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Bitcoin: dívida pública dos EUA favorece criptomoeda (Reprodução/Reprodução)
Editor do Future of Money
Publicado em 11 de julho de 2025 às 11h45.
Em janeiro de 2009, um novo ativo foi proposto e lançado no mercado como uma alternativa ao sistema financeiro que havia entrado em crise um ano antes, ao crescente endividamento de países e ao fim do "padrão ouro" encerrado em Bretton Woods em 1944. Quase 15 anos depois, o bitcoin parece estar cada vez mais próximo de concretizar essa promessa.
A criptomoeda já é o sexto ativo mais valioso do mundo, saindo do zero para mais de US$ 116 mil por unidade, mas durante muitos anos sua valorização foi gerada principalmente por movimentos especulativos no mercado. Hoje, aqueles que apostaram desde o início no potencial da criptomoeda como uma reserva de valor já começam a dizer um "eu avisei" com mais propriedade.
Os defensores do bitcoin afirmam que ele é um "ouro digital", contendo uma escassez programada que o aproxima da mais antiga reserva de valor do mundo. E, ainda, conta com características que o tornam ideal para uma era digital, em que investidores buscam segurança, mas também agilidade e simplicidade.
E a escalada da dívida pública da maior economia do mundo pode estar tornando essa ideia uma realidade.
O problema da dívida pública crescente nos Estados Unidos não é uma novidade. Na verdade, todos os presidentes do país nas últimas décadas contribuíram para a sua expansão, seja Democrata ou Republicano. Mas, desde a crise de 2008 e especialmente após a pandemia de Covid-19, essa escalada atingiu um novo ritmo preocupante.
Matheus Parizotto, analista da Mynt, plataforma cripto do BTG Pactual, aponta um "aumento acelerado da dívida norte-americana". Dados do Federal Reserve apontam que, em 2020, ela estava na casa dos US$ 23 trilhões. Cinco anos depois, ela superou os US$ 36 trilhões. Há poucos meses, havia inclusive a discussão sobre um risco de calote pelo país.
Evolução da dívida pública dos EUA desde 1966 (Federal Reserve/Reprodução/Reprodução)
O analista afirma que o tema "tem se tornado uma preocupação crescente nos últimos anos". E, apesar das promessas, o governo Trump deve manter a tradição dos antecessores: "Só o novo projeto aprovado recentemente pelo governo Trump, o 'One Big Beautiful Bill', deve adicionar cerca de US$ 2,8 trilhões ao déficit federal até 2034, segundo o Congressional Budget Office."
"Isso sem considerar outros gastos já programados pelo governo. Atualmente, apenas em juros da dívida, os Estados Unidos já gastam cerca de US$ 1 trilhão por ano, o que gera questionamentos cada vez maiores sobre a sustentabilidade dessa dívida", ressalta Parizotto.
Juros pagos pelo governo dos Estados Unidos (Federal Reserve/Reprodução/Reprodução)
É importante destacar que os Estados Unidos estão longe de ser a única grande economia do mundo com níveis crescentes e preocupantes de endividamento público. China, União Europeia, Japão. O "fantasma" da dívida pública é uma presença comum entre os países. Mas o novo nível no qual os EUA chegaram é novidade, e uma novidade ruim.
O mercado tem mostrado cada vez mais uma dúvida sobre quais serão os próximos passos do governo norte-americano. Como resultado, "essa incerteza fiscal já vem impactando diretamente o comportamento dos investidores e até mesmo dos governos estrangeiros. Grandes detentores tradicionais dos títulos americanos, como Japão e China, vem gradualmente reduzindo suas posições", comenta Parizotto.
O analista da Mynt destaca que "ao mesmo tempo, bancos centrais pelo mundo vêm ampliando suas reservas em ouro, buscando maior segurança e proteção diante da instabilidade". Ou seja, a incerteza em relação aos EUA afasta países do dólar e os aproxima do ouro, a reserva tradicional.
E é "exatamente nesse contexto que o bitcoin vem ganhando relevância", explica Parizotto. "Considerado por muitos investidores como uma espécie de 'ouro digital' pela sua escassez e independência em relação a decisões políticas e fiscais, ele começa a ser visto como uma alternativa viável contra essas incertezas".
"A BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, já adota justamente essa tese para defender o bitcoin, apontando o ativo como proteção eficaz diante de turbulências monetárias, políticas e fiscais globais", ressalta. E, no mercado financeiro, uma tese respaldada que tem um número suficientemente grande de agentes tende a se confirmar como realidade.
Por isso, o analista diz que "o bitcoin tem potencial para ser um dos grandes beneficiados [da dívida crescente dos Estados Unidos], atraindo uma parcela crescente dos recursos que hoje buscam refúgio em ativos alternativos, em um contexto fiscal que oferece condições únicas para consolidar sua posição como reserva estratégica no sistema financeiro global".
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