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Setor elétrico: coalizão busca protagonismo brasileiro na transição energética.
Publicado em 3 de setembro de 2025 às 11h00.
Em um setor elétrico tão diversificado quanto o brasileiro – onde convivem diferentes tipos de fontes de energia e múltiplos atores, que representam toda a cadeia da indústria elétrica, com interesses muitos distintos – encontrar consensos é um desafio que exige diálogo, visão estratégica e capacidade de ceder para avançar.
Ao colocar o Brasil no centro das atenções globais, a COP30 (30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), que será realizada em novembro, em Belém (PA), amplifica essa necessidade de alinhamento e convergência. Afinal será o momento de mostrar que, apesar das diferenças, somos capazes de construir acordos que fortaleçam todo o setor e projetem o país como liderança climática. A heterogeneidade, longe de ser um obstáculo, pode se tornar a força que impulsiona soluções criativas e inclusivas, capazes de equilibrar interesses e acelerar a transição energética.
Se falharmos nesse esforço, corremos o risco de comprometer não apenas a estabilidade e a competitividade do setor elétrico, mas também a capacidade do Brasil de cumprir seu papel no processo global de mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
Assim, mais do que um evento climático de alto nível, a COP30 será uma vitrine geopolítica para o Brasil, marcando a primeira vez em que uma cidade da Amazônia recebe as negociações globais sobre o clima. Nesse palco, o país terá a oportunidade de mostrar que não só possui ativos naturais estratégicos, mas também capacidade de articulação, inovação e liderança na construção de soluções para a crise climática.
Nesse contexto, o setor elétrico brasileiro desponta como um dos grandes trunfos nacionais. Ao contrário da maioria dos países, que ainda dependem fortemente de combustíveis fósseis, o Brasil já conta com uma matriz elétrica amplamente renovável, com forte participação de hidrelétricas e, mais recentemente, das fontes eólica e solar. Por isso, mais do que uma transição energética – que pressupõe substituições tecnológicas – vivemos uma transformação energética, focada em repensar como usamos a energia que já geramos de forma limpa.
Essa transformação coloca o setor elétrico em um novo papel: de fonte de energia, ele passa a ser instrumento para viabilizar a descarbonização de outros setores da economia brasileira. Isso significa eletrificar processos industriais, modernizar sistemas de transporte, e integrar a energia renovável a cadeias produtivas mais sustentáveis. Isso tudo precisa ser feito mantendo um equilíbrio fundamental: garantir a continuidade da renovabilidade da matriz sem comprometer a modicidade tarifária. Ou seja, energia limpa e acessível, que não pese no bolso da população nem nas contas da indústria.
É diante desse cenário estratégico que nasce o projeto da Coalizão do Setor Elétrico Brasileiro, uma iniciativa articulada pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e liderada tecnicamente pela PSR. A proposta é simples e poderosa: engajar os principais atores do setor em torno de uma agenda comum, propositiva e legítima. Com o apoio de associações como Abradee, Abrate, Abeeólica, Abrace, Abrage e Abiape, a Coalizão já reúne mais de 70 empresas com interesse em participar das discussões que acarretarão ações concretas para reforçar o protagonismo do setor na transição climática.
O projeto tem metas claras: mapear e engajar os principais agentes do setor, identificar oportunidades tanto do lado da oferta quanto da demanda de energia, e estruturar uma agenda de consenso que será consolidada em um relatório. Esse documento será lançado oficialmente antes da COP30, e entregue às autoridades brasileiras como uma contribuição concreta à agenda climática nacional.
Mais do que uma resposta à urgência ambiental, esta coalizão representa uma oportunidade histórica de mostrar ao mundo que o Brasil tem maturidade técnica, institucional e política para liderar uma transformação energética justa, ambiciosa e possível. Um caminho que alia renovabilidade, competitividade e visão de futuro – e que pode inspirar outras nações a seguir a mesma direção.