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Redação Exame
Publicado em 27 de setembro de 2025 às 11h00.
O corte de 0,25 ponto percentual anunciado pelo Fed em 17 de setembro de 2025 não inaugura um ciclo de euforia nos mercados de criptomoedas. A decisão foi muito mais uma manobra tática em meio a um ambiente ainda carregado de tensões financeiras do que um convite explícito ao risco. A taxa agora se encontra entre 4,00% e 4,25%, mas a redução do balanço continua em marcha. Isso significa que, embora haja algum alívio imediato, o aperto estrutural não desapareceu.
Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, deixou claro que a prioridade é administrar riscos, não estimular entusiasmo. O mercado, atento a essas ressalvas, reagiu sem grande convicção. No universo cripto, esse movimento se traduz em um vento de cauda discreto, que ajuda mas não traz euforia.
Quem realmente dá o tom do mercado hoje não é mais o investidor de varejo, e sim o dinheiro institucional. A semana anterior ao anúncio do Fed mostrou isso com clareza: só os ETFs de bitcoin nos Estados Unidos receberam cerca de US$ 2,3 bilhões em aportes, em alguns dias superando US$ 600 milhões. Esse fluxo recorrente é a principal âncora do preço do bitcoin, sustentando o ativo em níveis elevados mesmo diante da volatilidade.
O recado é simples: enquanto esse dinheiro continuar entrando, o piso do bitcoin se mantém firme; se parar, a realidade volta a pesar.
Outro indicador relevante vem das stablecoins. O valor de mercado agregado dessas moedas está próximo de US$ 290 bilhões e segue crescendo. Na prática, cada dólar emitido em stablecoin funciona como munição para novos aportes no mercado spot e em contratos perpétuos. Não é uma regra exata, mas historicamente mais stablecoin circulando antecipa mais atividade e maior apetite por risco.
É um sinal de que a liquidez, mesmo num ambiente de cautela, ainda encontra caminhos dentro do ecossistema cripto.
Para o bitcoin, a equação se torna clara. A queda gradual dos juros reais, somada ao apetite institucional pelos ETFs, fortalece a narrativa de que a moeda digital funciona como reserva apolítica e acessível. Esse discurso ganha cada vez mais espaço entre gestores que precisam justificar suas decisões com mandatos regulatórios e liquidez diária.
O contraponto, no entanto, é o aperto contínuo do Fed via redução do balanço. Essa drenagem impede que o ambiente de liquidez volte ao patamar exuberante de 2021, impondo um ritmo de alta mais lento, intercalado por correções quando o fluxo perde força.
O caso do ether é menos emocional e mais pragmático. Após a atualização Dencun, as taxas de segunda camada caíram, o que favoreceu a adoção, mas reduziu o volume queimado e tornou a emissão de ether ocasionalmente inflacionária. Isso não destrói a tese do ativo, apenas desloca a dependência para outros fatores: uso real da rede, consistência dos ETFs e retomada da atividade on-chain.
Diferente do bitcoin, o fluxo para os ETFs de ether é mais errático, com entradas e saídas intercaladas, o que explica por que o ETHUSD segue relativamente mais frágil em comparação ao bitcoin.
No meio desse cenário, a regulação também mexeu no tabuleiro. A Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) abriu caminho para a listagem de ETFs de outros criptoativos além de bitcoin e ether, eliminando parte da burocracia e acelerando prazos.
Essa mudança amplia o leque de produtos disponíveis para o capital institucional, ainda que nem todos os ativos tenham substância suficiente para justificar um ETF. Para bitcoin e ether, o impacto indireto é positivo: reforça a percepção de que o setor entrou de vez na prateleira de ativos regulados e, portanto, legitimados para o investidor tradicional.
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