Hugh Forrest: veterano com 35 anos de SXSW e que foi o responsável por transformar o evento de um festival de música no seu início, em 1987, em um dos mais importantes festivais multidisciplinares do mundo (Julia Beverly/WireImage/Getty Images)
Editora do EXAME IN
Publicado em 17 de agosto de 2025 às 17h52.
Dos mesmos criadores do Rio2C, que se consolidou como uma megaconferência de criatividade no Rio de Janeiro, o SP2B — uma espécie de versão 011 — nasceu bebendo da fonte do South by Southwest, o evento anual no Texas que se tornou símbolo ao unir negócios, cultura, tecnologia e inovação.
A parceria com o SXSW para o evento paulista acabou não saindo do papel. Com uma reforma no principal centro de convenções em Austin, onde acontece o evento, a organização suspendeu por ora as parcerias internacionais, conta o idealizador e organizador Rafael Lazzarini, sem esconder uma pontinha de frustração.
Mas um anúncio feito hoje mostra que o espírito do South By vai estar mais presente que nunca. O SP2B trouxe para sua organização Hugh Forrest, um veterano com 35 anos de SXSW e que foi o responsável por transformar o evento de um festival de música no seu início, em 1987, em um dos mais importantes festivais multidisciplinares do mundo, reunindo tecnologia, cinema, música e cultura.
Sob sua liderança, a conferência se tornou palco para a estreia e ascensão de empresas como Twitter, Foursquare e, mais recentemente, de discussões sobre inteligência artificial, criptomoedas e mudanças climáticas.
No SP2B, ele vai ajudar a consolidar a missão de fazer o festival de oito dias ir “beyond business” — ou “além dos negócios”, como diz sua missão. A conferência vai acontecer pela primeira vez no ano, entre 9 e 16 de agosto, em diversas localizações do Parque do Ibirapuera, também com eventos paralelos na cidade.
Hoje, acontece uma premiére, numa espécie de aquecimento, que já dá uma ideia do tipo de discussão a ser fomentada, com o keynote speaker do historiador Yuval Harari, autor dos best sellers “Homo Sapiens” e “Homo Deus”.
“Uma das coisas que consolidou o SXSW foi a capacidade de fazer conexões entre pessoas e comunidades diferentes, potencializando as ideias e fazendo aflorar o melhor delas ”, diz Forrest ao INSIGHT.
O curador, que já esteve no Brasil algumas vezes, diz se sentir próximo ao país também pela grande delegação brasileira que vai a Austin todos os anos. “Os brasileiros tem muito do espírito de Austin: são criativos, gostam de pessoas, e são muito empreendedores”, afirma. Ele afirma traz sua expertise com o South By como evento, mas que o “SP2B não vai ser um SXSW brasileiro, mas sim encontrar sua própria identidade.”
Numa cidade repleta de conferências e palco dos principais eventos do Brasil, o SP2B quer se diferenciar ao abraçar o empreendedorismo de maneira mais ampla, muito além da visão de tecnologia e startups, conta Lazarini.
“Queremos fazer um evento para em que haja espaço para tecnologia, venture capital, mas não só isso. Essa comunidade já é muito bem servida”, diz.
Segundo ele, essa vai ser uma oportunidade de projetar São Paulo não só como centro financeiro, mas como polo cultural e empreendedor pulsante. A ideia é atrair também visitantes internacionais.
“Acima de tudo, com os desafios que o mundo enfrenta hoje, o SP2B quer ser um ‘wake up call’ para pensar os negócios além dos negócios.”
A tese ainda precisa ser posta em teste. Mas, se for provada, a cidade — e a comunidade de negócios cansada de eventos ‘mais do mesmo’ — agradecem.