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Na-nana-naná: como um hit dos anos 1990 virou o hino do Mundial de Clubes

Música de Gala Rizzatto, lançada em 1996, voltou ao topo das playlists graças aos torcedores do Mundial de Clubes — e à força espontânea de um refrão impossível de esquecer

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 28 de junho de 2025 às 12h41.

O novo Mundial de Clubes da Fifa chega na sua fase de mata-mata marcado por encontros históricos (como Lionel Messi enfrentando seu ex clube, PSG) e por um hit inesquecível.

Esqueça a trilha oficial com arranjos modernos ou nomes pop: quem está dominando as arquibancadas e as transmissões é Freed from Desire, música lançada em 1996 pela italiana Gala Rizzatto.

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O refrão — com seus inconfundíveis “Na-nana-naná” — virou a trilha sonora espontânea da torcida, criando um hino que nenhum departamento de marketing poderia prever.

A cada jogo, a melodia ecoa pelos alto-falantes dos estádios na Flórida e contagia torcedores de todos os cantos do mundo. Vídeos com coros coletivos, comemorações e memes com a canção têm viralizado nas redes sociais, consolidando o sucesso da faixa eurodance como a trilha emocional do torneio.

O resgate pelo futebol

A trajetória de Freed from Desire é, por si só, um caso de renascimento pop.

Lançada no fim dos anos 1990, a música foi um sucesso europeu de verão, mas logo sumiu das paradas. Até que, quase duas décadas depois, torcedores do Wigan Athletic, um pequeno time inglês, reaproveitaram sua melodia para criar um canto para o atacante Will Grigg. A letra adaptada caiu no gosto do público e, em pouco tempo, a música voltou aos estádios — e ficou.

Desde então, a faixa se tornou um símbolo de comemoração esportiva.

Foi ouvida na Eurocopa de 2016, nas Olimpíadas de Paris em 2024, em torneios de tênis, de padel e até em protestos sociais.

Sua popularidade não se deve apenas à batida animada, mas também ao fato de o refrão ser facilmente replicável, independentemente do idioma — uma vantagem decisiva em eventos internacionais.

A escolha da torcida

No atual Mundial de Clubes, a canção não foi escolhida oficialmente como trilha do torneio — essa posição ficou com uma nova versão de We Will Rock You, do Queen, interpretada por Pitbull. Mas, na prática, foi Freed from Desire quem conquistou o coração dos torcedores. A música passou a tocar antes e depois das partidas, embalando vitórias e virando tema das comemorações dos times.

Mesmo clubes ausentes no torneio, como o Liverpool, se renderam recentemente à batida nostálgica. Ao conquistar a Premier League 2024/25, o clube inglês embalou a festa em Anfield ao som da música, com participação animada dos jogadores e da torcida. Em paralelo, torcedores de outras equipes vêm incorporando o hit como parte das coreografias de comemoração.

Da pista de dança à Justiça

A explosão recente da faixa reacendeu também uma discussão importante: os direitos autorais.

Apesar do sucesso duradouro, Gala passou décadas sem lucrar com a canção devido a um contrato considerado injusto, assinado no início da carreira. Morando em Nova York, enfrentou dificuldades financeiras mesmo sendo autora de um dos refrões mais reconhecíveis da cultura pop.

Nos últimos anos, porém, a artista conseguiu reverter parte da situação.

Obteve o direito de regravar a música e, com isso, recuperou controle sobre seu maior sucesso. A reconciliação com o passado foi selada quando a Fifa oficializou uma parceria com Gala, dando à nova versão de Freed from Desire um lugar especial no torneio como trilha complementar, reconhecendo sua conexão com os torcedores.

Seja no estádio, na televisão ou nos vídeos que circulam online, o refrão repetido até a exaustão virou símbolo da celebração coletiva — uma espécie de catarse pop que une torcidas rivais por alguns segundos.

E, como costuma acontecer com os grandes momentos do futebol, a música provavelmente continuará a ressoar muito depois do apito final do Mundial.

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