Raia Drogasil: Mais assertividade de preços e poder de marcas próprias em higiene e beleza são diferenciais, diz UBS (Leandro Fonseca/Exame)
Editora do Exame INSIGHT
Publicado em 27 de outubro de 2025 às 15h48.
Última atualização em 27 de outubro de 2025 às 15h51.
O mercado está superestimando a ameaça do Mercado Livre e subestimando o efeito das vendas de Mounjaro na receita da RD Saúde, dona da Raia e da Drogasil.
A avaliação é do UBS BB, que elevou hoje sua recomendação para os papéis da companhia de ‘neutro’ para 'compra' e aumentou o preço-alvo de R$ 20 para R$ 25 – um potencial de alta de 28% até o fim do próximo ano.
O banco está mais animado que o consenso com o crescimento da receita da RD Saúde, em grande parte por conta de uma projeção mais otimista para as vendas mesmas lojas das unidades já mais maduras.
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A equipe liderada por Vinicius Strano estima um crescimento de 8,5% nesse indicador no segundo semestre deste ano, bem acima dos 4,4% da primeira metade de 2025.
Grande parte do ânimo vem dos medicamentos a base de GLP-1, as canetinhas de emagrecimento que se transformaram num fenômeno de vendas.
Nas contas do UBS BB, somente a venda do Mounjaro, que foi liberada recentemente no Brasil, deve acrescentar 2 pontos percentuais às vendas das lojas maduras. (O remédio já está somando R$ 1 bilhão em vendas trimestrais no país, com um share de 30% a 40% para a RD.)
A queda da patente do Ozempic no segundo semestre de 2026 é outro vento favorável – ainda que reduza preços, deve se traduzir em aumento relevante de volumes.
Para o próximo ano, a expectativa é de avanço de 6,9% nas vendas das lojas maduras, com uma estimativa de longo prazo de “um dígito alto”. Considerando a abertura de novas lojas, a projeção do UBS é de um crescimento de 12% no faturamento ao ano pelos próximos cinco anos.
Do lado da competição, a equipe do banco acredita que o mercado pesou a mão dos temores sobre a entrada do Mercado Livre em farmácias e vê um “risco limitado de disrupção”.
“A atual regulação para restringe vendas de medicamentos por marketplaces, e mesmo em mercado com regras mais frouxas (México, Chile, Colômbia), a penetração online de farmácias permanece baixa”, ressaltam os analistas.
Mesmo que a regulação mude, o que é provável no longo prazo, a RD deve ser capaz de defender seu share, graças a uma rede de lojas densa, alta cobertura de delivery em até uma hora e uma forte posição de marca.
O UBS também está mais otimista que o mercado em relação à dinâmica em produtos de higiene e beleza (HPC, na sigla em inglês), segmento que responde por 25% das vendas da RD e no qual a competição com o ecommerce vem cobrando seu preço nos últimos anos.
O banco reconhece a ameaça nessa categoria, mas vê espaço para uma recuperação já nos próximos trimestres, graças a uma série de ações que vem sendo tomadas pela companhia.
“Essas iniciativas incluem precificação e promoções mais direcionadas, uma redução no gap de preços entre os canais online e offline – o que pode pressionar as margens no curto prazo mas deve resultar em melhores volumes –, bem como um treinamento melhor na equipe nessa categoria e melhoras na interface no app para dar mais destaque ao segmento”, afirma Strano.
Outra vantagem da RD no segmento são suas marcas próprias, que vem crescendo consistentemente e tem margens até 14 pontos percentuais maiores de que outros itens da categoria.
As ações da RD fecharam a subir 2,5% no início do pregão, mas perderam fôlego e, por volta das 15h30, negociavam em alta de 1,17%. No ano, os papéis ainda recuam 9%.