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Embora tenha registrado uma redução de 12% no desmatamento em 2024, o Piauí segue sob alerta crítico na região do Matopiba e avança para frear em 10% o problema ambiental com o programa
Repórter de ESG
Publicado em 10 de julho de 2025 às 11h13.
Última atualização em 10 de julho de 2025 às 16h11.
O Piauí, estado da região do Matopiba conhecida por estar dentro do arco do desmatamento, deu um passo para conter a devastação florestal e lançou um programa para gerar 20 milhões de créditos de carbono até 2030 por meio de políticas públicas efetivas.
O plano? comercializar para empresas e países que buscam cumprir suas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa.
A iniciativa segue o exemplo de outros projetos pioneiros recentes implementados no Pará e Tocantins, com o Brasil no centro das atenções globais por sediar a COP30 neste ano e se posicionando como terreno fértil para soluções verdes e oportunidades no mercado de carbono.
Segundo o último levantamento do Mapbiomas referente a 2024, o Cerrado é o bioma que lidera em área desmatada, respondendo por 52,5% (652.197 hectares) e o Piauí está em alerta crítico junto com Maranhão, Tocantins e Bahia. Juntos, os quatro correspondem a 42% de toda vegetação suprimida no país.
Por outro lado, [grifar]o governo estadual celebrou um recuo de 12% no ano passado e agora visa reduzir mais 10% até o final de 2025 com o novo programa.
À EXAME, Pedro Plastino, especialista em negócios climáticos e um dos fundadores da Future Carbon, destacou que o modelo adotado pelo Piauí é promissor por ser inclusivo e permite a participação tanto do governo federal, quanto dos estados e de produtores rurais de todos os portes.
"Utilizar a força do estado para proteger a floresta e estruturar sua inserção na agenda de carbono é estratégico. É uma forma concreta de transformar nosso ativo ambiental em solução para o passivo social — e essa é uma das principais alavancas para que o Brasil destrave seu potencial", disse.
Já o desenvolvimento será realizado pela empresa de serviços ambientais Geonoma, também sócia da Mercuria e à frente do projeto no Tocantins.
Em nota, o governo ressaltou que os créditos gerados por estados são conhecidos como REDD+ jurisdicionais e envolvem ações de preservação florestal em todo seu território, não se limitando a áreas específicas ou delimitadas.
Este selo é um dos mais rigorosos do mercado voluntário de carbono. Pela sua maior abrangência em extensão, o foco é evitar a migração do desmatamento para regiões vizinhas.
Segundo o governador, Rafael Fonteles, o acordo representa um passo importante no combate à crise climática.
"Não apenas protegeremos nossas florestas, mas também criaremos oportunidades sustentáveis para nossas comunidades”, destacou em nota.
No caso do Pará, sede da COP30, o anúncio foi realizado em setembro do ano passado durante a Semana do Clima de Nova York e prevê a venda de 12 milhões de créditos de carbono. A quantia, comercializada a US$ 15 por tonelada, se tornou o maior contrato de comercialização de CO2 da história, atingindo o valor de quase R$ 1 bilhão.
Já no Tocantins, a estimativa é gerar 13 milhões de créditos, também em parceria com a Mercuria.
Na semana passada, o Brasil também conquistou uma posição de destaque ao emitir os primeiros créditos por agricultura regenerativa nas Américas. Com a regulamentação do mercado regulado de carbono em novembro de 2024, a expectativa é destravar novos projetos nos próximos anos e abrir oportunidades tanto na comercialização nacional como internacional.
Segundo Plastino, o cenário é promissor e embora este mercado ainda esteja nos primeiros passos, há um potencial imenso.
"O Brasil é a Arábia Saudita dos créditos de carbono, qualquer iniciativa de reflorestamento, proteção de florestas ou tecnologia sustentável tem um peso enorme. As empresas já entenderam isso e estão enxergando sustentabilidade como negócio", complementou.