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(Heitor Pinheiro/Divulgação)
Repórter do Future of Money
Publicado em 11 de junho de 2025 às 14h40.
Na última terça-feira, 10, André Portilho, head de Digital Assets e sócio do BTG Pactual participou da Febraban Tech. Durante um dos painéis do evento, o executivo compartilhou suas perspectivas para o futuro do dinheiro e da indústria financeira. Para ele, esse futuro envolve a tecnologia blockchain e tokenização.
Integrando iniciativas não apenas no BTG Pactual, mas em outros grandes nomes como a BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, o blockchain e a tokenização ganharam a atenção das finanças tradicionais. Essa integração faz parte de uma “nova fase da evolução do dinheiro”, segundo Portilho, e trará oportunidades diversas para quem souber aproveitá-las.
“A evolução é muito clara: a indústria financeira vai ser tokenizada e o dinheiro também. Isso vai mudar bastante a forma que empresas, governos e usuários vão interagir com o dinheiro e investimentos. As coisas vão continuar acelerando. À medida que você digitaliza as coisas, você as traz para o blockchain, faz com que tudo aconteça mais rápido, trazendo uma nova dinâmica e muitos desafios novos, de negócio, segurança e privacidade”, disse ele no painel “A economia tokenizada avança: o que está em jogo com o avanço das stablecoins?” na trilha “on-chain e a próxima fronteira dos ativos digitais” na Febraban Tech 2025.
Apesar disso, o executivo afirmou “não gostar” das palavras “disrupção e revolução”, muito utilizadas para falar dos impactos da tecnologia blockchain nas finanças. Para ele, o universo financeiro precisa e passa por mudanças, mas elas precisam ser feitas com cuidado.
“Sem dúvida nenhuma estamos vivendo uma nova fase nessa evolução do dinheiro, que está muito acelerada diga-se de passagem. Não gosto muito das palavras disrupção e revolução quando estamos lidando com indústria financeira, investimento e dinheiro, porque geralmente essas coisas não combinam. Estamos falando da vida das pessoas, do investimento delas, da aposentadoria. Temos que ter certa maturidade e essa evolução, não diria lenta, mas precisa ser feita com os devidos cuidados. Tudo o que podemos trazer em termos de programabilidade com essa tecnologia nova tem muito impacto, não só no mercado de crédito, mas em todos os mercados”, disse ele.
O mesmo vale para o Drex, projeto que pretende viabilizar uma nova infrestrutura digital para as finanças brasileiras através de uma moeda digital de banco central (CBDC, na sigla em inglês). Em desenvolvimento pelo Banco Central do Brasil e uma série de empresas, o projeto-piloto enfrenta entraves que envolvem a privacidade e segurança, por exemplo.
“Estamos lidando com dinheiro. A galera de startup gosta do lema ‘move fast and break things’, que diz para se mover rápido e quebrar coisas. Com dinheiro não pode ser assim. Se você tenta abrir o seu Spotify e ele não está funcionando, tudo bem, você vai abrir outro serviço e conseguir escutar a sua música. Agora se você abre o aplicativo de banco ou corretora e o seu saldo foi para zero, o negócio é um pouco diferente”, disse.
“Então é necessário ter segurança e privacidade, e a solução da tecnologia do Drex ainda está em desenvolvimento e é um processo normal. Agora, toda vez que você tem uma tecnologia bacana, tem capital e gente boa trabalhando, na minha experiência, 100% das vezes em que isso aconteceu eu saí do outro lado com uma solução que funcionasse. Pode demorar mais, pode demorar menos, mas sempre acontece. O Drex está nesse momento”, acrescentou.
“A provocação que fica é: você que está no mercado financeiro vai acompanhar, eventualmente incorporar essa tecnologia e aproveitar a oportunidade, seja em carreira ou modelos de negócio. Mas uma coisa é certa, quem não acompanhar essa evolução vai ficar para trás. É só a gente lembrar há 30 ou 40 anos atrás, quem não acompanhou a evolução da internet ficou completamente para trás, vocês lembram como funcionavam os meios de comunicação naquela época. O mesmo vai acontecer com a indústria financeira nos próximos anos. Mas é isso, as oportunidades são muitas”, disse Portilho.
As perspectivas de especialistas para a tokenização não poderiam ser mais otimistas. Um relatório do Boston Consulting Group e da Ripple de 2025 afirmou que a tokenização de ativos vai criar um mercado de US$ 19 trilhões até 2033.
Para a Deloitte, apenas a tokenização de imóveis deve criar um mercado de US$ 4 trilhões até 2035. Em mercados emergentes, a tecnologia blockchain e tokenização podem liberar US$ 4,6 trilhões, segundo o Valor Capital Group.
Durante o painel da Febraban Tech 2025, o executivo deu exemplos de sua experiência com a tecnologia blockchain, tokenização e seus benefícios para o universo das finanças. Desde 2017, o BTG Pactual estuda a tecnologia e foi pioneiro em 2019, quando lançou o primeiro security token emitido por um banco.
O ReitBZ tinha lastro em uma carteira de imóveis recuperados e pagou três ciclos de distribuição de dividendos que totalizaram aproximadamente R$ 4 milhões. A captação inicial do projeto foi de R$ 23 milhões, segundo o BTG. O projeto foi encerrado em 2023 com rendimento de 137,5% do CDI.
“Não vou dizer todo, mas mais da metade do processo operacional desse produto estava dentro de um contrato inteligente e estávamos nos beneficiando de toda essa programabilidade. Foi um processo muito simples, mas só de você tokenizar o pagamento de dividendos, sua gestão de quem está de acordo com o compliance, quem está com o cadastro atualizado e elegível... tudo isso dentro de um contrato inteligente já oferece ganhos absurdos dentro do processo que você tem que fazer dentro de qualquer instituição financeira”, explicou Portilho.
“Quando você traz isso para outros ativos, como crédito, dependendo do produto ele é bem complexo. E se você conseguir trazer programabilidade para isso, é ganhar mais eficiência dentro da sua operação. Futuramente, quando tudo estiver nativamente tokenizado, você também vai poder conseguir trazer esses ganhos para a ponta do consumidor, eventualmente ter um spread mais barato, um acesso mais rápido, etc”, acrescentou.
“Além disso, quando essa programabilidade segue protocolos e padrões comuns à rede, não é mais o BTG com um padrão dentro do banco dele e o Marcel no Bradesco. Todo mundo vai falar a mesma língua. Quando você combina tudo isso, eu não consigo imaginar um mundo diferente do que você ter uma diversidade de produtos maior, produtos mais baratos, mais acessíveis, que no final das contas é o que a tecnologia faz”, concluiu.
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