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Pesquisa aponta as ações de maior impacto ambiental que são subestimadas e as de menor impacto que são superestimadas (damedeeso/Getty Images)
Repórter de ESG
Publicado em 15 de agosto de 2025 às 14h37.
Um estudo publicado na Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos expôs uma lacuna entre a percepção pública e a realidade científica sobre as mudanças climáticas. O estudo demonstra que a maioria das pessoas superestima o impacto de ações cotidianas pela sustentabilidade, como reciclagem, enquanto subestima drasticamente decisões de maior peso ambiental.
Entre os achados mais surpreendentes está o impacto climático dos cães de estimação — uma das ações individuais mais subestimadas pelos participantes. A explicação é direta: cães são carnívoros que demandam proteína animal diariamente, e a produção de carne representa uma das principais fontes de gases do efeito estufa.
"As pessoas simplesmente não fazem a conexão entre pets e emissões de carbono. Posso adotar 100 coelhos e não vou gerar nem perto do impacto da dieta de um cão carnívoro", explica a pesquisadora Jiaying Zhao, da Universidade de British Columbia. O impacto da pecuária, fonte para a dieta canina, contribui com emissões de metano, desmatamento para pastagens e uso intensivo de recursos hídricos.
Labradora brasileira é campeã mundial de surfe para cães; veja fotosSegundo a pesquisa, entre as alternativas para criar pets de forma mais sustentável estão:
A pesquisa identificou quais ações têm maior impacto ambiental versus aquelas percebidas como mais importantes pelo público:
Ações de alto impacto mais subestimadas:
Ações de impacto limitado mais superestimadas:
Ações que têm impacto positivo:
Segundo os pesquisadores, três fatores explicam essas distorções:
Visibilidade das ações
Reciclagem é concreta e visível, enquanto emissões de carbono são invisíveis ao olho humano.
Frequência vs. impacto
Ações diárias, como separar os resíduos, ganham peso psicológico desproporcional comparadas a decisões menos frequentes, como viajar de avião.
Influência do marketing
Décadas de campanhas focaram em ações individuais menores, enquanto questões estruturais recebem menos atenção midiática.
Segundo a Organização da Aviação Civil Internacional, um voo econômico de ida e volta em um Boeing 737 de Nova York a Los Angeles produz mais de 590 kg de emissões por passageiro. Evitar esse único voo economiza tanto carbono quanto parar de comer carne durante um ano inteiro ou viver sem carro por mais de três meses, segundo estimativas.
As aeronaves emitem não apenas dióxido de carbono, mas também óxidos de nitrogênio e contrails (rastros de condensação) que impedem a dispersão de gases do efeito estufa para o espaço.