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iFood compra 20% da CRMBonus — e pode chegar à aquisição integral por R$ 10 bi

Plataforma se torna a segunda maior acionista da empresa, em busca de avalancar sua proposta de valor com restaurantes parceiros e aumentar escopo para outros segmentos do varejo

Zolko: iFood será o segundo maior acionista, atrás apenas do CEO e fundador (CRMBonus/Divulgação)

Zolko: iFood será o segundo maior acionista, atrás apenas do CEO e fundador (CRMBonus/Divulgação)

Natalia Viri
Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 29 de julho de 2025 às 10h00.

O iFood segue com forte apetite por novas aquisições. A plataforma acaba de anunciar a compra de 20% da CRMBonus, tornando-se o segundo maior acionista que revolucionou o cashback e os programas de fidelização no varejo do país.

Trata-se de uma aposta para alavancar sua proposta de valor com restaurantes parceiros e na área de benefícios, além de aumentar seu escopo para outros segmentos do varejo.

Os valores da transação não foram anunciados, mas trata-se um upround em relação à última captação feita pela CRMBonus, no ano passado, com o Bond Capital, que avaliou a startup em R$ 2,2 bilhões, afirmaram as companhias.

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Ou seja, na prática, o iFood está desembolsando ao menos R$ 440 milhões neste primeiro momento. A transação ainda precisa da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Apesar de ter começado minoritária, a parceria pode evoluir para um casamento multibilionário — mostrando a expectativa de valor a ser criado com a transação.

Segundo fontes ouvidas pela reportagem, o contrato inclui a previsão de aquisição de 100% da CRMBonus em até três anos, por impressionantes R$ 10 bilhões, condicionados a gatilhos de resultado da startup. As empresas não comentam.

O namoro entre as duas companhias começou na forma de uma parceria comercial. O iFood é cliente da CRMBonus há pouco mais de um ano, oferecendo R$ 250 por mês para os assinantes do Clube iFood na sua plataforma de Vale Bônus, que dá uma descontos em uma série de produtos e serviços via app.

A parceria se tornou um diferencial para o iFood Benefícios, de vale-refeição e alimentação, por meio do qual todos os usuários tem acesso ao Clube e, portanto, aos descontos do Vale Bônus.

"Estamos falando de duas empresas brasileiras de tecnologia que ajudaram a redefinir seus setores. Já vimos uma demonstração disso com início de parceria e o potencial de combinar essas duas marcas para transformar a vida de consumidores e parceiros é imenso", afirma Diego Barreto, CEO do iFood.

As sinergias se tornaram ainda mais claras no iFood Pago, o “banco” dos restaurantes, que dá crédito e ferramentas de gestão para os estabelecimentos parceiros, e iniciou no ano passado sua ferramenta de cashback, em que o cliente pode ter desconto para consumir novamente no restaurante.

Foi a primeira incursão do iFood num sistema mais organizado de CRM, hoje ainda considerado muito simplista. Uma das possibilidades mais óbvias é permitir ao restaurante oferecer, além do desconto na próxima compra — um benefício mais limitado para o consumidor e que pode doer nas margens — a possibilidade de oferecer descontos para comprar em outros estabelecimentos, como aqueles que estão em volta na região.

É o que a CRMBonus chama de “Bônus Ads”, uma ferramenta que abriu uma avenida de crescimento e permitiu a atuação em setores distintos, monetizando sua base de dados.

A Azul foi uma das primeiras a usar a solução: o cliente que chega no Rio de Janeiro, por exemplo com um voo da companhia aérea logo recebe uma mensagem no Whatsapp com desconto para consumir lojas ou restaurantes na cidade. A CRM e o parceiro receberam um valor por cada “match”.

As possibilidade são inúmeras. “Com o investimento, tem muita coisa grande por vir, estou animado com o que criaremos juntos”, afirma Alexandre Zolko, CEO e cofundador da CRMBonus.

Ele cita como exemplo uma nova vertical que já estava sendo desenvolvida dentro da companhia, que sugere itens presenteáveis com base em inteligência artificial — para aniversários ou datas comemorativas — e com facilidade em delivery.

“Entendemos que essa iniciativa tem o potencial de representar para o mercado varejista o que o iFood representa para os restaurantes — pode ser algo transformacional.”

Com margens altas e já gerando caixa há algum tempo, a CRMBonus ainda estava com bolso recheado após a Series B que levantou mais de R$ 400 milhões no ano passado.

Com isso a maior parte dos recursos investidos pelo iFood vai ser usada para recomprar os investidores, que aceitaram ser diluídos de maneira proporcional.

Além da Bond Capital, o Softbank também é um acionista relevante, com um aporte de R$ 180 milhões na Series A, que avaliou a companhia em R$ 1 bi em 2021. Com a transação, apenas Zolko fica à frente do iFood no captable.

Fundada em 2017, a CRMBonus faturou R$ 250 milhões no ano passado e vem dobrando de faturamento ano a ano. A previsão já era de chegar a R$ 1 bilhão em faturamento nos próximos três anos, mesmo sem a parceria com o iFood.

Ao tudo indica, esse patamar agora pode ser atingido ainda antes.

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