Nada de atraso: UBS não se vê atrasado no upgrade, mesmo após forte valorização do Ibovespa (celsopupo/Thinkstock)
Redação Exame
Publicado em 23 de junho de 2025 às 17h29.
O UBS elevou a recomendação para Brasil de neutra para overweight, apostando em um longo caminho pela frente até que o valuation das ações das companhias brasileiras alcance um patamar adequado.
Essa é a explicação do banco, em relatório sobre mercados emergentes, para o upgrade, mesmo após a forte valorização do Ibovespa este ano, com o índice tocando nos maiores patamares da história.
Ainda assim, o UBS não sente que tomou uma decisão atrasada, tendo em vista que, na média, os múltiplos de Brasil ainda estão 28% da média histórica da última década.
E essa realidade não é de hoje, lembra o time de analistas. No entanto, muito desse valuation descontado é explicado pelos juros elevados.
O UBS aposta no fim do ciclo de aperto, após o Banco Central elevar a Selic em 0,25 ponto percentual na semana passada, para 15%. "Nosso time de macroeconomia vê essa alta como, provavelmente, a última desse ciclo", diz o relatório. "E espera corte de juros começando a partir de abril de 2026, com o ritmo [dos cortes] mais acelerado do que o consenso do mercado espera", diz o relatório.
Uma mudança de governo no próximo ano é outro ponto que embasou a avaliação positiva do UBS BB sobre o Brasil. "A administração Lula está enfrentando baixos índices de aprovação, o que pode indicar uma potencial mudança de regime nas eleições de 2026. Nosso time de macro acredita que uma mudança de poder para a centro-direita pode ajudar a trazer prudência fiscal - algo que o mercado de bonds (e, consequentemente, de equities) poderá gostar", afirma o banco.
Essa não é uma conclusão que o UBS tirou por conta própria. A avaliação foi feita por operadores de mercado ouvidos pelo banco.
Ainda sobre o fiscal, a equipe do banco vê chance de uma deterioração no cenário fiscal no período próximo às eleições. Mas ressalva que recentes tentativas do governo em implementar políticas expansionistas tem sido podadas pelo Congresso.
O UBS também vê o Brasil relativamente protegido em relação às tarifas internacionais, já que mais de 70% das receitas do Ibovespa vem do mercado doméstico. O banco cita a sensibilidade da economia ao preço do petróleo, dando a entender que espera uma valorização da commodity.
O UBS reconhece que o fluxo para países emergentes está errático, pois investidores avaliam impactos do novo cenário global nessas economias.