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Roberto Campos Neto, presidente do BC: (Ton Molina/Bloomberg via /Getty Images)
Editora do Future of Money
Publicado em 24 de setembro de 2025 às 12h16.
O Drex, projeto do Banco Central que prevê a criação de uma nova infraestrutura para as finanças digitais do Brasil, anunciou recentemente uma mudança de planos para um primeiro lançamento em 2026 sem o uso da tecnologia blockchain, antes prevista para a ser a sua base. Apesar disso, Roberto Campos Neto, ex-presidente do Banco Central e atual vice-chairman e chefe de políticas públicas do Nubank, continua otimista com a tecnologia.
Durante uma participação no evento Digital Assets Summit 2025, em São Paulo, o executivo comentou sobre as stablecoins, também conhecidas como "dólar digital" e outros ativos. Para Campos Neto, o avanço de ativos digitais como as stablecoins pode representar um problema de desintermediação de crédito para os bancos, que pode ser resolvido com o Drex:
"Token Deposits são a solução que a gente tem para esse mundo que vai ser cada vez mais digitalizado com ativos digitais, mas que você precisa ter a função de crédito do outro lado. E as stablecoins começaram a crescer primeiro em mercados emergentes, mas agora como corredor de remessas financeiras em outros lugares. E aí você tem essa segunda parte de 'desrupção', que é você estar dolarizando algumas economias que não são dolarizadas. Então quando você pega essa desintermediação de bancos, mais essa dolarização, você não só está 'desintermediando' a função crédito, você também está intermediando a política monetária", explicou Campos Neto.
O ex-presidente do Banco Central ainda comentou que as stablecoins são um "presente" para a Tesouraria dos EUA, já que a maioria dessas moedas mantém seu lastro através de reservas de títulos do Tesouro norte-americano.
"Porque o canal de política monetária funciona através do crédito, e se você tem cada vez menos a sua moeda como canal de crédito, e cada vez menos o dinheiro como depósito, você cada vez tem menos capacidade de fazer política monetária. Então isso é uma preocupação muito grande. Eu acho que vai ser, nos próximos seis meses eu vou fazer uma televisão, que vai ser o tema principal de debates no mundo de bancos centrais" disse Campos Neto durante um painel no Digital Assets Conference 2025.
"Lá em 2020, a gente já enxergava que iria ter esse problema que a gente acabou de dizer que tem hoje, que é esse programa da desintermediação dos bancos. E o Drex, na verdade, já nasce resolvendo esse problema, porque você dá a capacidade dos bancos de terem tokens de dinheiro e emitir crédito em cima desses tokens", explicou o ex-presidente do Banco Central, agora vice-chairman e chefe de políticas públicas no Nubank.
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