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Procura-se um CEO para a Diageo. O desafio? Seu próprio MAGA: make alcohol great again

Debra Crew deixa o cargo após apenas dois anos, em mais um sinal das dificuldades do setor de destilados no pós-pandemia e em meio aos novos hábitos da Geração Z

Diageo, fabricante do gin tanqueray: CFO Nik Jhangiani vai assumir o comando interino da companhia (Tanqueray/Divulgação)

Diageo, fabricante do gin tanqueray: CFO Nik Jhangiani vai assumir o comando interino da companhia (Tanqueray/Divulgação)

Natalia Viri
Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 16 de julho de 2025 às 12h32.

Última atualização em 16 de julho de 2025 às 14h17.

A CEO da Diageo, Debra Crew, está deixando a companhia após apenas dois anos no cargo – em mais um sinal claro das dificuldades do setor de destilados no pós-pandemia e em meio aos novos hábitos de consumo da Geração Z.

Crew assumiu o comando da Diageo em junho de 2023, sucedendo Ivan Menezes, que transformou a companhia na maior fabricante de bebidas premium do mundo em sua jornada de 10 anos como CEO e faleceu abruptamente.

Seu mandato foi turbulento. A empresa registrou queda nas vendas com enfraquecimento na demanda nos Estados Unidos e na China, seus principais mercados.

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Em novembro de 2023, pouco após assumir o cargo, a Diageo também revisou para baixo suas projeções para a América Latina, prevendo uma queda de até 20% na demanda ano contra ano, alegando pressões da renda, que estavam fazendo os consumidores migrarem para bebidas mais baratas.

Na prática, havia uma pilha de estoques não vendidos no Brasil e no México que levaram a remarcações e pesaram sobre os resultados. As ações recuaram 11% naquele pregão, a maior queda diária da empresa na história.

Desde então, a Diageo vem perdendo valor e não conseguiu recuperar a confiança dos investidores, mesmo com programas de reestruturação e corte de custos.

Durante o mandato de Crew, os papéis da companhia recuaram 43% – acompanhando as quedas da mesma magnitude de concorrentes de menor porte como a Pernod Ricard.

Além da queda ne demanda, a Diageo entrou no centro nas tensões comerciais entre Estados Unidos e Europa. A companhia, baseada no Reino Unido, estima um impacto de US$ 150 milhões por ano em seus lucros devido às tarifas norte-americanas sobre bebidas alcoólicas, introduzidas pelo governo Trump.

A União Europeia já anunciou que pode retaliar, incluindo o bourbon americano em sua lista de alvos tarifários.

Por ora, o cargo está vago. A Diageo afirmou que vai buscar num novo CEO e que o processo vai considerar tanto nomes internos quanto externos. O CFO Nik Jhangiani está assumindo o cargo interinamente e, na visão de analistas, tem potencial para ascender a comando da companhia.

A grande questão é de se um novo CEO realmente vai conseguir colocar a companhia de volta à rota de crescimento.

“O setor de destilados segue problemático, e não está claro se um novo CEO conseguirá fazer muito mais enquanto o setor não melhorar”, pontou a RBC Capital Markets em relatório. “Dito isso, uma das nossas frustrações com a Diageo tem sido sua passividade.”

Em outras palavras, em meio ao tiroteio tarifário, o principal desafio do novo comandante é fazer o seu próprio MAGA: make alcohol great again.

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