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Editor do Future of Money
Publicado em 25 de junho de 2025 às 11h55.
O BIS (Bank of International Settlements, em inglês) divulgou um relatório na última terça-feira, 24, em que afirma que as stablecoins ainda não podem ser classificadas como um dinheiro de verdade. Também conhecida como "Banco Central dos bancos centrais", a instituição disse que essas criptomoedas não passaram nos principais testes que determinam as características monetárias de um ativo.
O relatório, intitulado "A próxima geração do sistema financeiro e monetário", analisa tanto as stablecoins quanto a tokenização de ativos. No caso da tokenização, o processo é descrito como uma "inovação transformadora para aprimorar o antigo e viabilizar o novo".
"Ela abre caminho para novos arranjos em pagamentos internacionais, mercados de valores mobiliários e muito mais. Plataformas tokenizadas com reservas do banco central, moeda de banco comercial e títulos do governo podem lançar as bases para o sistema monetário e financeiro da próxima geração", afirma a instituição.
A tokenização é o mesmo processo que dá origem às stablecoins. Os ativos são criptomoedas pareadas a outros ativos, em geral moedas fiduciárias. As principais stablecoins do segmento são as pareadas ao dólar, caso da USDT e da USDC.
As stablecoins tiveram um forte crescimento de popularidade, uso e atenção do mercado nos últimos anos, mas o BIS diz que o papel delas no futuro do sistema monetário "ainda está em aberto". "As stablecoins foram criadas para ser um portal de entrada no ecossistema cripto", destaca.
O relatório pontua que esses ativos "prometem valor estável em relação às moedas fiduciárias enquanto operam em blockchains públicos. Como meio de transação no ecossistema cripto, e devido em parte ao seu mecanismo de lastro, elas exibem alguns atributos de dinheiro".
O BIS reconhece um potencial na classe de ativos, mas avalia que elas ainda "não atendem aos requisitos para serem o pilar do sistema monetário quando comparadas aos três principais testes de unicidade, elasticidade e integridade".
A instituição criticou a falta de um sistema de liquidação que moedas fiduciárias encontram nos bancos centrais e comparou essas criptomoedas a notas bancárias privadas que eram emitidas no século 19. Para o BIS, as stablecoins "geram uma série de preocupações".
"Existe uma tensão inerente entre a promessa de sempre oferecer conversibilidade nominal e a necessidade de um modelo de negócios lucrativo que envolva liquidez ou risco de crédito", diz o BIS.
O relatório afirma ainda que "a perda de soberania monetária e a fuga de capitais são grandes preocupações, particularmente para economias de mercados emergentes e em desenvolvimento. Se as stablecoins continuarem a crescer, elas poderão representar riscos à estabilidade financeira, incluindo o risco de vendas antecipadas de ativos seguros".
"Por fim, as stablecoins emitidas por bancos podem introduzir novos riscos, dependendo de seus arranjos legais e de governança – um assunto em debate contínuo. Embora o papel futuro das stablecoins permaneça incerto, seu fraco desempenho nos três testes sugere que elas podem, na melhor das hipóteses, desempenhar um papel subsidiário", conclui o BIS.
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