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O Costa Diadema é operado pela Costa Cruzeiros e controlado pelo grupo Carnival Corporation & plc, com sede nos EUA (Divulgação)
Repórter de ESG
Publicado em 28 de agosto de 2025 às 13h17.
Última atualização em 28 de agosto de 2025 às 14h04.
Em meio à persistente crise de hospedagem em Belém faltando pouco mais de dois meses para a COP30, uma nova polêmica se adiciona ao imbróglio: um dos dois cruzeiros contratados pelo governo federal como solução emergencial não poderá receber delegações de 20 países.
A restrição inclui países membros da ONU como Cuba, Haiti, Irã, Coreia do Norte, Chade, Sudão e Somália no navio Costa Diadema, operado pela Costa Cruzeiros e controlado pelo grupo Carnival Corporation & plc, que tem sede americana.
A razão seria um conjunto de regulações do grupo que impede reservas por pessoas de nações sem relações diplomáticas com os Estados Unidos. A medida afeta especialmente países da África, mas também inclui alguns das Américas e Ásia.
Em nota, a Secretaria Extraordinária da COP destacou nesta quinta-feira, 28, que a barreira acontece por uma "exigência de caráter internacional, que não decorre de decisão da empresa contratada para operação, do governo brasileiro, da Embratur ou do Comitê Nacional da COP30".
Além do Diadema, o plano brasileiro inclui o MSC Seaview, operado por outra empresa, e que não teria nenhum tipo de limitação relacionada a nacionalidade. A seleção das operadoras foi feita por chamamento público, com intermediação da Qualitours, que confirmou as restrições.
Juntos, os dois transatlânticos poderão abrigar 6 mil pessoas em mais de 3,9 mil cabines e ficarão atracados no Terminal Portuário de Outeiro. Em obras, o porto também levantou outro desafio: está localizado a cerca de 20 km do centro da capital do Pará e é separado por vias de difícil acesso, o que poderá dificultar a locomoção durante o evento.
De 10 a 21 de novembro, pelo menos 50 mil pessoas são esperadas na capital do Pará e o governo brasileiro tenta driblar os desafios logísticos e de infraestrutura a menos de 80 dias da grande conferência do clima.
A distribuição das acomodações seguirá etapas coordenadas pela própria ONU. Primeiramente, as cabines serão oferecidas aos 98 países menores em desenvolvimento e países insulares, com diárias de até US$ 220 (R$ 1.210)
Em seguida, as demais delegações poderão adquirir acomodações por até US$ 600 (R$ 3,3 mil). Um dos pontos positivos das embarcações é a menor pegada de carbono, ao evitar a construção de novas estruturas que poderiam ficar ociosas após o evento.
Outras estratégias do Brasil para combater os gargalos contemplam a construção de novos hotéis, adaptação de escolas públicas e outros estabelecimentos para funcionarem como 'hostels' e parcerias com a plataforma Airbnb.
Após um bloco de 25 países capitaneados pelo Grupo Africano de Negociadores solicitar formalmente a mudança de sede da COP em Belém, o governo brasileiro passou a se mobilizar para driblar os preços exorbitantes das acomodações.
Um encontro motivado por um pedido da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) aconteceria inicialmente em 11 de agosto em busca de uma solução. Adiado duas vezes, acabou reunindo representantes da ONU e presidência da COP apenas em 22 de agosto.
Após a reunião, a presidência da COP reforçou que a COP30 não sairá de Belém e que "estão atentos e conscientes à necessidade dos países, além de precisarem que venham". Até então, apenas 47 de 196 países já confirmaram presença.
Como força-tarefa principal, o Brasil se comprometeu a trabalhou para garantir hospedagem de delegações dos 72 países mais vulneráveis e estados insulares, com pacotes entre US$ 100 e US$ 200 para 15 negociadores.
Com a mobilização a nível estadual e federal, os preços começaram a recuar e a plataforma de aluguel do Airbnb informou uma queda média de 22% nos valores de agosto em relação à alta de fevereiro. Por outro lado, usuários ainda relatam anúncios abusivos que colocam em xeque a participação tanto da sociedade civil, como de países e empresas.