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'Pacote Azul': o plano da COP30 para reduzir as emissões em 30%

Marinez Scherer, enviada-especial dos oceanos para a COP30, dá detalhes sobre plano de US$ 116 bilhões para proteção dos oceanos

De acordo com a bióloga e enviada-especial dos oceanos para a COP30, Marinez Scherer, o Pacote Azul está pronto para ser lançado (Leandro Fonseca/Exame)

De acordo com a bióloga e enviada-especial dos oceanos para a COP30, Marinez Scherer, o Pacote Azul está pronto para ser lançado (Leandro Fonseca/Exame)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 19 de novembro de 2025 às 08h00.

Última atualização em 19 de novembro de 2025 às 09h28.

Belém, Pará — O oceano chega a absorver até 30% de todo o carbono que é emitido na atmosfera, reduzindo os efeitos desses gases no aumento da temperatura em todo o planeta. No entanto, a sua preservação demorou a chegar às mesas de negociação nas Conferências Climáticas da ONU.

Nesta terça-feira, 18, a bióloga e enviada-especial dos oceanos para a COP30, Marinez Scherer, contou em coletiva de imprensa sobre o andamento do Pacote Azul, um plano que finalmente coloca os mares no centro do debate climático e propõe investimentos de US$ 116 bilhões ao ano para a preservação dos oceanos.

"Os oceanos não são periféricos. Estão no centro, junto com florestas e biodiversidade. Tudo está conectado", explicou. “Vivemos em um planeta só — oceanos, florestas e biodiversidade são o que mantêm nosso planeta equilibrado para implementar o que precisamos.”

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A enviada-climática ainda afirmou que foi lançada nesta segunda-feira, 17, uma ferramenta de rastreamento de danos capaz de medir o impacto aos oceanos a partir de dados científicos. "Os oceanos têm papel de regulador climático. As ferramentas para rastrear o progresso são claras. Tenho confiança de que a COP30 será o ponto de virada para avançar nessa agenda", ressalta a enviada especial.

Parte da "Agenda de Ação" da COP30, o documento detalha o papel dos oceanos no combate às mudanças climáticas e tem como objetivos a conservação marinha, a transição energética e o uso sustentável dos recursos oceânicos. Além disso, busca ampliar mecanismos de financiamento para escalar soluções baseadas no oceano, como restauração de manguezais e proteção de recifes de corais.

US$ 116 bilhões em metas ambiciosas

O documento estabelece metas até 2030 que incluem: investimento de pelo menos US$ 72 bilhões para proteger e restaurar 30% dos oceanos; US$ 4 bilhões anuais para sistemas alimentares aquáticos resilientes e sustentáveis; US$ 10 bilhões em financiamento para países em desenvolvimento para energia; e US$ 30 bilhões por ano para o turismo costeiro.

"Focamos os esforços no que é possível. Queremos sair apenas do discurso de implementação e caminhemos para resultados reais", explica Scherer. A enviada especial detalha que o pacote trabalha com 26 resultados e 17 soluções nas áreas de energias renováveis, conservação dos oceanos e turismo costeiro.

O trabalho, segundo a enviada-especial, também passa por buscar caminhos justos para trabalhadores que vivem da exploração marítima, bem como opções relacionadas à exploração de petróleo e gás.

Estrutura para atrair investimento privado

De acordo com Scherer, o Pacote Azul está pronto para ser lançado. Ela afirma que a urgência do tema cria uma estrutura forte para atrair o investimento privado. Um diferencial importante é a ferramenta de monitoramento lançada com o documento. "Isso dá aos ministros das finanças uma imagem da dimensão do desafio e do escopo do tema", explica.

Scherer explica que a estruturação do pacote foi pensada para envolver não apenas governos, mas todos os atores que já trabalham com os oceanos. "A agenda de ação foi organizada para isso. É o que a COP chama de organização dos outros eixos. Não é só o governo — vai ser implementado com quem já faz",

Força-tarefa para oceanos

O governo brasileiro também avançou durante a tarde desta terça-feira pela preservação dos oceanos: uma força-tarefa oceânica foi anunciada durante o encontro ministerial de alto nível da COP30. A iniciativa será liderada pelo Brasil e a França e busca acelerar a inclusão dos oceanos nas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), ou seja, planos climáticos nacionais.

Ao todo, 17 países já concordaram em incorporar o oceano nos seus planos climáticos. São eles: Brasil, França, Austrália, Fiji, Quênia, México, Palau, República das Seychelles, Chile, Madagascar, Reino Unido, Bélgica, Camboja, Canadá, Indonésia, Portugal e Singapura.

Durante evento, a diretora-executiva da Plataforma Oceano e Clima, Loreley Picourt, afirmou que a criação da força-tarefa é uma resposta ao apelo dos países para que o oceano seja refletido no documento final da COP30. “O Pacote Azul serve como um roteiro claro para passar da ambição global de avanços no oceano para a implementação concreta”, explica.

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