Patrocínio:
Parceiro institucional:
Para especialistas, esses aumentos de preços não são eventos isolados, mas sim reflexos de um novo padrão de clima extremo (Leandro Fonseca /Exame)
Repórter de ESG
Publicado em 21 de julho de 2025 às 18h30.
Se você está pagando mais nas suas refeições diárias, não é apenas a economia global que está pesando no seu bolso. As mudanças climáticas, como um fator crescente e inesperado, estão fazendo os preços de alimentos subirem em índices históricos.
Um estudo recente realizado pelo Barcelona Supercomputing Center e pelo European Central Bank (ECB) revela que o impacto do aquecimento global nos preços de alimentos, como alface, azeite de oliva e vegetais, é muito maior do que se imaginava – e é uma tendência crescente.
De acordo com a pesquisa, que analisou 16 eventos climáticos extremos entre 2022 e 2024, fenômenos como secas extremas, calor recorde e inundações estão diretamente ligados ao aumento acentuado nos preços agrícolas. Esses eventos, antes raros, passaram a se tornar mais frequentes e intensos, afetando a produção de alimentos em várias regiões do mundo.
Por exemplo, em 2022, as enchentes na Austrália causaram uma escassez de alface, elevando seu preço em até 300%. Na época, consumidores chegaram a pagar até $7,81 (cerca de R$ 43) por uma cabeça de alface – um salto de preço inesperado para um item comum.
A pesquisa não se limita a um único continente: na Europa, a produção de azeite de oliva sofreu um aumento de 50% nos preços, enquanto nos Estados Unidos, os vegetais sofreram um aumento de até 80% devido à seca na Califórnia e à falta de água no Arizona.
O que está claro, dizem os pesquisadores, é que esses aumentos de preços não são eventos isolados, mas sim reflexos de um novo padrão de clima extremo, agora cada vez mais frequente e imprevisível.
O estudo aponta que essas flutuações nos preços são impulsionadas pela combinação de fenômenos como El Niño, um padrão climático que trouxe ainda mais calor e secas, e a intensificação do aquecimento global, que prejudica as colheitas e aumenta os custos de produção.
Mas enquanto alguns preços podem se ajustar com o tempo, como no caso dos vegetais, outros produtos como café e carne – que exigem condições muito específicas para serem cultivados ou criados – têm suas flutuações mais duradouras.
O estudo não ignora o impacto direto no consumidor. Estima-se que as famílias britânicas pagaram £361 (aproximadamente R$ 2.709,03) a mais por alimentos entre 2022 e 2023 devido a esse fenômeno climático.
Com o aumento do aquecimento global e a maior frequência dos eventos climáticos extremos, os pesquisadores alertam para uma crescente necessidade de políticas públicas que ajudem os consumidores a lidar com esse aumento nos custos alimentares.
Mas, a longo prazo, a chave estará na redução das emissões de gases de efeito estufa e na contenção do aquecimento global. Embora as previsões climáticas possam alertar para eventos futuros, e a adaptação agrícola seja possível em alguma medida, a redução do impacto das mudanças climáticas é, sem dúvida, o passo mais importante para controlar a inflação alimentar.