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Bitcoin despenca após corte de juros nos EUA com incerteza de Powell

Apesar da medida positiva para as criptomoedas, discurso de presidente do Federal Reserve trouxe incerteza e reprecificação dos ativos de risco

 (envato/Reprodução)

(envato/Reprodução)

Mariana Maria Silva
Mariana Maria Silva

Editora do Future of Money

Publicado em 30 de outubro de 2025 às 10h48.

Última atualização em 30 de outubro de 2025 às 11h53.

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Nesta quinta-feira, 30, o bitcoin é negociado na casa dos US$ 107 mil, apresentando queda significativa após a divulgação da decisão monetária do Federal Reserve. O Comitê Federal do Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) optou por um novo corte de 25 pontos-base na taxa de juros norte-americana. Apesar da medida ser historicamente positiva para ativos de risco como as criptomoedas, o discurso de Jerome Powell, presidente do Fed, trouxe incerteza para os mercados. Especialistas apontam um movimento de reprecificação de ativos de risco e perspectivas mistas para as principais criptomoedas no curto prazo.

No momento, o bitcoin é cotado a US$ 107.782, com queda de 4,7% nas últimas 24 horas, segundo dados do CoinMarketCap. Nos últimos trinta dias, a maior criptomoeda do mundo acumula queda de quase 5%, com chances elevadas de decepcionar investidores que tinham expectativas por um outubro de alta. Conhecido como "Uptober", o mês é historicamente positivo para o bitcoin e as criptomoedas.

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"Após atingir a máxima de US$ 116.4 mil na última segunda-feira, 27, o preço do bitcoin recuou e atingiu a mínima, até o momento desta publicação, de US$ 107.925. Essa faixa de preço trata-se de uma importante região de liquidez com demanda compradora, portanto, essa faixa de preço pode atuar como suporte de curto prazo. O suporte de médio prazo está na faixa dos US$ 105 mil. Se entrar fluxo comprador revertendo o movimento, as resistências de curto e médio prazo do preço do bitcoin estão nas regiões de liquidez dos US$ 112.5 mil e US$ 118.7 mil", disse Ana de Mattos, analista técnica e trader parceira da Ripio.

"O bitcoin inicia o dia sob forte cautela, pressionado pelo realinhamento das expectativas macroglobais. Após o corte de 25 pontos-base pelo Fed — já amplamente precificado — o discurso cauteloso de Jerome Powell trouxe incerteza sobre o ritmo futuro de afrouxamento monetário, o que levou a uma reprecificação rápida dos ativos de risco. Com a inflação persistindo em torno de 3% e o dólar retomando força, o bitcoin perdeu tração e volta a testar níveis críticos de suporte na região de US$ 110 mil", disse Guilherme Prado, country manager da Bitget no Brasil.

Repercussão do FOMC e cenário macro nos EUA

Apesar da queda imediata após o anúncio da decisão e o discurso de Jerome Powell na última quarta-feira, 29, uma decisão do Federal Reserve pode trazer otimismo para as criptomoedas no longo prazo, segundo Matheus Parizotto, analista de research da Mynt, plataforma cripto do BTG Pactual:

"O mercado cripto opera em queda nesta manhã, mesmo após o corte de juros pelo Fed. O movimento já estava precificado, mas houve um ponto positivo relevante: o banco central anunciou o fim do quantitative tightening (QT) a partir de dezembro. Desde 2022, o balanço de ativos do Fed encolheu cerca de US$ 2,4 trilhões (~26% da máxima). Encerrar essa drenagem de liquidez adiciona suporte estrutural para os criptoativos, que são especialmente sensíveis às condições de liquidez"

Rony Szuster, head de research do Mercado Bitcoin, também pontuou otimismo com o fim do "QT" nos Estados Unidos:

"O corte de juros nos Estados Unidos e o anúncio do fim do QT sinalizam um movimento gradual de flexibilização das condições financeiras. Esse ambiente tende a favorecer ativos de maior sensibilidade à liquidez, como o mercado de cripto. Ainda existe incerteza sobre um novo corte em dezembro, mas entendemos que o fim do QT é um ponto estruturalmente positivo. Para o investidor, isso reforça um cenário mais construtivo no médio prazo e abre espaço para uma retomada de fluxo para ativos digitais", disse.

"Por outro lado, o discurso de Powell elevou a incerteza de curto prazo. Ele mencionou divergência no comitê para dezembro, escassez de dados e a dificuldade de navegar durante o shutdown, levando à reprecificação da curva de juros e derrubando a probabilidade de novo corte em dezembro para abaixo de 70%", acrescentou Matheus Parizotto, analista de research da Mynt.

Além da decisão de juros da última quarta-feira, 29, o encontro entre Donald Trump e Xi Jinping também pode ter impactado os mercados financeiros.

"Já o encontro entre Donald Trump e Xi Jinping trouxe alívio apenas parcial. A tarifa de 100% não será implementada, a alíquota média sobre a China recua de 57% para 47% e houve acordo de um ano sobre exportação de terras raras. O acerto tende a estabilizar as relações, mas não resolve divergências estruturais que ainda precisam ser endereçadas para reduzir o grande déficit dos EUA com a China, que originou a disputa", disse Matheus Parizotto.

"Apesar do cenário construtivo no médio e longo prazo, no curto a volatilidade deve persistir até que os fluxos via ETFs e tesourarias corporativas melhorem ou surjam novos catalisadores claros para a classe de ativos", acrescentou.

"Mesmo com a redução da probabilidade, seguimos considerando mais provável que haja outro corte em dezembro. As mesmas condições que embasaram o corte atual tendem a permanecer, especialmente com menor divulgação de dados durante o shutdown. Assim, temos a confirmação do fim do QT e, ao mesmo tempo, um ambiente ainda favorável para novas flexibilizações adiante", disse Rony Szuster, do Mercado Bitcoin

"No geral, o quadro macroeconômico segue positivo para ativos digitais no médio prazo, embora seja natural observar movimentos mais voláteis no curto prazo diante da incerteza sobre a próxima decisão de juros", concluiu o especialista

Previsão para o bitcoin

"No campo estrutural, o avanço da institucionalização segue como um pilar importante — evidenciado pelo interesse contínuo em ETFs, incluindo novas alternativas como o de Solana com staking. Contudo, neste momento, esse fluxo atua mais como amortecedor de médio e longo prazo do que como catalisador imediato, insuficiente para neutralizar o ambiente global de aversão ao risco", disse Guilherme Prado, country manager da Bitget no Brasil.

"A faixa entre US$ 108 mil e US$ 110 mil se torna, agora, um ponto de defesa essencial. A perda desse suporte pode acelerar movimentos em direção aos US$ 105 mil, enquanto uma reação positiva abre espaço para uma recuperação rumo aos US$ 112 mil–US$ 115 mil. No curto prazo, o mercado parece focado em digestão macro e desalavancagem, sinalizando que, por ora, o conservadorismo prevalece sobre o apetite ao risco em cripto", concluiu o executivo.

Cenário atual dos mercados

"Os mercados asiáticos abriram em alta nesta quinta-feira após o Federal Reserve cortar a taxa de juros em 25 pontos-base e sinalizar que este pode ser o último corte de 2025. O otimismo também foi alimentado pelo encontro entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping na Coreia do Sul, que reacendeu esperanças de trégua comercial. A decisão do Banco do Japão é aguardada com expectativa, embora o mercado já precifique a manutenção da taxa. O dólar recuou levemente frente ao iene, enquanto o ouro subiu para US$ 3.937/onça e os rendimentos dos Treasuries atingiram máximas de três semanas", disse André Franco, CEO da Boost Research.

"O bitcoin apresenta uma expectativa de curto prazo neutra a levemente positiva. O corte de juros pelo Fed e o recuo do dólar criam um ambiente mais favorável à liquidez, o que tende a beneficiar ativos alternativos como o bitcoin. No entanto, a sinalização de que este pode ser o último corte no ano limita o impulso imediato. A atenção agora se volta para as falas do Banco do Japão e o desdobramento da reunião entre Trump e Xi Jinping, que podem trazer volatilidade adicional. A faixa provável de oscilação do bitcoin situa-se entre US$ 108 mil e US$ 113 mil, com chance de rompimento para cima caso o clima global de descompressão geopolítica e monetária se confirme. Por outro lado, falas mais duras do BoJ ou falhas no diálogo EUA-China podem levar o bitcoin de volta à faixa de suporte entre US$ 105 mil e US$ 108 mil", acrescentou.

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