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Os projetos selecionados são das empresas Stegra, Green Energy Park e Grupo KWPar (Angel Garcia/Bloomberg/Getty Images)
Repórter de ESG
Publicado em 15 de outubro de 2025 às 18h00.
Última atualização em 15 de outubro de 2025 às 18h27.
O Acelerador da Transição Industrial (ITA), iniciativa global de descarbonização lançada na COP28, selecionou três novos projetos no Brasil voltados à produção de ferro, aço e produtos químicos usando hidrogênio verde.
No ano em que sedia a grande conferência do clima da ONU (COP30), o país foi escolhido para contemplar o primeiro programa com foco em acelerar tecnologias e soluções sustentáveis.
As empresas Stegra, Green Energy Park e Grupo KWPar estão à frente das inovações e vão receber suporte dedicado para superar barreiras regulatórias, de financiamento e de demanda até chegarem à decisão final de investimento (FID).
O líder do país do ITA, Marc Moutinho, disse em entrevista recente à EXAME que a expectativa é atrair os primeiros investidores na COP30.
Com os novos selecionados, o Brasil passa a ter 15 projetos apoiados pela organização, representando mais de US$ 23 bilhões (R$ 125,35 bilhões) em oportunidades de atrair recursos bilionários. O anúncio foi feito em parceria com o Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Todos os projetos focam em setores considerados difíceis de descarbonizar, justamente aqueles que mais emitem gases de efeito estufa na indústria pesada.
A meta é aumentar significativamente o pipeline até 2030, permitindo que materiais e combustíveis limpos ganhem escala comercial e se tornem competitivos.
"Nosso trabalho em campo com desenvolvedores de projetos em diversas regiões ao longo do ano mostra que quando líderes corporativos, financeiros e governamentais se unem, soluções são discutidas, a confiança aumenta e os avanços são mais rápidos", destacou Faustine Delasalle, diretora executiva do ITA.
Já a secretária de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do ministério, Julia Cruz, disse que a forte parceria reforça a estratégia de construir uma nova base industrial, verde, inclusiva e competitiva.
Além dos três recém-selecionados, o ITA já apoia no Brasil outras iniciativas de gigantes como Fortescue, European Energy, Acelen, Votorantim Cimentos, Mizu Cimentos, Alcoa, Gerdau, Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) e Atlas Agro.
O portfólio abrange desde combustível de aviação sustentável até cimento, alumínio e amônia de baixo carbono — todos com potencial de contribuir para a descarbonização de setores que, juntos, respondem por quase um terço das emissões globais.
"Apoiamos aqueles que contribuem com visão de neutralidade climática para a indústria do futuro, que empregam diferentes soluções e em escalas, mas que impactam positivamente as cadeias de produção industrial", destacou Marc.
A nova rodada de seleção reforça a posição do Brasil no chamado "cinturão industrial solar", grupo de países com alta disponibilidade de energia renovável e condições favoráveis para atrair indústrias limpas.
Segundo relatório divulgado pela Mission Possible Partnership (MPP), que coordena o ITA, o Brasil já garantiu US$ 6 bilhões em investimentos concretos e tem pela frente oportunidades de atair até US$ 55 bilhões.
"Países como o Brasil estão aproveitando a oferta abundante e competitiva de recursos naturais para se posicionar na vanguarda da indústria do futuro", afirmou Faustine.
No ranking global, o Brasil figura entre os dez países com maior portfólio de projetos de indústria limpa em escala comercial. São 23 iniciativas no total: quatro já financiadas ou em operação e 19 aguardando investimento.
Na América do Sul, lidera com folga. A região soma 53 voltados à amônia de baixo carbono, sete de combustível de aviação sustentável, cinco de produtos químicos avançados e três de alumínio limpo.
O governo brasileiro estrutura US$ 3,4 bilhões em incentivos fiscais para hidrogênio verde, que devem começar a ser liberados em 2028 por meio de leilões competitivos. A medida integra o Plano de Transição Ecológica e a estratégia Nova Indústria Brasil.
O ITA também faz parceria com a Plataforma Brasil de Clima e Transformação Ecológica (BIP) para financiar projetos alinhados com essas estratégias nacionais.
"Há potencial para expandir parcerias e ampliar o impacto das inovações desenvolvidas, mas isso exige engajamento multissetorial, agilidade regulatória e financiamento contínuo", concluiu Marc.