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Projeto pioneiro de baterias da ISA Energia é 'resposta ao desafio da transição energética', diz CEO

Com investimento de R$ 150 milhões, primeiro sistema de armazenamento do Brasil em larga escala está no litoral sul paulista; À EXAME, companhia revela planos de expandir solução

O sistema de 30 MW de potência e capacidade de entregar 60 MWh por duas horas foi desenvolvido especificamente para atender as demandas sazonais do litoral paulista (ISA ENERGIA/Divulgação)

O sistema de 30 MW de potência e capacidade de entregar 60 MWh por duas horas foi desenvolvido especificamente para atender as demandas sazonais do litoral paulista (ISA ENERGIA/Divulgação)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 21 de julho de 2025 às 12h00.

Última atualização em 21 de julho de 2025 às 15h18.

"O desafio da humanidade hoje é a partir da expansão de energias renováveis e intermitentes, garantir a mesma estabilidade e qualidade que temos com hidrelétricas e térmicas", destacou em entrevista à EXAME Rui Chammas, diretor-presidente da ISA Energia.

A companhia é responsável pela transmissão de 30% da energia do Brasil e 95% no estado de São Paulo e implementou o primeiro sistema de armazenamento de energia em baterias em larga escala do país.

Há mais de dois anos em operação no litoral sul de São Paulo, o projeto está localizado na Subestação do município de Registro e representa uma resposta concreta ao grande desafio global da transição energética, destacou o CEO.

Com um investimento de R$ 150 milhões, se torna um exemplo bem-sucedido em inovação ao conciliar sustentabilidade com eficiência energética. As baterias, geralmente compostas de lítio, são uma das tendências do ano e devem ganhar escala com o leilão previsto para acontecer neste segundo semestre.

"Para nós, o maior ganho é justamente de, nesse pioneirismo, ser capaz de adquirir conhecimento e capacidade de operar melhor os sistemas de baterias", disse Rui.

Segundo o executivo, a solução se mostrou viável economicamente e já existem desenvolvedores para fazer baterias a base de sódio, um mineral muito mais abundante na natureza e presente na água do mar.

Mesmo ainda sem regras bem definidas pelo governo brasileiro, a ISA mira expandir a tecnologia e prevê injetar mais R$ 5,5 bilhões para reforço do grid de São Paulo nos próximos 5 anos, além de mais R$ 7,5 bilhões em cinco novos projetos: dois também no estado paulista e os outros três em Minas Gerais, Bahia e Rio de Janeiro.

"Entendemos que as baterias devem estar próximas ou do centro de demanda de energia para uma resposta rápida e direta e injetando onde é necessário, ou de locais onde há geração abundante de renováveis -- para se tornar mais econômica", ressaltou Rui.

Apagões no litoral paulista

Diferentemente de muitas empresas que utilizam a tecnologia como estratégia para "arbitragem de preços" (compram energia barata durante períodos de baixa demanda e vendem cara nos horários de pico), o projeto opera num modelo chamado de "peak shaving" (corte de picos) e visa resolver problemas operacionais da rede elétrica. 

"O objetivo é entregar energia para cortar o pico de demanda que sobrecarregaria toda a rede e evitar apagões", explicou Rui.

O sistema de 30 MW de potência e capacidade de entregar 60 MWh por duas horas foi desenvolvido especificamente para atender as demandas sazonais do litoral paulista e as baterias funcionam "como um transformador".

No verão e alta temporada, como no Carnaval e festas de final de ano, a chegada de turistas sobrecarrega a rede e antes era bastante comum a queda de luz.

A onda de calor de 2025 é um bom retrato: com temperaturas ultrapassando os 32°C e a presença de mais de 3 milhões de visitantes nas praias da região, o sistema demonstrou sua capacidade de mitigar riscos operacionais.

"Como resultado, conseguimos operar 22 linhas de transmissão e 12 transformadores sem nenhuma sobrecarga, garantindo confiabilidade mesmo diante da alta demanda e de eventos climáticos adversos", destacou a empresa.

Mudança de paradigma no setor elétrico

Com a expansão de renováveis, o CEO contextualiza a importância da inovação no que ele chama de "mudança de paradigma" no setor elétrico brasileiro.

"Se há 10 anos atrás você tinha geradores de energia estáveis, a transmissão que levava até a distribuidora entregava um perfil de consumo muito previsível", observou.

Com a transição energética, o Brasil passa por uma aceleração em fontes solares e eólicas e a geração deixa de ser estável e passa a ser intermitente e perecível, explicou.

O projeto da companhia coloca o Brasil entre os primeiros países na adoção de sistemas de armazenamento em baterias (BESS) em redes de transmissão, ao lado de potências como China e Estados Unidos, que já possuem alguns em operação, e países como Colômbia e Chile, que estão desenvolvendo iniciativas similares.

"O grid brasileiro atualmente já é 90% renovável e o uso da bateria tem o toque mágico de permitir que essa inclusão de mais fontes limpas se dê de maneira mais sustentável e eficiente", concluiu o executivo.

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