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Atualmente, há apenas apenas 78 usinas de geração solar remota e compartilhada no Pará e um imenso potencial inexplorado (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter de ESG
Publicado em 16 de julho de 2025 às 13h00.
A poucos meses de sediar a COP30, o Pará acaba de receber um investimento milionário para impulsionar a transição energética.
A TTS Energia, empresa de soluções em renováveis, fechou um contrato de R$ 17 milhões com a Genco, especializada em operação de empreendimentos fotovoltaicos, para a construção de duas usinas solares que somam 7,5 megawatts de potência e terão capacidade suficiente para abastecer cerca de 1,5 mil consumidores.
A primeira será na cidade de Moju e deve ficar pronta ainda em novembro de 2025, mesmo mês em que acontece a COP em Belém. Já a outra será em Paragominas e inicia as obras um pouco depois, com previsão para entrar em operação em janeiro de 2026.
Para Jacques Hulshof, CEO da TTS Energia, a iniciativa é relevante no contexto de descarbonização da Amazônia, que ainda é muito dependente do diesel poluente para ter acesso à eletricidade, e o novo contrato posiciona a companhia para grandes operações na região Norte.
Em muitas regiões remotas do Pará, ter energia ainda não é uma realidade e os combustíveis fósseis muitas vezes são a única alternativa. Por outro lado, há muito potencial inexplorado para expandir a fonte solar.
As duas usinas visam preencher uma lacuna significativa no estado: segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), existem 130 mil consumidores paraenses que possuem geração solar em suas residências ou estabelecimentos, mas apenas 78 usinas de geração solar remota e compartilhada como é o caso das duas novas que serão inauguradas.
A modalidade compartilhada ainda é incipiente na região, e a primeira do tipo foi inaugurada em agosto de 2016, também em Paragominas. O empreendimento da Cooperativa Brasileira de Energia Renovável (COOBER) tem capacidade de geração entre 12 mil e 17 mil kWh por mês, com investimento de cerca de R$ 1 milhão.
Já a maior em operação no Pará é a usina solar fotovoltaica da Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará), localizada em Santa Izabel, mas não segue o modelo de geração compartilhada e abastece apenas as necessidades da agência e suas unidades.
Enquanto a de Moju terá potência de 5 Megawatt, a de Paragominas somará 2,5 Megawatt. Ambas irão operar no modelo de geração compartilhada, permitindo que consumidores adquiram cotas por meio de consórcios ou cooperativas de uma usina remota conectada na mesma área de concessão da distribuidora local.
A usina de Moju será composta por 10,8 mil módulos fotovoltaicos instalados em solo com estrutura de tracker, tecnologia que acompanha a movimentação do sol para otimizar a geração. As obras devem começar ainda neste mês.
Em Paragominas, o empreendimento contará com 5,4 mil módulos, com início da construção programado para julho deste ano. A economia média na conta de luz estimada para os consumidores atendidos pelas usinas varia entre 12% e 20%.
Os dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) mostram que o Pará ultrapassou recentemente 1,3 gigawatt de potência instalada em sistemas fotovoltaicos em telhados, fachadas e pequenos terrenos, com mais de R$ 5,9 bilhões em investimentos acumulados na geração própria solar.
Este modelo já abastece mais de 164 mil consumidores no estado, com mais de 130 mil conexões operacionais da fonte fotovoltaica distribuídas por 143 cidades -- o equivalente a 99,3% dos 144 municípios paraenses.
Desde 2012, a modalidade já proporcionou ao Pará a geração de mais de 40 mil empregos e a arrecadação de mais de R$ 1,8 bilhão aos cofres públicos.