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Tecnologia à prova de futuro? Os desafios da interoperabilidade em blockchain

A estrutura de qualquer sistema digital deve ser construída com a capacidade de se integrar. Não somente por uma razão técnica, mas como uma escolha de autonomia, eficácia e competitividade

A digital map of the earth and huge network. (City Lights 2012 - Flat map -https://images.nasa.gov/details-GSFC_20171208_Archive_e001589 - Softwar:3dsMax, Adobe After Effects, and Photoshop) (Getty Images/Reprodução)

A digital map of the earth and huge network. (City Lights 2012 - Flat map -https://images.nasa.gov/details-GSFC_20171208_Archive_e001589 - Softwar:3dsMax, Adobe After Effects, and Photoshop) (Getty Images/Reprodução)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 5 de julho de 2025 às 10h00.

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 Por Gustavo Massena*

As tecnologias de blockchain, antes vistas com desconfiança, agora ganham destaque na criação de um novo mercado: mais ágil, descentralizado e com menos obstáculos para a movimentação de dinheiro e investimentos globais. As CBDCs (moedas digitais dos bancos centrais) são um dos primeiros passos nesse caminho — e, no Brasil, isso se concretiza no Drex.

O Drex é a nova plataforma digital de pagamentos do Banco Central. Um sistema criado para facilitar a representação digital de ativos e a automatização de transações por meio de contratos inteligentes. Assim como o Pix revolucionou as transações do dia a dia, o Drex tem o potencial de modernizar a infraestrutura do sistema financeiro.

No entanto, como toda grande inovação, ele também revela desafios — e o principal deles pode ser a compatibilidade entre diferentes sistemas.

Na prática, um carro financiado pode estar registrado em um sistema digitalizado de um banco A, com garantia compartilhada por uma seguradora B e financiado por uma cooperativa C — enquanto a transação é realizada dentro do sistema do Banco Central. Isso já é complicado por envolver diversos participantes.

Mas a situação se torna ainda mais complexa quando percebemos que cada um desses participantes pode usar estruturas e tecnologias diferentes — incluindo blockchains diferentes, com suas próprias regras de funcionamento e segurança.

O que deveria ser automático e fácil pode se tornar um obstáculo técnico, legal e burocrático, simplesmente porque os sistemas não foram planejados para se comunicar entre si. E, à medida que a economia digital avança, esse cenário se agrava: empresas, bancos, governos e pessoas físicas vão adotar soluções diferentes, em redes públicas, privadas ou mistas, criando uma rede de sistemas interligados que só funcionarão se forem, desde o início, compatíveis por padrão.

É nesse ponto que a modelagem se torna fundamental. Mais do que uma simples decisão técnica, ela define a capacidade de um país ou organização de se adaptar, inovar e manter sua autonomia. A questão não é mais se o sistema é forte ou seguro — mas sim se ele está preparado para interagir com o futuro.

Uma modelagem preparada para o futuro é aquela que consegue absorver novas tecnologias, integrar-se a ambientes dinâmicos e evitar a criação de sistemas antigos que nos atrasem no futuro.

Ademais, uma estrutura com capacidade de interação possibilita também o tratamento de variadas maneiras de preservar a privacidade — algo de grande importância em qualquer sistema financeiro estatal. No caso do Drex, por exemplo, diferentes graus de confidencialidade e permissão de acesso podem ser aplicados em níveis distintos, seguindo tanto as leis do país quanto os ideais de autonomia e regularidade.

Em outras palavras, não é preciso optar entre o controle do governo e o progresso tecnológico: com a estrutura adequada, é viável harmonizar privacidade, clareza e segurança jurídica dentro de um mesmo sistema.

Neste cenário, a interoperabilidade se assemelha a uma língua franca. Atualmente, blockchains e sistemas financeiros usam linguagens diferentes. Ainda não existe um “padrão global” para as operações digitais. Neste contexto, soluções aptas a funcionar como tradutores automáticos — entre blockchains, plataformas e sistemas antigos — são essenciais para que a inovação realmente se concretize.

Estamos caminhando para um mundo onde tudo poderá ser convertido em token: casas, carros, documentos, garantias, financiamentos, bens ambientais. E tudo isso transitará por sistemas variados, funcionando ao mesmo tempo. Simplificando, presenciaremos sistemas dentro de sistemas — e somente uma infraestrutura robusta e com uma arquitetura sofisticada conseguirá lidar com essa complexidade.

Em última análise, a interoperabilidade não é apenas algo bom de se ter. É uma necessidade fundamental. A estrutura de qualquer sistema digital — seja ele público como o Drex, seja ele empresarial ou de mercado — deve ser construída com a capacidade de se integrar. Não somente por uma razão técnica, mas como uma escolha de autonomia, eficácia e competitividade.

O Brasil tem a chance de conduzir essa mudança, desde que implemente estruturas flexíveis, expansíveis e interoperáveis — genuinamente prontas para um futuro onde a única certeza será a transformação contínua.

*Gustavo Massena é executivo e Business Developer da Polkadot com mais de 10 anos de experiência na liderança de projetos de inovação e desenvolvimento de ecossistemas na Latam. É sócio do grupo TEMPLO, que já criou coworkings, apoiou dezenas de startups e fundou suas próprias e atualmente é empresa focada em educação corporativa em IA, tendo em seu portifólio de consultoria empresas como Merz, Icatu, TIM, Santander, Globo, BR Malls, Arezzo&Co, entre outras. É cofundador do BIOS, o maior laboratório de inteligência artificial aplicada do Brasil, com mais de 40 pesquisas e 100 pesquisadores. Desde 2021, atua na expansão da Polkadot no Brasil, conduzindo projetos estratégicos com o Banco Central, São Paulo, El Dorado, UFRJ, entre outras para promover a adoção da Web3 no país.

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