o desastre acontecer.

Isto porque, cada dólar investido nessa área pode gerar mais de US$ 10 em benefícios ao longo de dez anos. Já a inação pode custar caro: os desastres relacionados à mudança do clima causaram mais R$ 21 trilhões em prejuízos desde o início dos anos 2000 e perdas de até 22% no PIB, alertou recentemente o Boston Consulting Group (BCG).

A nova análise considerou 320 investimentos distribuídos em 12 países, totalizando US$ 133 bilhões. Os resultados apontam para um ganho potencial de mais de US$ 1,4 trilhão (R$ 7,94 trilhões), com retornos médios de 27%.

A adaptação é um conceito que abrange uma série de ações concretas que visam minimizar os impactos já previstos em consequência da crise climática, como eventos extremos cada vez mais frequentes e intensos.

Neste guarda-chuva de medidas, estão aquelas voltadas à infraestrutura e planejamento das cidades, visando torná-las mais resilientes frente a nova realidade do clima. A exemplo, estão a construção de diques e barreiras, sistemas de drenagem e até edificações resistentes ao calor.

Entre os setores analisados na pesquisa, o da saúde se destaca com retornos superiores a 78%. A alta rentabilidade está relacionada aos significativos benefícios de proteger vidas humanas dos impactos climáticos, frente ao estresse térmico ou doenças de maior propagação a altas temperaturas como a malária e a dengue.

Outros investimentos em gestão de riscos de desastres, particularmente sistemas de alerta precoce, também demonstraram retornos elevados ao preservar tanto vidas quanto infraestrutura.

Benefícios constantes, independente de desastres

A avaliação foi feita em um conceito de "triplo dividendo da resiliência", que engloba três tipos principais de retorno: perdas evitadas por desastres climáticos, ganhos econômicos induzidos (geração de empregos e aumento da produtividade agrícola) e benefícios sociais e ambientais mais amplos (melhoria dos sistemas de saúde e biodiversidade).

Um dos destaques é que mais de 50% dos benefícios documentados ocorrem mesmo na ausência de desastres climáticos. O pesquisador sênior do WRI, Carter Brandon, explica que os projetos de adaptação produzem retornos diários através da geração de empregos, melhoria da saúde e fortalecimento das economias locais.

Infraestruturas projetadas para eventos extremos mantêm valor constante: sistemas de irrigação sustentam colheitas diversificadas durante todo o ano, enquanto centros de evacuação podem funcionar como centros comunitários.

Já as soluções baseadas na natureza, como proteção de bacias hidrográficas e zonas costeiras, frequentemente oferecem benefícios ecológicos e recreativos adicionais.

Relação entre adaptação e mitigação climática

Além disso, metade dos investimentos analisados também contribui para a redução de gases de efeito estufa, revelando importantes sinergias entre adaptação e mitigação climática

A relação aparece em setores como energia, florestas, transporte, cidades e agricultura, frequentemente através de soluções baseadas na natureza, incluindo plantio urbano, restauração florestal e proteção costeira.

Casos de sucesso no mundo

O WRI traz quatro projetos bem-sucedidos em diferentes países.

No Brasil, um de desenvolvimento urbano sustentável em Fortaleza, focado em resiliência a inundações, duplicou o retorno.

Na China, uma iniciativa rural de desenvolvimento verde em Yichang, com investimento em agricultura climática, gerou retorno quase duas vezes maior que o valor aplicado.

O Quênia implementou um projeto de inclusão social e econômica, fortalecendo sistemas de saúde com três vezes o retorno do investimento.

Por último, a África do Sul desenvolveu ações de gerenciamento de rios em Durban, alcançando retorno seis vezes maior que o custo inicial, com benefícios ecológicos e sociais.

Rumo à COP30

Em ano de COP30 em Belém do Pará, as conclusões reforçam a importância de destravar financiamento para medidas de adaptação climática, especialmente em países mais vulneráveis.

Dan Ioschpe, Campeão de Alto Nível do Clima da COP30, considera que as evidências fornecem um argumento econômico claro para ampliar ações.

Sam Mugume Koojo, co-presidente da Coalizão de Ministros das Finanças para Ação Climática de Uganda, também destacou o verdadeiro valor da resiliência e defendeu que os líderes reconheçam a adaptação climática não apenas como rede de segurança, mas como plataforma para o desenvolvimento.

Recomendações para políticas públicas

Com base nos resultados, o WRI apresenta três recomendações principais para formuladores de políticas públicas:

  • Tratar a adaptação como motor de oportunidade econômica;
  • Integrar a resiliência nas estratégias nacionais de desenvolvimento;
  • Adotar metodologias padronizadas de medição e relatório;

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