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'Não estamos esperando por milagres, a economia está do nosso lado', diz secretário do clima da ONU

Em discurso otimista na Semana do Clima de NY, Simon Stiell destaca que 90% das energias renováveis já custam menos que combustíveis fósseis e cobra implementação acelerada rumo à COP30

Secretário executivo da ONU para mudanças climáticas, Simon Stiell: "Mesmo que de forma imperfeita, as COPs recentes entregaram resultados concretos e deram passos globais" (UN Photo/Cia Pak/Divulgação)

Secretário executivo da ONU para mudanças climáticas, Simon Stiell: "Mesmo que de forma imperfeita, as COPs recentes entregaram resultados concretos e deram passos globais" (UN Photo/Cia Pak/Divulgação)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 22 de setembro de 2025 às 15h30.

Última atualização em 22 de setembro de 2025 às 18h17.

"Sem a cooperação climática, estaríamos caminhando para 5 graus de aquecimento – um futuro impossível. Hoje estamos mais próximos de 3ºC", alertou o secretário executivo da ONU para mudanças climáticas, Simon Stiell, durante abertura da Semana do Clima de Nova York nesta segunda-feira, 22.

Em um discurso otimista rumo à COP30 em Belém do Pará, Stiell destacou que a transição para uma economia de baixo carbono não depende mais de "milagres", mas de vontade política e implementação acelerada das tecnologias verdes já disponíveis em todos os setores.

"Não é tarefa fácil. Mas juntos construímos uma base extraordinária. Porque se olharmos além do ruído, os fatos mostram um mundo se alinhando com o Acordo de Paris", sustentou.

Entre os avanços expressivos, o executivo cita a expansão de energia limpa e os investimentos aumentando em dez vezes em uma década, além de sinais positivos em eletrificação, eficiência e armazenamento e construção de resiliência para adaptação climática das cidades.

"A economia está do nosso lado. Hoje, mais de 90% das novas energias renováveis custam menos que a opção fóssil nova mais barata", exemplificou.

Por outro lado, Stiell lembra que "o boom é desigual e seus vastos benefícios não são compartilhados por todos", o que traz um dos grandes desafios do momento: espalhar os frutos da ação climática para bilhões de pessoas no mundo.

Como próximo passo, Simon argumenta que é preciso estender este alinhamento de Paris em cada país e setor, através dos fluxos de financiamento voltados ao combate à crise do clima, enquanto "desastres ambientais estão atingindo cada economia e sociedade com mais força a cada ano", citou.

Potencial desperdiçado de US$ 1,6 trilhão

Um dos pontos mais críticos do discurso foi sobre a necessidade de transformação industrial em larga escala. O secretário revelou que US$ 1,6 trilhão em projetos de indústria limpa "permanecem ociosos", classificando isso como "potencial desperdiçado".

"Nos próximos cinco anos, podemos desencadear um progresso enorme – impulsionado por inovadores e empreendedores, habilitado por governos alinhados com Paris, criando milhões de bons empregos", frisou.

Neste sentido, o executivo anunciou apoio a uma nova iniciativa global do Acelerador de Transição Industrial (ITA), batizado de "Build Clean Now" e que também foi lançado nesta terça-feira, 22.

Segundo a organização que foca nos setores mais intensivos em emissões, o objetivo é acelerar o progresso e gerar benefícios econômicos e sociais.  A meta de curto prazo é levar pelo menos 50 projetos à decisão final de investimento (FID) entre 2025 e 2026. Atualmente, o financiamento é o maior gargalo para escalar as soluções sustentáveis. 

"Para ampliar a implementação, precisamos desse conjunto de ferramentas e soluções nas mãos de cada nação. Para ter sucesso em um mundo em rápida mudança, devemos aproveitar os multiplicadores de força", destacou.

Inteligência artificial como "multiplicador de força"

Stiell também abordou o papel controverso da inteligência artificial na transição climática.

"A IA não é uma solução pronta, e carrega riscos. Mas também pode ser revolucionária", disse.

Para o executivo, se utilizada de forma adequada, "a tecnologia libera capacidade humana para tarefas mais complexas e não a substitui", destacando aplicações práticas como "gerenciamento de microrredes, mapeamento de risco climático e decisões sobre cidades e infraestruturas mais resilientes"

Roteiro Baku a Belém

Dentro do roteiro Baku a Belém, o executivo frisou que "nunca devemos perder de vista o quão longe chegamos".

"Mesmo que de forma imperfeita, as COPs recentes entregaram resultados concretos e deram passos globais", lembrou.

Mirando a COP30 em Belém do Pará em novembro, Stiell estabeleceu expectativas claras e reiterou que a conferência "deve responder ao estado dos NDCs [Contribuições Nacionalmente Determinadas], ao roteiro para o 1,3 trilhão de dólares anuais de financiamento" e "não deve deixar ninguém para trás."

Na última COP29 em Baku, no Azerbaijão, os países concordaram em mobilizar apenas 300 bilhões de dólares anuais, muito aquém da necessidade para driblar os efeitos mais severos do clima. 

Em tom otimista, finalizou dizendo que a história climática do mundo não começou e nem terminará na COP30.

"Cada COP constrói sobre a última. É assim que forjamos progresso. Cada COP tem seus desafios. E sempre há pessimistas. Mas eles só são a história se os fizermos a história".

Em um apelo final para a ação climática global, Stiell pediu para que a humanidade não se dê ao luxo de tropeçar e para que a comunidade internacional não volte atrás em compromissos.

"O mundo ainda está solidamente por trás de Paris, e totalmente a bordo para cooperação climática – porque funciona, e juntos faremos funcionar mais rápido. Vamos reconhecer, reafirmar, responder. Este é o caminho para, através, e além de Belém", concluiu.

Assembleia Geral da ONU acontecerá em Nova York de 23 a 29 de setembro e marca os 80 anos da ONU, em meio a uma série de tensões geopolíticas.

A expectativa é de que o Brasil utilize os holofotes para assumir seu protagonismo na agenda climática às vésperas da COP30, com foco no Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) e pacificação da Palestina. 

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