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Publicado em 15 de julho de 2025 às 15h29.
A menos de cinco meses da COP30, a conferência climática que será realizada em Belém, o Summit ESG da EXAME abriu sua programação com um debate sobre como o Brasil pode transformar o evento em um marco global para a ação climática. Um dos paineis destacou caminhos para consolidar a conservação da Amazônia e promover uma agenda de justiça ambiental articulada entre comunidades locais, governos e o setor privado.
Com mediação de Lia Rizzo, editora de ESG da EXAME, participaram Carolle Alarcon, da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura; Plínio Ribeiro, conselheiro da Ambipar; e Fábio Maeda, diretor do Banco da Amazônia.
Carolle Alarcon trouxe uma leitura das quatro cartas já divulgadas pela presidência da COP, que introduziram conceitos-chave. Entre eles, está o Globally Determined Contribution (GDC), novo modelo de metas agregadas por países, que busca refletir um esforço global mais coordenado — diferente do atual Nationally Determined Contribution (NDC), que depende das metas individuais de cada país.
A conversa apontou que a escolha de Belém como sede da COP30 tem peso simbólico e político. Para os painelistas, a decisão fortalece a descentralização dos fóruns internacionais e coloca a floresta amazônica no centro das discussões climáticas. “A floresta precisa ser falada por quem vive nela”, disse Ribeiro, ao defender mais visibilidade para povos indígenas e comunidades ribeirinhas.
Ela destacou também avanços em áreas como contabilidade de emissões, plano de ação de gênero e normas técnicas para adaptação climática. No entanto, afirmou que o tema de financiamento segue travado. “A gente teve avanços, mas o financiamento segue um passo muito complicado. Ainda não está concluído”, disse Carolle.
Plínio Ribeiro contextualizou a trajetória do Brasil nas negociações climáticas, desde Copenhague (2009), passando pelo Acordo de Paris (2015), até a COP 30, que será um marco na avaliação coletiva dos compromissos climáticos, chamada de Global Stocktake. “A COP 30 será o primeiro grande balanço dos resultados do Acordo de Paris, e o Brasil assume papel simbólico ao sediá-la na Amazônia”, afirmou.
Representando o setor financeiro, Fábio Maeda relatou que o Banco da Amazônia já colhe resultados práticos a partir da preparação para a COP. “Só nos últimos meses, captamos 80 milhões de euros do governo francês e estamos finalizando uma operação de US$ 100 milhões com o Banco Mundial para projetos de transição energética.”
O banco, que tem sede em Belém, concentra R$ 1 bilhão em crédito na região amazônica e quer ampliar investimentos em bioeconomia. “Estamos financiando modelos sustentáveis para gerar renda para os 30 milhões de brasileiros que vivem na Amazônia”, afirmou.
Segundo Maeda, o foco é sair da lógica de comando e controle — atualmente usada para conter o desmatamento — e avançar para um modelo baseado em incentivos, regulado por instrumentos como o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões, aprovado em 2023.
O encontro serviu como alerta e convocação: o Brasil chega à COP 30 com vitrine internacional, mas precisa entregar consistência técnica, protagonismo político e resultados concretos para transformar expectativas em legado.