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Adoção de blockchain por bancos é um 'caminho sem volta' e vai 'revolucionar' mercado, diz Inter

Em entrevista à EXAME, executivos voltados à área de ativos digitais afirmam que tokenização deve avançar mesmo com mudanças no Drex

Inter: banco acredita que tokenização seguirá avançando no Brasil (Divulgação / Assessoria)

Inter: banco acredita que tokenização seguirá avançando no Brasil (Divulgação / Assessoria)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Editor do Future of Money

Publicado em 5 de setembro de 2025 às 11h15.

Última atualização em 5 de setembro de 2025 às 12h15.

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A adoção de blockchain nos bancos é um "caminho sem volta" diante do potencial da tecnologia de "revolucionar" o mercado financeiro, e o avanço da prática de tokenização deve se intensificar mesmo com mudanças recentes no Drex anunciadas pelo Banco Central, com redução no uso de blockchain no projeto.

É o que afirmam à EXAME, Bruno Grossi, head de Digital Assets e Emerging Technologies, e João Aragão, consultor de tecnologia no Inter. Para os executivos, a tokenização de ativos - uma espécie de registro em uma rede blockchain - é uma prática que deve ganhar cada vez mais espaço, exatamente pelo potencial de ser associada a uma ampla gama de produtos e funcionalidades.

"Acho que cada banco tem a sua estratégia, visão sobre blockchain. Alguns estão mais interessados em avançar, outros menos, mas o Inter está vendo hoje como uma grande oportunidade e como um caminho sem volta para o mercado financeiro", diz Grossi.

Do Drex à tokenização

Grossi avalia que o desenvolvimento do Drex pelo Banco Central tem sido essencial para que o mercado financeiro se interesse mais pela tecnologia blockchain e explore suas possíveis aplicações. Ele acredita que a tecnologia é um "novo caminho que vai revolucionar o mercado financeiro. Já está revolucionando".

"A gente tem um mundo de DeFi [finanças descentralizadas] em que vários produtos estão sendo criados, mas hoje não estão acessíveis para a maioria da população. Se você puder trazer isso de forma mais acessível, mais aplicada e com uma educação financeira, acredito que no futuro teremos mais oportunidades para todo mundo investidor melhor", diz.

Após quatro anos na Microsoft, João Aragão chegou ao Inter em 2025 exatamente para ajudar no desenvolvimento de projetos na área. Ele ressalta que a tokenização tem uma alta replicabilidade, funcionando como um framework que pode ser aplicado em diversos segmentos.

"Cada banco tem uma visão diferente. No Inter, estamos focados nisso [blockchain]. Na questão da tokenização, tem vários projetos que estamos tocando, em ESG, de crédito de carbono, biocombustíveis do futuro, tem aplicações em recebíveis, duplicatas, commodities. As pessoas nos boards dos bancos precisam começar a entender isso, e também os executivos", defende.

Para Aragão, "existe uma oportunidade gigantesca relacionada a essa tecnologia". Ele destaca que o Drex "ajudou demais a dar esse empurrão para as pessoas começarem a acordar, mas eu ouvi em outros lugres que Drex seria bitcoin. É natural do ser humano, pela falta de conhecimento prefere não adotar algo novo, mas os maiores bancos do Brasil já pularam na frente e estão vendo isso".

O executivo acredita que a decisão do Banco Central de seguir com uma parte dos testes do Drex sem o uso de blockchain não deve reverter a decisão de bancos de investir e explorar mais o mundo cripto. "O Drex ia facilitar demais a questão da liquidação, mas nada impede de ter um mundo tokenizado e utilizar Pix, Open Finance para fazer o fluxo de liquidação", pontua.

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Grossi destaca que o Inter tem "investido pesado" no desenvolvimento interno da área de ativos digitais, já que o banco "acredita que os ativos digitais são o futuro e vão impactar muito o mercado". "Fomos pioneiros em ter uma conta digital, adotar a nuvem, e não podemos ficar para trás nisso".

Aplicações

Para o líder de tecnologias emergentes do Inter, o Drex serviu como um "grande catalisador na área de ativos digitais, de entendimento da tecnologia, com o Banco Central trazendo os bancos para mais perto, então ele veio exatamente para catalisar, evoluir e avançar várias frentes de ativos digitais, ter um entendimento mais comum entre bancos e acho que o BC ainda tem muito que avançar nessa área, e vão avançar muito".

Entretanto, ele pontua que "o principal ganho do Drex foi trazer a tokenização para um cenário central, e isso contribuiu para todos os bancos. No Inter, aproveitamos para aprender". Por isso, o banco tem testado diversas aplicações possíveis para a tecnologia blockchain.

No âmbito do piloto do Drex, o banco participou neste ano de testes envolvendo três casos de uso específicos: criação de pools de liquidez em blockchain para títulos públicos tokenizados, tokenização de recebíveis de cartão de crédito e uma iniciativa de "trade finance".

Grossi ressalta que o último caso foi "complexo", mas resume a iniciativa como "vender commodity usando o Drex como camada de liquidação". Segundo Aragão, o projeto "envolveu muito participantes. A ideia é tokenizar soja, criar uma stablecoin pareada a ela e flutuar o ativo em uma plataforma de Trade Finance. Em paralelo, tem um fluxo de pagamentos e câmbio. São dois rios, o do dinheiro e o da cadeia de suprimento".

O executivo acredita que, agora, será preciso conduzir testes no próprio Inter para entender os caminhos do projeto e como usar a tecnologia blockchain, mesmo que não necessariamente o Drex. Independente do caminho escolhido, ele ressalta que a garantia de privacidade de dados seguirá um desafio.

"Sendo uma rede pública, ou privada, tem que ter um mecanismo para resguardar em relação a quem pode enxergar o que, independente de ser Drex ou não", explica. Já João Aragão pontua que o banco também pretende explorar soluções para problemas que vão além de cripto e, apesar de não parecerem urgentes, precisam ser abordados.

É o caso da criação de algoritmos de criptografia pós-quântica, que garantam a proteção dos sistemas bancários mesmo em um cenário de expansão e avanço da computação quântica. "Os bancos precisam começar um processo de planejamento de migração, pelo menos para um híbrido entre criptografia clássica e pós-quântica. É sobre desenhar um projeto de blindar o ecossistema".

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