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Extremos: altas temperaturas, aumento do nível dos oceanos e furações são o retrato da crise climática (Marco Antonio Perez/AFP)
Jornalista
Publicado em 6 de novembro de 2025 às 13h49.
Última atualização em 6 de novembro de 2025 às 15h35.
O ano de 2025 deve ser o segundo ou terceiro mais quente da história, segundo o Relatório sobre o Estado do Clima 2025 da Organização Meteorológica Mundial (OMM), órgão ligado à Organização das Nações Unidas (ONU). O documento, apresentado na Cúpula de Líderes da COP30, em Belém (PA), traz um alerta sobre a aceleração da crise climática.
Entre janeiro e agosto deste ano, a temperatura média global ficou cerca de 1,42°C acima dos níveis pré-industriais. O relatório aponta que as concentrações de gases de efeito estufa (GEE), que retêm calor, atingiram o nível mais alto dos últimos 800 mil anos. Além disso, o aumento de dióxido de carbono entre 2023 e 2024 foi o maior já registrado.
“O aumento recorde nos níveis de GEE significa que será praticamente impossível limitar o aquecimento global a 1,5°C nos próximos anos sem ultrapassar temporariamente a meta do Acordo de Paris”, afirmou Celeste Saulo, secretária-geral da OMM em discurso na COP30.
Em seu discurso, a representante da OMM também relatou que o conteúdo de calor dos oceanos está em níveis recordes, provocando danos duradouros a ecossistemas marinhos e impulsionando o aumento do nível do mar. O gelo marinho da Antártida e do Ártico permanece em níveis historicamente baixos.
Celeste destacou ainda que os eventos extremos — como ondas de calor, incêndios e ciclones tropicais mais intensos — vêm se tornando mais frequentes. Foi citado o exemplo do furacão Melissa, ocorrido na semana passada, como exemplo dos impactos crescentes da crise climática.
“Este não é apenas um aviso distante. É a realidade de hoje. E é o futuro que as próximas gerações terão de enfrentar”, destacou a representante da OMM.
Apesar do cenário alarmante, Celeste também apontou avanços. Desde 2015, o número de países com sistemas de alerta precoce para múltiplos riscos mais do que dobrou, contribuindo para salvar vidas em regiões vulneráveis. Cerca de dois terços dos serviços meteorológicos nacionais já oferecem informações climáticas voltadas à agricultura e à saúde.
A porta-voz da OMM reforçou que a ciência está ajudando a orientar soluções e que o avanço da energia renovável e da “inteligência climática” pode tornar os sistemas energéticos mais resilientes.
“Temos a ciência para impulsionar as soluções. Que a COP30 seja lembrada não como mais um alerta ignorado, mas como o momento em que o mundo mudou de rumo – com a Amazônia como testemunha e a ciência como guia”, concluiu a representante.