Patrocínio:
Members of the Syrian community wave Syrian flags on December 8, 2024 in Berlin, Germany, and celebrate the end of Syrian dictator Bashar al-Assad's rule after rebel fighters took control of the Syrian capital Damascus overnight. Islamist-led rebels toppled Syria's longtime ruler Bashar al-Assad in a lightning offensive that a UN envoy called "a watershed moment" for the nation marred by civil war. (Photo by RALF HIRSCHBERGER / AFP) (RALF HIRSCHBERGER / AFP/AFP)
Especialista em criptoativos
Publicado em 21 de junho de 2025 às 11h09.
O mundo entrou em uma fase na qual as tréguas para o investidor ficaram raras. No tabuleiro da geopolítica, o novo conflito entre Israel e Irã já movimenta potências como EUA, Rússia e China, e reacende o alerta sobre o risco de uma guerra maior, como alguns analistas vêm sugerindo.
Com o petróleo disparando 13% e a inflação ainda pressionando nos EUA, o cenário global continua instável e naturalmente reduz o apetite ao risco.
Em momentos como esse, o histórico do bitcoin sempre foi de quedas significativas. Em 2024, quando aconteceu um ataque semelhante de Israel ao Irã, o preço da moeda desvalorizou em mais de 10%.
Desta vez, a situação se repetiu no noticiário, mas a reação do bitcoin foi mais amena. Desde que rompeu os US$ 100 mil, o ativo tem mostrado uma estabilidade praticamente inédita. Mesmo com o globo pegando fogo, ele segue neste momento na faixa dos US$ 104 mil — distante só 6% do seu recorde histórico.
Como era esperado, o sentimento do mercado deu uma recuada, mas mostra resiliência. O Índice de Medo e Ganância tem oscilado entre neutro e ganância, deixando claro que, apesar das tensões, o clima ainda é construtivo.
Mas, afinal, por que o bitcoin não só resiste, como segue avançando mesmo diante de tanto ruído?
Em ciclos anteriores, o mercado era dominado pelo varejo, ou seja, mais propenso a reações impulsivas e vendas em pânico. Hoje, o quadro é outro. O protagonismo passou para as mãos dos grandes players.
A gente tem visto o movimento massivo de institucionais: fundos bilionários, gestoras de patrimônio e empresas de tecnologia incorporaram o bitcoin em seus balanços e estratégias de longo prazo.
Os dados mais recentes mostram que os ETFs de bitcoin à vista nos EUA completaram oito dias consecutivos de entradas líquidas até a última quarta-feira, 18, quando registraram um influxo positivo de US$ 389,57 milhões.
Veja no gráfico abaixo do SoSoValue.
Além disso, instituições como Strategy (ex‑MicroStrategy), nos EUA, Metaplanet e Remixpoint, no Japão, e The Blockchain Group (TBG), na França, multiplicaram suas apostas na moeda.
Os ETFs de ether também seguem em alta: registraram quase US$ 580 milhões em entradas líquidas nas últimas duas semanas.
Esse capital de peso não chegou para especular e sumir. Ele permanece no mercado, fortalecendo a resistência do bitcoin mesmo quando o restante do setor vacila.
Quem está vendendo com força no momento são investidores de curto e médio prazo, menos experientes e receosos diante da escalada dos conflitos.
Tradicionalmente, em momentos de crise, o investidor buscava o ouro para se proteger. Em 2025, a narrativa mostra que o bitcoin vem assumindo essa função de ativo de refúgio.
A desvalorização do dólar, resultado das tarifas comerciais dos EUA e das pressões inflacionárias, levou muitos a buscarem ativos fora do radar das políticas monetárias.
Enquanto moedas fiduciárias sem lastro e estímulos ilimitados acabam com o poder de compra, o bitcoin mantém a oferta fixa de 21 milhões de unidades e se consolida como reserva de valor.
Assim, a criptomoeda passou de ativo de especulação a integrante estratégico dos portfólios mais tradicionais.
O conflito entre Israel e Irã esquentou mais uma vez a geopolítica. É compreensível que notícias de guerra acionem o “modo pânico” nos mercados, gerando saídas de posições de maior risco.
Em ciclos passados, o bitcoin chegou a perder entre 10% e 20% do valor em crises parecidas. Desta vez, após uma semana de aumento das hostilidades e uma correção inicial, ele se estabilizou acima dos US$ 104 mil, recuperando parte das perdas.
Na reunião de quarta-feira, 18, o Fed manteve os juros e projeta dois cortes para este ano. Ao mesmo tempo, revisou a estimativa de inflação de 2,8% para 3,1% e o crescimento do PIB de 1,7% para 1,4%. Jerome Powell usou um tom mais cauteloso, dizendo que os impactos das tensões no Oriente Médio devem ser limitados no longo prazo.
Investidores de curto e médio prazo estão realizando lucros, mas a demanda segue absorvendo a oferta. Nessa dinâmica, os analistas veem mais espaço para valorização.
O resultado é um bitcoin que, em vez de afundar, está passando pela crise de cabeça erguida, mostrando que aguenta firme mesmo em momentos de alta tensão.
Ciclo atual vs. ciclos passados: o que mudou?
2017/2018: explosão dos ICOs (os “IPOs” cripto) e muita especulação.
2020/2021: NFT mania, boom do DeFi, Tesla e MicroStrategy como pioneiros institucionais.
2024/2025: consolidação dos ETFs à vista, liderança política pró‑cripto, ingresso de grandes fundos e foco em valor de longo prazo.
O grande diferencial desta temporada é a combinação de fluxo institucional recorde, ambiente regulatório mais claro e uma narrativa de hedge muito mais consolidada.
Acredito que seguimos rumo aos US$ 115 mil/US$120 mil, mas não faltam aqueles que apostam no tão sonhado US$150 mil.
Parece também que o patamar dos US$ 100 mil deixou de ser teto e virou piso.
Os fluxos positivos de ETF devem continuar. Podem, inclusive, ganhar tração com a aprovação de novos fundos negociados em bolsa para outras criptos, como Solana e XRP.
Geopolítica e inflação seguem alimentando a tese de reserva de valor.
Se o dólar enfraquecer ou se a incerteza global se prolongar, o bitcoin consolida seu status como ouro digital, ganhando mais relevância e preço.
Mas não podemos subestimar possíveis revezes. Mesmo com o bitcoin entrando em uma nova era de maturidade, o quadro global ainda é preocupante e precisamos estar atentos.
Preservar o capital é o mais inteligente a se fazer em meio às incertezas. Dá para agir com otimismo, mas sem nunca abandonar a cautela.
Ciclos passados ensinaram que, em meio ao medo, quem mantém a convicção e aproveita as correções costuma colher os melhores frutos.
Agora, o desafio é entender que este bull market tem características peculiares e, ao dominar essa nova realidade, você estará mais bem posicionado para surfar as próximas ondas de valorização.
Siga o Future of Money nas redes sociais: Instagram | X | YouTube | Telegram | Tik Tok