Impostos no Mundial de Clubes: clubes brasileiros enfrentam tributações em dois países (Riquelve Nata/Sports Press Photo/Getty Images)
Estagiária de jornalismo
Publicado em 14 de julho de 2025 às 13h43.
O Mundial de Clubes da FIFA 2025 marcou um novo patamar para o futebol internacional, não apenas pelo formato expandido com 32 equipes e premiações milionárias, mas também pelos desafios tributários enfrentados pelos clubes brasileiros. ]
De acordo com o advogado Alécio Ciaralo, com a realização do torneio nos Estados Unidos, a entrada de receitas internacionais trouxe regras fiscais específicas e impactos diferentes conforme o perfil jurídico de cada clube — seja associação civil (caso de Palmeiras, Flamengo e Fluminense) ou Sociedade Anônima do Futebol (SAF, como o Botafogo).
Durante o torneio, os clubes brasileiros conquistaram valores expressivos em premiações, mas, ao receberem estes recursos do exterior, precisam lidar com a ausência de acordo entre Brasil e Estados Unidos para evitar a dupla tributação. Isso significa que, antes mesmo do dinheiro chegar ao Brasil, há uma retenção obrigatória de imposto de renda nos EUA.
Ou seja, 30% do valor bruto recebido nos EUA é retido para pagamento de imposto de renda local.
Além disso, há alternativas de planejamento tributário: alguns clubes podem optar por estruturar um veículo empresarial nos Estados Unidos para receber a premiação. Neste caso, a alíquota pode ser reduzida para 21%, com a possibilidade de dedução de despesas relacionadas à competição, o que pode diminuir ainda mais a carga tributária efetiva. No entanto, esta estratégia depende de análise prévia e de custos-benefícios para cada instituição.
A forma como cada clube se organiza — associação civil ou SAF — também influencia diretamente na tributação incidente no Brasil, tornando o tema ainda mais relevante no contexto do campeonato e da gestão financeira dos times brasileiros.
No Brasil, a carga tributária varia conforme o modelo jurídico adotado pelo clube:
Além disso, todos os clubes, independentemente do modelo, pagam IOF sobre a remessa internacional, atualmente em torno de 1,1%.
A maior parte do imposto incidente ocorre nos Estados Unidos, com a retenção de 30% na fonte. No Brasil, apenas as SAFs pagam imposto adicional, enquanto as associações civis são isentas.
Essa diferença impacta diretamente a gestão financeira e estratégica dos clubes brasileiros.
Alécio Ciaralo, sócio da CCLA Advogados, explica que tradicionalmente, a retenção dessa premiação nos Estados Unidos é realizada sobre a alíquota de 30%. Então, todos os clubes que receberem diretamente de lá sofrem esse tipo de tributação.
A seguir, veja como ficam os encargos tributários para os principais clubes brasileiros no torneio:
Clube | Modelo Jurídico | Retenção EUA | Tributação Brasil | IOF |
---|---|---|---|---|
Palmeiras | Associação Civil | 30% | Isento | 1,1% |
Fluminense | Associação Civil | 30% | Isento | 1,1% |
Flamengo | Associação Civil | 30% | Isento | 1,1% |
Botafogo | SAF | 30% | 5% sobre receita bruta | 1,1% |
A estrutura tributária é um dos fatores que pode influenciar decisões sobre o modelo jurídico dos clubes