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Casas Bahia sente peso da dívida, mas volta a ganhar margem no 2º tri (com uma ajuda do carnê)

Pré-conversão de dívidas, varejista tem prejuízo de R$ 555 milhões; aposta no crediário turbina vendas – e sem aumento na inadimplência

A Casas Bahia encerrou o segundo trimestre com prejuízo líquido de R$ 555 milhões, contra lucro de R$ 37 milhões no mesmo período do ano passado (Exame/Exame)

A Casas Bahia encerrou o segundo trimestre com prejuízo líquido de R$ 555 milhões, contra lucro de R$ 37 milhões no mesmo período do ano passado (Exame/Exame)

Natalia Viri
Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 13 de agosto de 2025 às 22h21.

Num balanço que antecedeu a conversão de R$ 1,6 bilhão de dívidas em ações que vai trazer um alívio importante ao balanço, a Casas Bahia (BHIA3) ainda sentiu forte o peso dos juros no balanço e fechou no vermelho.  

Mas seguiu firme no plano de entregar uma melhora operacional, com ganho de market share nas lojas físicas e aumento da rentabilidade. A volta do crediário, um dos pontos fortes da operação, tem sido parte relevante do processo.  

A varejista encerrou o segundo trimestre com prejuízo líquido de R$ 555 milhões, contra lucro de R$ 37 milhões no mesmo período do ano passado.  

A comparação não é 100% justa, já que no segundo trimestre de 2024 houve um efeito contábil positivo relevante, de mais de R$ 637 milhões, por conta de uma modificação na estrutura de dívida 

Mas boa parte da pressão veio do salto dos juros de 10,5% para mais de 14%: as despesas financeiras consumiram nada menos que R$ 1,1 bilhão neste trimestre.  

Um bom alívio virá com a conversão de debêntures, que vai dar à gestora Mapa, que assumiu dívidas do Banco do Brasil e Bradesco, o controle da companhia, com 85,5% das ações. Com isso, o endividamento vai passar de R$ 4 bilhões para R$ 2,5 bilhões.  

“É um passo fundamental, mas sabemos que não resolve todos os nossos problemas. Vamos seguir trabalhando para trazer essa dívida para baixo, porque, com esses juros em que estamos, precisamos trabalhar com a alavancagem muito baixa”, afirma o CFO Elcio Ito, ao INSIGHT. 

A volta do carnê das Casas Bahia 

Sem nenhuma ‘bala de prata’ na manga, as Casas Bahia vem focando em melhorar a operação, com um ‘retorno ao básico’: foco em eletrodomésticos e linha marrom que consolidaram sua atuação.  

No segundo trimestre, a receita líquida cresceu 6%, para R$ 6,87 bilhões, a despeito do fechamento de 30 lojas nos últimos 12 meses. As vendas em lojas físicas subiram 5,8%, enquanto daquelas abertas há pelo menos um ano (same store sales) avançaram 6,7%.  

No online, o valor total das mercadorias vendidas (GMV) cresceu 10,7%, com destaque para o 3P, em que as vendas são feitas por terceiros, cujas vendas avançaram 16,2%.  

“Mesmo no marketplace, temos mantido o foco em categorias core, como eletrodomésticos, mas em produtos mais premium, que não precisamos ter em todas as lojas”, diz Ito. “É uma estratégia de otimização de capital que está dando resultados.” 

O crediário também vem ganhando participação. Houve um crescimento de 11,3% na carteira frente ao segundo trimestre de 2024, para R$ 6,2 bilhões. O financiamento via carnê – que tinha ficado mais de lado até 2023 por conta de restrições de funding – já representa 25% das vendas nas lojas físicas e 9% nos canais digitais.  

E sem comprometer a inadimplência, apesar da Selic abismal: os atrasos acima de 90 dias tiveram queda marginal de 8,5% no trimestre anterior para 8,4%.  

“Estamos sendo muito conservadores na concessão de crédito, pescando muito bem na nossa base de clientes, que é bastante grande”, afirma o CFO. A intenção, diz ele, é seguir crescendo, mas monitorando de perto os atrasos para ditar o ritmo.  

Além de ser uma fonte relevante de receita com os juros, o crediário também é um motor de crescimento nas vendas. “Tem tudo a ver com a volta ao básico, com a loja física e com nossas categorias core. O cliente da loja física é o que precisa e gosta do nosso crediário”, diz Ito.  

Orçamento base zero 

Num momento de ampla reestruturação, o controle de gastos voltou a dar o tom entre maio e junho.  

A margem bruta teve uma queda marginal, de 0,6 ponto percentual na comparação anual, para 30,1%, muito por conta do mix de vendas, com maior participação de smartphones, que tem margem menor, diz o executivo.  

As despesas, por sua vez, caíram 2,9%, para R$ 1,5 bi. Com isso, o EBITDA avançou 26,5%, para R$ 572 milhões, com avanço de 1,3 ponto percentual na margem. O fluxo de caixa livre foi de R$ 173 milhões, segundo os números reportados no balanço, alta de 88% na comparação anual.  

“É bom, mas ainda não é suficiente para pagar todo o serviço da dívida”, diz Ito.  

Com o novo controlador alinhado com a atual gestão, a ideia é continuar com o plano que vem sendo implementado desde 2023 para chegar lá.  

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