Corrida: sono ruim leva a 68% de probabilidade de lesão (Franco Arland/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 13 de novembro de 2025 às 11h52.
A corrida é um esporte de alta popularidade, sobretudo entre pessoas preocupadas com a saúde. Essas mesmas pessoas também podem ser preocupadas com a sua rotina de sono, afinal, assim como a atividade física, dormir bem é essencial à saúde.
Ao combinar os dois elementos, eles se mostram mais interligados do que se poderia imaginar. Para um corredor, dormir mal pode ser tão arriscado quanto treinar demais.
Um estudo recente da University of South Australia, conduzido por Jan de Jonge e Toon W. Taris, identificou uma clara associação entre a má qualidade do sono e o risco de lesões em corredores recreativos.
A pesquisa, realizada com 425 corredores holandeses, analisou a duração, a qualidade e os problemas relacionados ao sono. A partir desses dados, os pesquisadores identificaram quatro perfis de sono: dormidores estáveis, dormidores com sono ruim, dormidores eficientes e dormidores fragmentados.
Os resultados mostraram que os corredores classificados como dormidores com sono ruim tinham 1,78 vez mais probabilidade de se lesionarem do que os dormidores estáveis. Aliás, os corredores que dormiam mal já tinham 68% de probabilidade de lesão. Ou seja, se uma pessoa com qualidade ruim de sono for correr, 2 de 3 vezes ela irá se lesionar.
Embora o estudo tenha levado em conta variáveis como idade, gênero e experiência de corrida, a associação entre sono ruim e lesão permaneceu consistente.
Os autores destacam que o sono é um fator multidimensional que influencia diretamente a recuperação muscular, o equilíbrio hormonal e o estado de alerta. Todos esses fatores são fundamentais para o desempenho e a prevenção de acidentes durante a prática esportiva.
Segundo os pesquisadores, a má qualidade do sono pode afetar tanto o corpo quanto a mente, prejudicando o tempo de reação e a capacidade de julgamento, além de reduzir a resistência física.
Isso ocorre porque o sono é um processo biológico essencial para a reparação e revitalização do organismo. Curta duração do sono, despertares noturnos frequentes e baixa eficiência do descanso estão entre os principais indicadores de sono inadequado.
Os achados reforçam evidências anteriores que apontam o sono insuficiente como fator de risco em diferentes modalidades esportivas. Estudos citados pelos autores mostram que atletas adolescentes com sono cronicamente ruim têm 1,58 vez mais chance de se machucar, e que a falta de recuperação adequada eleva o risco de sobrecarga e fadiga acumulada.
Apesar de reconhecerem limitações no desenho transversal da pesquisa — que impede afirmar uma relação de causa e efeito —, os autores defendem que a qualidade do sono deve ser incluída nas estratégias de prevenção de lesões. Intervenções que promovam melhor higiene do sono e ajustes no tempo de descanso podem ter impacto positivo na saúde e no desempenho de corredores.
O estudo conclui que o sono deve ser considerado não apenas uma ferramenta de recuperação, mas também um indicador de vulnerabilidade a lesões em esportes recreativos.